Como vivemos em um país tropical, muitas vezes imaginamos que os recursos hídricos são infinitos. Não são. Rios, córregos, riachos, cachoeiras, lagos e aquíferos precisam da recarga de chuvas que, ano a ano, se mostram mais instáveis e escassas.
Abandonar alguns hábitos que até pouco tempo eram aceitáveis, ajuda a manter os mananciais e as cidades abastecidas.
É esse o mote de uma nova campanha da CASAN para uso consciente da água. As mensagens são construídas levando em conta o cenário de escassez de chuvas e ações de uso responsável da água que são cada vez mais imprescindíveis.
Segundo levantamento da Epagri-CIRAM, há um déficit hídrico de 467 milímetros, em média, no Estado. “Significa que de junho do ano passado até o momento choveu apenas dois terços da quantidade habitual histórica sobre Santa Catarina, em volumes insuficientes para recarregar o lençol freático do Estado”, diz o pesquisador de Hidrologia da instituição, Guilherme Miranda.
O cenário para os próximos meses reforça a necessidade de uma nova cultura no uso da água. Até outubro, a previsão da Epagri-CIRAM é de índices abaixo da média climatológica, com chuvas escassas.
Faz sentido?
Nesse cenário, a campanha traz um conjunto de questionamentos, buscando estimular mudanças nos hábitos de consumo de água.
– Faz sentido lavar nosso bonito carro com água que é tratada com cloro e flúor e tantos outros produtos para deixá-la potável?
– Faz sentido usar mangueira para lavar a calçada ou pátio, consumindo em 15 minutos mais de 270 litros?
– Faz sentido lavar telhado, se um bairro vizinho pode estar sem água?
– Faz sentido manter uma torneira aberta enquanto escovamos os dentes, consumindo cerca de 80 litros em apenas cinco minutos?
– Faz sentido acionar a máquina de lavar com pouca roupa, gastando cerca de 150 litros de água em um ciclo de lavagem para meia dúzia de peças?
Os tempos mudaram. “Num passado recente era admitido usar o carro sem cinto de segurança, fumar dentro do avião e apelidar colegas de escola ou de trabalho de acordo com suas características físicas”, lembra o engenheiro Guilherme Campos, Gerente de Políticas Operacionais da Companhia. “Tudo isso hoje é rechaçado pela sociedade, felizmente. Em breve, desperdiçar água será visto assim também: um hábito a deixar no passado”, complementa.