Um olhar atento, de extrema importância no que se refere ao desenvolvimento infantil, gerou o projeto “Desconecte-se”. Ele acontece no CEIM Fiorige Bona, em Mafra, desde que a gestora da escola, Tânia Kruger Heiden, passou a observar crianças tentando brincar de bater as mãos – tipo “palmas pra que te quero” – com os amigos e percebeu que eles não conseguiam ou faziam com dificuldades, sem coordenação ou ritmo. Ela também observou comportamentos mais agressivos entre os colegas. A essa observação lembrou-se do texto “Chupeta Digital”, da escritora e pedagoga Danielle Lourenço Hoepfner, que fala dos problemas que as crianças enfrentam ante a excessiva exposição às atuais tecnologias. E também pesquisou sobre o tema junto à Sociedade Brasileira de Pediatria.
“Ao nos depararmos com essa situação, decidimos realizar com todas as turmas, de berçário II a Jardim II, um trabalho para que se diminua ou, pelo menos, se limite às crianças ou próximo delas, o uso de computadores, celulares ou tablets, orientando ainda para que realizem em família brincadeiras variadas, a exemplo das antigas”, explicou a gestora. Assim nasceu o “Desconecte-se”.
UMA MASCOTE NO FINAL DE SEMANA
Na elaboração do projeto “Desconecte-se” foi criado um mascote de pelúcia para cada uma das turmas da escola. Ele passaria o final de semana com os aluno e, nesse período de convivência, as novas tecnologias não deveriam ser utilizadas, bem como todas as brincadeiras realizadas pela família deveriam ser registradas, de preferência com fotos, em um caderno que segue junto com o mascote. E cada turma escolheu o nome dos seus mascotes: Berçário II – Alfredo, Maternal I – Juli, Maternal II – Totó, Jardim I – Woly e Jardim II – Pefelino.
A gestora destacou que atualmente as escolas vêm vivenciando muitos dos problemas citados pela pedagoga Danielle, como de ordem física, psicológica, emocional e mental. “(…) ansiedade, atrasos no desenvolvimento motor, distúrbios do sono, obesidade, LER, DORT, problemas de visão, déficit de atenção, aumento na impulsividade, agressividade, problemas posturais, dificuldades nas relações sociais, radiação excessiva, riscos de superexposição nas redes sociais, risco de acesso a conteúdos inadequados e possibilidade de vício”, relata o texto Chupeta Digital.
No bilhete que a escola mandou para os pais, explicando o objetivo do projeto “Desconecte-se”, a diretora apresenta o mascote da seguinte forma: “Esse é o nosso mascote! Ele é muito exigente; gosta de muita gente; mas de uma coisa não gosta não! Não gosta de tablets nem de celular. O que o nosso mascote gosta mesmo é de brincar e passear! De rolar no chão, de brincar com carrinho na mão, de passear com a linda boneca, andar de bicicleta e no parque se aventurar; cabanas e arte inventar a arte de fazer sorrir! E antes de dormir, uma linda história ouvir e ainda sentir a mão da mamãe a lhes abençoar”.
A COELHINHA JULI
Com a missão de cuidar da coelha Juli por um final de semana, a família de Bryan Luiz Niedzielski, de 2 anos e 9 meses, que está no Maternal I, viveu momentos muito bons. A mãe Claudia explicou que desde quando foi buscar o Bryan na escola, na sexta-feira, ele estava muito ansioso e feliz e queria mostrar logo a Juli para todos. “O interessante é que ele desapegou de todo o resto e cuidou da Juli quase como se cuida de um filho”, falou. No sábado Claudia levou os irmãos Bryan e Vitor para vacinar e a Juli foi junto para acalmar, como se ela fosse mágica. “E o Bryan não chorou e ainda pediu para o irmão segurar o bichinho também, no momento da sua vacina”, comentou Claudia. O avô leu a historinha do livro que foi junto e no domingo foram todos passear em festa no Laranjal, chamando a atenção de muitas pessoas no local. “Foi muito legal pela forma como foi colocado pela escola. É um incentivo muito importante que a escola faz e se a gente não apoiar, o que será do futuro para nossos filhos?”, declarou.