Aquela imagem de idosa fazendo tricô e ouvindo rádio todos os dias não combina em nada com a acadêmica do 8º período de ciências biológicas da UnC. Celina Hirth, de 75 anos, cadeirante, é uma pessoa ativa e há um mês é estagiária da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Mafra. Sob a supervisão da gerente de meio ambiente, Amanda Renara Criminâncio, está fazendo o levantamento em campo dos coletores informais de resíduos e o acompanhamento dos trabalhos na Recivida. De acordo com Celina e Amanda, o objetivo deste trabalho é a reestruturação de um modelo de associação de materiais recicláveis para Mafra. A estagiária sai a campo realizando visitas a coletores, conversa com eles, explica a legislação e também vai à Recivida acompanhar a triagem.
VIDA DE ESTAGIÁRIA
A supervisora do estágio comentou sobre a importância do trabalho da Celina para a Prefeitura. “O trabalho dela vem acrescentar informações aos projetos que desenvolvemos. Esta disposição de ir a campo coletar dados e ter um contato direto com o coletor é muito importante, pois estreita a relação entre Prefeitura e os coletores informais e ajuda a criar soluções para a preservação do meio ambiente”, pontuou Amanda. Celina deve cumprir 120 horas de estágio, com finalização prevista para novembro deste ano. Até lá, quer concluir seu relatório e ver suas conclusões sendo postas em prática.
CONHECENDO CELINA
Ao conversar com Celina, tem-se a impressão de falar com uma pessoa decidida e segura. Ela tem uma filha, dois netos e há 11 anos é cadeirante devido a complicações de uma leptospirose. No entanto, isso nunca foi obstáculo para ela, uma técnica em contabilidade que ingressou em serviço social, mas não chegou a concluir esta faculdade. Em 2015 resolveu prestar vestibular para ciências biológicas na UnC e garantiu sua vaga. “Eu queria estudar plantas medicinais, pois tinha o conhecimento empírico por meio da Pastoral da Saúde”, explicou. Celina disse que “faça chuva ou faça sol”, utiliza a lotação e vai à aula. “Se a gente fica em casa os problemas se amontoam. A gente precisa sair e fazer algo”, disse.
Quanto a voltar aos estudos após os 70 anos, Celina disse que só não estuda quem não quer. “Não tem cor, nem raça, nem classe social. O importante é chegar lá”. Celina ainda deixou mais um incentivo a quem está indeciso se deve voltar a estudar. “O conhecimento ninguém rouba e não ocupa espaço”.