Levantamento do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), mostra crescimento expressivo – de 18 pontos percentuais – na demanda por serviços públicos digitais durante a pandemia do coronavírus. Há dois anos, 33% dos entrevistados haviam usado a internet para ter acesso a algum serviço público. Em 2019 o percentual subiu pouco – para 36%. Na pandemia, com a necessidade de afastamento social, 54% dos usuários da internet com 16 anos ou mais usaram a rede para realizar algum serviço público.
Segundo o relatório da pesquisa, o Painel TIC COVID-19 identificou um aumento expressivo na realização de serviços públicos e financeiros pela Internet durante a pandemia. Esse avanço foi ainda maior nas classes C, D e E, entre os usuários de Internet com menor escolaridade, e também entre os não usuários de computador.
“Na minha percepção, os serviços públicos digitais chegaram para ficar. Assim como já se observa em diferentes países, como Estônia, Coréia do Sul, Dinamarca, entre outros”, diz o professor do curso de Ciências Contábeis da Estácio Santa Catarina, Marcelo Pierri Júnior. “Antigamente os órgãos públicos não tinham protocolos de serviços online, atendimento via aplicativo. Eram raras exceções. Agora estão bem mais comuns, como o próprio aplicativo do Detran. E, as prefeituras começaram a aceitar protocolos via e-mail, sites, fato que facilita bastante o atendimento público”, avalia. Passada a pandemia, ele acredita que alguns serviços vão voltar a ser oferecidos de forma presencial. “Mas, no longo prazo, as atividades administrativas e burocráticas tendem a ir para o digital”.
A oferta digital de serviços ganha impulso com a chamada computação em nuvem. “A tecnologia permite oferecer os mais variados atendimentos a qualquer pessoa que utilize um celular ou computador conectado à internet”, diz Aldo Mees, diretor-presidente da IPM Sistemas, empresa catarinense que desenvolve sistemas de gestão digital para órgãos públicos de municípios do Sul e Sudeste do País. “Além da comodidade para o cidadão, a digitalização garante maior eficiência à administração pública”, argumenta.
A pesquisa aponta ainda que o avanço se deu com destaque nas classes C, D e E, abrangendo pessoas de menor nível de escolaridade, incluindo até quem sequer tem um computador em casa. A tendência de crescimento do setor muito forte se for levado em consideração anúncio do Ministério da Economia, cuja intenção é digitalizar todos os serviços prestados pelo Governo Federal até 2022. Hoje, 54% dos serviços estão online. Até o fim de 2020, a previsão de investimentos é de R$ 245 milhões para 140 órgãos distintos, algo que representa uma demanda triplicada.