Um evento carregado de sensibilidade e emoção foi o que se observou durante o “Café que abraça”, realizado pelo Departamento de Atendimento Educacional Especializado – AEE, da Secretaria Municipal de Educação de Mafra, em parceria com a família Keller. O evento aconteceu na noite de quarta-feira, dia 10, reunindo diversas mães de autistas e fez parte das atividades alusivas ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, instituído como o dia 2 de abril.
O café teve início com uma conversa com Joel Henrique Pavan, da Faculdade de Teologia de São Bento do Sul, que falou ser importante e valioso que os que convivem com crianças autistas possam saber que existem pessoas que passam por situações semelhantes e que existe também entidades que trabalham para que a dignidade de vida seja preservada. Sobre o evento destacou ser um espaço muito importante para ajuda-los na caminhada. “Quando a gente coloca uma criança com necessidades especiais em uma sala de aula, inserindo-o na sociedade, está realizando algo muito profundo, resgatando a dignidade dele” declarou.
EXEMPLO DE ESFORÇO E SUPERAÇÃO
O ponto alto do encontro foi a palestra proferida por Gabriel Keller, autista, com 21 anos, acadêmico de Psicologia da Universidade do Contestado e segundo professor na escola Mario de Oliveira Goeldner, auxiliando dois outros alunos. Gabriel fez uma apresentação de praticamente toda a trajetória de sua vida. Falou das dificuldades que enfrentou principalmente no ensino fundamental e do “bullyng” que sofria, o que muitas vezes fazia com que ele tivesse crises de ansiedade e agressividade, além de muita revolta. Explicou que tinha plena consciência das suas dificuldades, e que a superação exigia dele muito esforço.
Explicou do alívio quando recebeu o diagnóstico de autismo, tardio, segundo ele, pois foi somente aos 16 anos de idade, pois, com o diagnóstico teria um norte de como buscar tratamento. Atualmente ainda faz terapia com Psicólogo e Psicopedagogo, mas também ajuda outras pessoas através de palestras sobre o autismo. Falou sobre o que gosta atualmente, como viagens, cinema, videogame, etc. Sobre o futuro disse não ter ainda uma ideia bem clara mas sabe que vai fazer algo relacionado ao transtorno, como uma escola para autistas, além de casar e ter filhos.
Ao final da palestra deixou um conselho aos pais presentes: “acreditem no potencial do seu filho, pois ninguém sabe até onde ele pode chegar. Ensinando-o com dedicação e amor, com certeza ele irá te surpreender”.
A Coordenadora do AEE em Mafra, Ana Claudia Rauen falou da importância do Café que abraça, como apoio e incentivo às famílias com filhos autistas, para que se reúnam e se organizem para buscar ajuda e também se ajudarem mutuamente. Ela atribuiu a idealização do evento à mãe do Gabriel, Cassia Alexandra Kuiava Keller. “É graças ao empenho dessa mãe que estamos aqui nesta noite”, declarou Ana.
Durante o café, as mães de crianças e adolescentes autistas trocaram informações e conhecimentos importantes, que ajudarão na condução dos tratamento e ações com os filhos.
AUTISMO
O autismo é um transtorno global do desenvolvimento que se manifesta antes dos 3 anos de idade e se prolonga por toda a vida. É caracterizado por um conjunto de sintomas que afeta de forma significativa a socialização, a comunicação e o comportamento e segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo são acometidas pelo transtorno, sendo que, em crianças, é mais comum que o câncer, a Aids e o diabetes juntos. No Brasil estima-se que há cerca de 2 milhões de autistas e segundo estatísticas é um número que cresce ano a ano. Atingindo aproximadamente dois por cento das crianças de oito anos de idade.
O Departamento de Atendimento Educacional Especializado – AEE, da Secretaria Municipal de Educação de Mafra atua no Município atendendo com 9 salas multifuncionais implantadas na rede municipal de ensino.
