A tecnologia é uma grande aliada do agronegócio e os produtores rurais catarinenses estão aderindo às novidades, principalmente, aos mais modernos meios de comunicação. O uso de smartphones não é exclusividade das grandes cidades, segundo a pesquisa “Tecnologia da Informação no Agronegócio”, elaborada pelo Sebrae, 92,6% dos produtores rurais catarinenses usam aparelhos celulares.
A pesquisa revela ainda que a falta de Internet é um gargalo no meio rural catarinense. Boa parte dos produtores não usa a rede para transações comerciais ou para divulgação por conta da dificuldade de acesso ou da má qualidade da conexão. Mudar essa realidade é um dos desafios da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, que investe em ferramentas para levar sinal de Internet e telefonia móvel para municípios com carência em infraestrutura de comunicação básica.
Em fase final de instalação, o Projeto Piloto em Comunidades Rurais Digitais atenderá onze cidades com a instalação de antenas repetidoras de sinal de internet e telefonia. A ação, executada pela Secretaria da Agricultura, conta com investimentos de R$ 5,5 milhões do Programa SC Rural. “O interior tem a mesma necessidade de se comunicar do que as cidades. Hoje não se tem desenvolvimento sem infraestrutura, principalmente de comunicação básica. O telefone e a internet são ferramentas que precisam estar na mão do cidadão, onde ele morar”, ressalta o secretário Moacir Sopelsa.
Os dados do Sebrae mostram que, em Santa Catarina, 53,9% dos produtores já fizeram alguma compra pela Internet ou já usaram a Web para efetuar vendas, sendo que 7,5% possuem home page ou web site. Os agricultores estão presentes também nas redes sociais: 21,1% possuem Facebook, 5,3% Twitter e 4,5% Instagram.
O superintendente do Sebrae/SC, Guilherme Zigelli, ressalta que Santa Catarina se destaca em inovação no campo, tanto que recebe constantemente missões empresariais de outros estados para conhecer o modelo catarinense de associativismo e os resultados do Encadeamento Produtivo Aurora – Sebrae/SC: suínos, aves e leite que consolidou-se como o maior programa do agronegócio do país. “Além das melhores práticas implementadas para fortalecer a gestão, o uso da tecnologia vem sendo cada vez mais constante para aperfeiçoar os negócios e conquistar a sustentabilidade no meio rural”.
Outra importante ferramenta de inclusão digital em Santa Catarina é o Programa Beija-flor, que possui 73 telecentros em comunidades rurais e pesqueiras de todo o estado. Os telecentros são espaços em local público, como escolas, colônia de pescadores, bibliotecas públicas, prefeituras municipais, associações da sociedade civil, dentre outros, com computadores e acesso à internet.
GESTÃO DAS PROPRIEDADES RURAIS
Quando o assunto é gestão das propriedades rurais, 78,4% dos empreendedores catarinenses já praticam o gerenciamento administrativo e financeiro dos seus negócios rurais, mas apenas 35,8% fazem isso por meio de ferramentas digitais de gestão. Sendo que a maior parte dos entrevistados – 73,5% deles – afirmou que utilizaria esses recursos se estivessem disponíveis.
Em Santa Catarina, os jovens estão em busca de profissionalização para se tornarem os agricultores do futuro. Milhares de jovens participam do Curso de Liderança, Gestão e Empreendedorismo, oferecido pelo Programa SC Rural, onde se aprofundam em temas como: Liderança, empreendedorismo e inclusão digital; Oportunidades econômicas e ambientais voltadas ao emprego e renda em atividades agrícolas e não agrícolas; e Gestão de negócios, da propriedade e do ambiente natural.
Para uma gestão moderna dessas propriedades rurais, o Governo do Estado apoia esses jovens na aquisição de equipamentos de informática. Nos últimos cinco anos, a Secretaria da Agricultura investiu R$ 5,4 milhões em financiamentos para compra de notebooks, desktops, impressoras e/ou equipamentos de recepção de sinal de internet e/ou telefonia para 2.198 jovens com idade entre 16 e 29 anos e residentes do meio rural.
CENÁRIO BRASILEIRO
A pesquisa “Tecnologia da Informação no Agronegócio” identificou que 71% dos donos de microempresas rurais no Brasil e 85% dos proprietários de empresas de pequeno porte no campo, usam smartphones para acessar a web. Esse resultado é expressivo se for considerado que o acesso médio da população brasileira à Internet por meio de aparelhos celulares é de 62% (segundo o Google Consumer Barometer).
Para realizar o estudo, o Sebrae ouviu 4.467 produtores rurais, entre 29 de março e 12 de abril, nas 27 unidades da Federação. Os dados revelaram que os produtores fazem uso restrito da Internet, seja para transações comerciais ou para divulgação, em grande parte por conta da dificuldade de acesso ou da má qualidade da conexão: 6% dos produtores já fizeram alguma compra pela Internet, 4% já usaram a Web para efetuar vendas e 16% dos empreendimentos rurais possuem página na Internet ou perfil nas Redes Sociais.
Segundo a pesquisa do Sebrae, 58% dos empresários rurais que informaram não utilizar a conexão de internet móvel dizem que não o fazem, predominantemente, porque não há provedor/sinal em sua região. A dificuldade de acesso também foi a justificativa apresentada pela maioria dos produtores (64%) que não usam tecnologias digitais para a gestão do negócio.