Seminário de Prevenção ao Suicídio levou o tema à reflexão dos profissionais da saúde e da comunidade mafrense

Por Gazeta de Riomafra - 28/10/2015

O fenômeno do suicídio é complexo e multifatorial. Depressão, sensação de fracasso, dependência de álcool e outras drogas, transtorno bipolar. Estes são alguns dos fatores que podem levar a pessoa a cometer suicídio. O que fazer para evitar este ato extremo foi debatido na última sexta-feira, 23, na Amplanorte. Pela manhã e à tarde, as palestras foram exclusivas para 100 profissionais que atuam na área da saúde do município em diversos serviços como Atenção Básica, CAPS, Urgência e Emergência, ATENA e maternidade. À noite, a palestra “Suicídio: é possível prevenir?” foi aberta ao público e contou com cerca de 75 participantes.

A secretária de Saúde, Jaqueline Fátima Previatti Veiga, destacou que o evento é uma forma de união de forças para debater o assunto. “Não podemos ser coniventes aos sinais das pessoas. Quando alguém pede ajuda, devemos ouvir”, destacou a secretária, apresentando o manual de bolso de prevenção ao suicídio. “Este manual é uma conquista. Possui dicas e orientações e deve ser olhado diariamente e lembrar que este paciente existe e necessita ser ouvido”. Jaqueline também aproveitou a ocasião para falar que os atendimentos no PA (Pronto Atendimento) diminuíram, tendo em vista que a população tem procurado os ESFs (Estratégia Saúde da Família), mostrando que o trabalho da Atenção Básica faz a diferença. Em seguida, agradeceu o empenho de todos os envolvidos na realização do seminário e declarou aberto oficialmente o evento.

Ouvir para ajudar

A primeira palestra foi proferida pelo médico psiquiatra Cláudio Luis da Cunha Gastal o qual expos dados locais, nacionais e mundiais sobre o suicídio. Ele abriu sua fala reforçando que ouvir o paciente é fundamental. “Estar disponível para a pessoa criando um vínculo de solidariedade. Ouvir com empatia – entender e se identificar com a pessoa. Com isso podemos diminuir o risco de suicídio”, disse. Em seguida, comentou sobre os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que mostra que mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos ­­­– a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo, de acordo com o primeiro relatório global da OMS sobre a prevenção do suicídio e cerca de 75% dos suicídios ocorre em países de baixa e média renda. O psiquiatra também falou sobre a subnotificação de dados epidemiológicos. “Comparando dados do Datasus e de pesquisa local (órgãos como IML, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar),  podemos ver que não correspondem ao mesmo número. Tivemos 82 casos em 20 anos, sendo que apenas 49 constavam nas duas notificações. O que concluímos é que são dados não notificados ou não identificados. De cada quatro casos, apenas um é notificado”, explicou. Ele concluiu destacando é preciso investir em pesquisas. “É preciso que se estabeleça um núcleo de estudos em Mafra, a fim de identificar o perfil epidemiológico das pessoas que se suicidam e de outras causas de morte”.

Após a palestra de Cláudio, foi a vez do médico psiquiatra Neury José Botega que abordou desde a prática da psiquiatria ao comportamento do suicida. “Os profissionais da saúde tem de estar mais preparados para detectar o risco de suicídio e para ajudar as pessoas que sofrem de transtornos mentais ou crises existenciais agudas e profundas e que por esses motivos podem chegar ao suicídio”, declarou. Botega também lembrou que o suicídio é visto como tabu pela sociedade. “É difícil a família falar sobre isso quando perde alguém. Envolve sentimentos de tristeza, vergonha, culpa. Se para família é assim, para a sociedade também”, explicou. Neury finalizou dizendo que “suicídio hoje é uma prioridade em saúde pública”. Para quem quiser se aprofundar no assunto, o psiquiatra acaba de lançar o livro “Crise Suicida: avaliação e manejo”, da editora ArtMed – 2015.

A vez do cidadão

- CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE -

À noite foi a vez da palestra “Suicídio: é possível prevenir?” com o médico Neury. O publicou ouviu atentamente as colocações do médico, que destacou a importância de se evitarem atitudes preconceituosas em relação à situação e o papel da família perante o suicida. Como ajudar, formas de tratamento, atitudes e apoio foram explanadas durante a palestra. O público ouviu atentamente e interagiu com às experiências mostradas pelo médico.

COMPARTILHE

PUBLIQUE UM COMENTÁRIO

Por favor, digite o seu comentário.
Por favor, informe o seu nome.