Era 25 de abril de 2007 quando a Gazeta de Riomafra publicava a primeira matéria enviada pela assessoria de Imprensa da Prefeitura de Mafra, sob o título “Ônibus adaptado levará biblioteca aos bairros de Mafra”.

A matéria dizia que os ônibus adaptados funcionarem como ‘biblioteca ambulante’ foi o meio que “a Administração Municipal de Mafra utilizará para possibilitar o acesso à leitura para todos os moradores nos bairros e interior do município, com o projeto ‘Prefeitura nos Bairros’. O projeto contará com recursos no valor de R$ 199.933,50, sendo R$ 159.946,80 do Ministério da Cultura e R$ 39.869,70 de contrapartida da Prefeitura de Mafra. Para viabilização do projeto será necessário investir cerca de R$ 71 mil na compra de 2.500 livros de literatura; R$ 70 mil na aquisição de dois ônibus e R$ 50 mil na adaptação dos veículos”, dizia a assessoria.

Ainda segundo a primeira matéria o “Biblioteca nos bairros é uma conquista da equipe de projetos do município – que encaminhou solicitação ao Ministério da Cultura no início de 2005 – e da parceria com a equipe da Biblioteca Pública de Mafra e o deputado Federal Carlito Merss.  Conta com total apoio do prefeito Jango Herbst e ficará sob a responsabilidade da Secretaria Municipal da Cultura, Esporte e Turismo, que deverá atuar em conjunto com a Secretaria de Educação. Os recursos já estão disponíveis na agência da Caixa Econômica Federal e o processo de compras iniciará nesta semana”.

A Prefeitura à época alardeava ainda que os ônibus seriam totalmente adaptados com computadores, internet a rádio, rampas de acesso para deficientes etc. “Com o projeto da biblioteca itinerante, durante o tempo de permanência dos ônibus no bairro, os usuários poderão fazer pesquisas, leitura, brincadeiras e outras atividades, além de empréstimos de livros”, citava a então ‘primeira matéria’ sobre os tais veículos.

No mesmo ano em 10 de novembro nova matéria foi editada citando que naquela semana os ônibus teriam iniciado sua ‘peregrinação’ pelos bairros e localidades de Mafra. “O primeiro bairro que recebeu o ônibus foi o do Faxinal, distante cerca de 10 km da Biblioteca Pública. O pedido foi feito pela diretora da Escola de Ensino Fundamental Cristo Rei, Janete S. Stein Fijuwara. Ela afirmou que a comunidade adorou a iniciativa da biblioteca Itinerante e salientou as condições oferecidas aos deficientes e idosos, com a rampa de acesso. “Isso é inclusão social”, declarou. Além dos cerca de 1.000 títulos colocados à disposição, o ônibus oferece computadores e acesso à internet”.

A até então última reportagem apresentada sobre os ônibus biblioteca – também enviada pela assessoria de imprensa e após um período com as atividades paralisadas foi publicada em 30 de julho de 2011, com o título “Ônibus biblioteca percorrerá escolas incentivando à leitura”.

Dizia o texto que “na primeira semana de agosto, do dia 02 ao dia 05, o ônibus biblioteca estará na frente do CEM Beija Flor, na Vila Solidariedade. Na sequência a biblioteca itinerante estará em frente da escola estadual Monteiro Lobato, de 09 a 12 de agosto, seguindo posteriormente para a escola Amola Flecha, no período de 16 a 19. Na última semana do mês, será a vez da escola Francisco Izabel, no Jardim América”.

Abandonados

De 2011 para cá quem quiser ver os dois ônibus das bibliotecas itinerantes é só passar pelo Centro de Serviços da Prefeitura, às margens da BR 116. Ambos estão estacionados ao tempo, sem uso e se deteriorando cada dia mais.

Nossa reportagem foi a campo nessa semana para tentar descobrir o que está acontecendo com os dois ônibus e o por que ambos estão em completo estado de abandono.

Iniciamos nossa busca por informações junto ao vereador “Joãozinho Patroleiro” que trabalha na Secretaria de Obras e recentemente citou o assunto na Câmara de Vereadores. Ele confirmou que ambos estavam lá abandonados e ficou de buscar informações a respeito para repassar ao nosso jornalista. Indagado sobre a possibilidade de adentrarmos no Centro de Serviço onde o mesmo se encontrava para que pudéssemos fotografar os veículos, Joãozinho pediu um tempo e retornou a ligação, afirmando que não teríamos acesso até porque dependeria de autorização da secretária de Obras, Wilmara Herzer, mas ficou de fotografar ambos os ônibus.

Um outro funcionário da Prefeitura, que pediu para não ser identificado disse que as ‘antenas e aparelhos’ de acesso a internet foram devolvidos à empresa que os vendeu, os oito computadores foram para a Casa da Cultura e os livros estariam na Biblioteca Municipal.

Ele diz acreditar que o projeto possa voltar a funcionar, destacando também que é necessária a participação por exemplo de empresários que poderiam anunciar suas empresas e com a ‘locação de espaços’ ao menos o combustível de ambos poderia ser garantido mensalmente. Contou também o funcionário que a Secretaria de Cultura tentou passar os veículos para os cuidados da Educação em Mafra, mas esta não aceitou.

Secretário diz que está em estudo a utilização dos dois ônibus

Por telefone na tarde de ontem o atual secretário Municipal de Cultura, Esporte e Turismo, Rafael Kondlatsch confirmou que ambos os ônibus do projeto se encontram no Centro de Serviços e diz que consta do planejamento de sua Pasta averiguar a utilização que poderá ser dada aos dois, relatando no entanto que não se sabe quando e para que os mesmos serão utilizados, justificando a carência financeira da atual Administração e da sua Secretaria propriamente. “O custo para reforma dos dois ônibus hoje é muito alto e na atualidade não há condições para tal”, lembrando que um dos veículos é ano 1991 e o outro 1993.

Destaque-se que o secretário atentou para o fato de que hoje inclusive chove dentro dos dois veículos haja vista a corrosão que está tomando conta dos mesmos. Indagado sobre ambos ficarem ao menos em uma área coberta para não sofrer com as ações do tempo, Rafael disse que a ex-administração deveria ter pensado nisso e que hoje não há onde colocar os dois, afirmando, porém, “que dois ou três meses a mais ficando onde estão os estragos não serão diferentes dos ocorridos até agora”.

Kondlatsch ainda citou que hoje com os R$ 159 mil que foram investidos nos dois ônibus usados se compraria um novo e disse acreditar que à época da aquisição o preço não seria muito diferente.

Quanto aos livros o secretário confirmou que se encontram na Biblioteca Municipal e os computadores, na Secretaria da Cultura. Quanto as máquinas atentou para o fato de se encontrarem defasadas para a atualidade da internet e salientou que é necessário se estudar que destino será dado às mesmas.

Ainda sobre os ônibus Rafael assegurou que “é um investimento que tem que ser pensado, é muito sério”.

Tentamos contato com a secretária Municipal de Obras, Wilmara Herzer, responsável pelo Centro de Serviços e fomos atendidos, via telefone, pela assessora Solange Lanski a qual informou que a titular da pasta estava em reunião. Solicitamos o retorno telefônico da secretária mais até as 22h30min de ontem quando encerrávamos a matéria, não recebemos nenhuma ligação.