A História de Mafra: São Lourenço

Por Fábio Reimão de Mello - 22/11/2012

É difícil definir qual o fato, ou mesmo quando teve início a história do município de Mafra. A passagem de desbravadores, dos primeiros tropeiros, a abertura da estrada da mata, a chegada dos colonizadores alemães ou então outro fato de grande vulto, podem ser levados em consideração para a fixação do ponto inicial, porém sempre sujeito à subjetividade dos pontos de vista. Interpretações à parte, incontestável ou no mínimo muito consistente, é de que por mais que a data e fato do início de nossa história estejam sujeitas à interpretação de pesquisadores e leitores, ela começou no São Lourenço.

A pacata localidade mafrense, guarda consigo não somente o gérmem da nossa história, como também grande parcela dela, cuja importância transcende sua condição de localidade do interior e assume importância em âmbito estadual e até nacional.

Muito antes da criação do município de Mafra, o São Lourenço já era cruzado por tropeiros e exploradores em suas viagens, realizadas principalmente entre o Rio Grande e São Paulo, como mostram os registros do Sargento-Mor Francisco de Souza Faria, responsável pela abertura de um caminho entre Laguna a Curitiba, que apontam o São Lourenço como parte do itinerário de sua viagem em 1730, ou então, a passagem da tropa do Brigadeiro José Custódio de Sá e Faria em 1745.

Não apenas caminho das tropas, o São Lourenço ou Curralinho, como costumava ser chamado, era ponto de parada de tropeiros e local de referência dentro desse trajeto, pois a partir dali iniciava-se a região tida como “sertão”, cujo caminho ali existente conduzia ao Sul e consistia em importante elo de ligação entre o Rio Grande e São Paulo, o que levou o São Lourenço a figurar, mesmo na qualidade de localidade, no mapa do Estado do Paraná.

Foi no São Lourenço que em 1826, João da Silva Machado, o Barão de Antonina, com a incumbência da abertura da Estrada da Mata, construiu uma série de benfeitorias destinadas ao suporte e abrigamento dos trabalhadores empregados na referida obra, que ficou conhecida como “abarracamento”. Local que também acolheu o pequeno grupamento militar, responsável por proteção contra o ataque de índios e manutenção da ordem entre os trabalhadores.

Esse abarracamento foi, em 1835, após a eclosão da Guerra dos Farrapos, ocupado por um contingente militar paulista, a nível batalhão, a fim e guarnecer aquele caminho que conduzia à província rebelde. Nesse período o São Lourenço tornou-se ponto de concentração de tropas vindas de diversas partes do país, como foi o caso do 6° Batalhão de Caçadores e várias tropas da Guarda Nacional. Segundo consta, foram os soldados que trouxeram consigo a “peste”, disseminando a varíola que ceifou mais de 2.000 vidas em nossa cidade e que fez com que os falecidos fossem enterrados juntos de seus pertences, numa tentativa de conter a contaminação pela doença, originado um cemitério que ainda persiste naquela localidade.

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O São Lourenço ainda sentiu diretamente as ações da disputa pelos territórios limítrofes entre Paraná e Santa Catarina, durante a questão do Contestado, tendo suas pontes sobre o rio de mesmo nome, destruídas por forças policiais paranaenses em 1896, com o objetivo de prejudicar o transporte de erva mate entre Rio Negro – São Bento e Joinville.

Em meio a tudo isto, tropeadas, militares, doenças e disputas políticas, colonos europeus, principalmente alemães e posteriormente alemães-bucovinos, colonizaram aquela área, fazendo da região das “capoeiras” uma área produtiva, cujo direito de posse sobre aquelas terras foi por muito tempo negado e questionado pelo fato de serem estrangeiros.

Com um passado marcado pela sucessão de acontecimentos tão distintos quanto relevantes para a nossa história, o São Lourenço, muito mais do que uma simples localidade do interior, é local que concentra em si a síntese e o gérmen da história de todo o município de Mafra.

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4 COMENTÁRIOS

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  1. Respondendo Jefferson Arbigaus. Não conheci seu bisavô, nem sua bisavó Ana Hau, mas sei que ela era irmã da minha avó Cristina Hau

  2. Olá Pedro hau frança tudo bem me chamo Jeferson arbigaus eu vi no seu comentário que seu tio sezinando hau morava em São Lourenço
    Meu bisavô Phelippus arbigaus era casado com Eva hau
    Vc por um acaso conheceu Phelippus arbigaus ou salvador arbigaus

  3. Meu tio ,Sezinando Hau França morava em São Lourenço. Eu vinha com meu pai na casa dele, eu tinha 5 anos nessa época. Grandes recordações.

  4. morei por um tempo no imbuial vila nova nova, quebradente ,mafra,curitiba e hoje estou no nordeste.Lembro que,quando morei no quebra dente com meus padrinhos, passavamos pelo são lourenço. As compras eram feitas em uma mercearia final do imbuial não lembro bem mas parece dona iracema? guardo lembranças .tinha em torno de 5 anos,hoje tenho 67.

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