Vereadores, representantes do Hospital São Vicente de Paulo, do Grupo de Trabalho em prol de Mafra, secretário do Desenvolvimento Regional e gerente Regional de Saúde, comunidade e imprensa estiveram reunidos no final da tarde de segunda-feira na Casa Legislativa de Mafra, para debater sobre a necessidade e viabilidade de referenciar o Hospital São Vicente nos serviços de alta complexidade em ortopedia/traumatologia e neurocirurgia.
Agendada pelo presidente da Câmara, Vicente Saliba, o mesmo foi enfático ao afirmar que a reunião não teve cunho político nem intenção de ingerência na Prefeitura Municipal e sim debater sobre a possibilidade e viabilidade de reverter a situação que teria definido por ser o hospital de Canoinhas o mais capacitado para receber tais serviços de alta complexidade, que contarão com recursos dos Governos Estadual e Federal tanto para a instituição hospitalar quanto para o Município sede da referenciação, ‘decisão’ que contou com o voto do secretário de Saúde de Mafra e atual presidente da Comissão Intergestores Municipal CIR, Tadeu David Geronasso, estranhamente contra a implantação dos serviços em Mafra.
O administrador do HSVP, Dario Clair Staczuk fez rápida apresentação dos investimentos efetuados desde o ano de 1999, quando dentro de um plano de planejamento estratégico já se havia definido buscar a referenciação do Município em média e alta complexidade, com recursos sendo aplicados até o corrente ano, quer seja com injeção de dinheiro do Hospital e Governos Federal e Estadual.
Lembrando aqui que a indicação do secretário de Saúde por Canoinhas foi uma denúncia do jornal Gazeta de Riomafra, um dos assuntos levantados durante o encontro foi reunião realizada no Gabinete do prefeito Eto Scholze, contando com a presença também do secretário Municipal onde, após verificada a polêmica lançada e a indignação da sociedade, prefeito e secretário optaram pela anulação da reunião do dia 01 de abril – quando da votação, tendo em vista que a mesma não constava da pauta.
Indagada sobre a viabilidade de anulação da referida reunião para que nova votação seja procedida a gerente Regional de Saúde da 25ª SDR, Joice Cristina Cavalheiro Hanisch – que lembrou ter a votação em pauta se dado em última hora por iniciativa do próprio secretário Tadeu Geronasso, disse que é possível sim a anulação da votação e agendamento de outra com anúncio de pauta aos treze secretários de Saúde e as duas Gerências de Saúde que compõem a CIR. Ela destacou, na presença também do secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Wellington Bielecki, que em todas as votações já havidas para que a alta complexidade seja referenciada em Mafra, votou sim a favor de Mafra e que se nova votação for realizada também assim procederá.
Para a reunião onde foi realizada a votação sem prévio agendamento, dos municípios da 25ª SDR somente se fizeram presentes os secretários de Saúde de Campo Alegre, São Bento do Sul e Mafra.
A localização geográfica e estratégica do Hospital São Vicente de Paulo e os investimentos já realizados para estruturar o mesmo para prestação de serviços de atendimento em alta complexidade também foi bastante discutida durante a reunião, com ênfase também ao fato de que o serviço credenciado não terá o custeio feito exclusivamente pelo Município gerando muitos custos conforme anunciado pelo secretário Geronasso, já que com tal credenciamento os Governos Federal e Estadual. “Muitos serviços hoje realizados em Mafra somente com custeio do próprio Município receberão investimentos federais e estaduais”, destacou o administrador do Hospital, Dario Clair Staczuk.
Indagado sobre interesse ou não do Hospital de Mafra prestar estes serviços Staczuk destacou que até por uma questão de sobrevivência o São Vicente quer prestar estes atendimentos, destacando que “os hospitais que não tiverem ao menos duas referências em alta complexidade estarão fadados a fecharem as portas, pois os recursos via SUS para atendimentos normais e de média complexidade não cobrem sequer os custos”.
O vereador Werka disse que desde o início não conseguiu acreditar que o secretário de Mafra teria votado contra Mafra e ainda justificado que assim procedeu por ‘ser voto vencido’, também lembrando que prefeito e secretário, após movimentação geral dos demais políticos, imprensa e sociedade em geral, optou por cancelar a votação e realizar novo sufrágio. Afirmou também que não é desculpa se falar em custos e despesas com o serviço de referência, haja vista o Hospital já prestar atendimento em urgência e emergência (o que terá continuidade) e se implantada a alta complexidade em outra cidade, também se terão gastos com o transporte de pacientes.
Nesse ínterim o vereador Luiz Alfredo Nader destacou campanha da Gazeta de Riomafra procedida há meses e inclusive pelas redes sociais, solicitando que os demais edis e comunidade compartilhem com a mesma e, no entanto, afirmando que não basta apenas ser a favor da implantação do serviço e sim unir forças, inclusive políticas, para que se consiga inverter a situação.
Chamou a atenção dos vereadores e demais presentes à reunião, a afirmativa que teria sido dada pelo secretário Geronasso de que desde o mês de janeiro já tinha conhecimento sobre o resultado da votação e, mesmo assim, não haver procurado auxílio dos demais políticos e haver convocado a votação sem prévio aviso.
Secretário Regional diz que decisão foi mais política que técnica
“A questão da alta complexidade no Hospital São Vicente de Paulo já vinha me preocupando há muito tempo, pelas movimentações políticas que víamos nos bastidores e nem preciso dar nomes aos bois porque a maioria já sabe o que vem acontecendo”, disse o secretário Regional Wellington Bielecki, salientando que não acreditava que em uma reunião que era para ser técnica haveria tanta movimentação política. “Com o caso da Oncologia aconteceu o mesmo que agora e realmente fiquei surpreso com essa votação”, declarou.
Indagado como se procedeu a reunião que estabeleceu a implantação da Unidade de Pronto Atendimento – UPA no bairro Jardim América em Mafra, Bielecki disse que nos mesmos moldes desta que ‘tecnicamente’ decidiu que Mafra não teria condições de prestar os atendimentos em alta complexidade.
Mesmo tendo sido uma decisão política Wellington diz que esta chegará ao Estado como uma decisão técnica e que terá muita força para a decisão definitiva sobre o hospital a ser credenciado para tais serviços.
O reitor da Universidade do Contestado, Alceu Valério disse ser lamentável que o hospital de Mafra não tenha sido credenciado ainda para atendimentos de alta complexidade, reforçando a necessidade de grande mobilização para que a atual situação seja invertida. Sugeriu que na próxima reunião do Conselho de Desenvolvimento Regional o assunto seja levado pelo secretário do Desenvolvimento, oportunidade em que será totalmente viável se solicitar o apoio dos sete municípios que compõem a Regional, que já conta com um voto a mais que a regional de Canoinhas, computando-se o voto já aberto da gerente Joice.
Decisão unânime pelo credenciamento de Mafra
“O Hospital garantiu o que já sabíamos, que tem condições de prestar esse atendimento”, disse o presidente da Câmara, Vicente Saliba, destacando que todos os esforços devem ser envidados para garantir a implantação dos serviços de alta complexidade. “Com a presença dos representantes de todos os segmentos de Mafra ficou evidenciado que a comunidade de Mafra quer sim esses serviços sendo prestados aqui no Município”.
Hoje à noite nova reunião acontece nas dependências da Associação Empresarial de Mafra, quando mais uma vez as entidades, associações, instituições e agremiações políticas estarão discutindo o assunto, na busca de tomada das decisões a serem encetadas de forma a garantir a alta complexidade em Mafra.
Os investimentos efetuados junto ao Hospital São Vicente de Paulo já foram noticiados por várias vezes através da Gazeta de Riomafra, inclusive em nossa edição do dia 13 de abril último, quando com exclusividade publicamos a denúncia de que Mafra estava perdendo os serviços de alta complexidade.
Na minha opinião, agora não tem jeito não: ou a gente apoia a ida para Canoinhas ou podemos ter atendimento negado nesse município.
Pensem e reflitam enquanto é tempo… Aliás, já pararam para pensar que temos médicos, anestesistas e fisioterapeutas sobrando nessa cidade a ponto de surgirem concursos e testes seletivos sem candidatos?
Este auê dos vereadores não me engana não: querem é DESVIAR A ATENÇÃO PARA QUE OS MAFRENSES NÃO PERCEBAM QUE ESTÃO AUMENTANDO O NÚMERO DE VEREADORES!!!
A sugestão é que desistam então , como sempre, em Mafra, grandes projetos são evitados.
Infelizmente Mafra teve uma sequencia de prefeitos fracos chegando ao ponto de votar contra seu próprio município . Este fato ridículo de o secretário votar contra , é lógico que era do conhecimento do prefeito também.
Se em Mafra não tem profissionais, em Canoinhas não é diferente (vamos desistir então).
Aumentar o número de vereadores é ridículo para uma cidade como Mafra , se tivesse 06 vereadores já era demais.
Depois dessa trairagem, não tem nenhuma credibilidade para permanecerno cargo. O povo deve exigir que ele seja exonerado. Também, agiram com prepotência o tempo todo.
Será que quem precisar se deslocar todo machucado para Canoinhas vai ter acesso rápido e eficiente a uma das “muitas ambulâncias” do município de Mafra?