A produtora rural Cirlene Tarachucky Rosa, de Rio Negrinho, possui uma propriedade com aproximadamente 900 metros quadrados de estufas para produção de hortaliças, que são comercializadas em uma rede de supermercados do municÃpio. Quando iniciou, há seis anos, foi buscar conhecimento em São Paulo, Minas Gerais e Florianópolis. “Comecei com o cultivo de morango suspenso, com uma estufa para mil pés. No ano seguinte, fui para Minas Gerais e fiz também um curso na UFSC, em Florianópolis, e aumentei a produção para 7 mil pés, mantendo assim por três anosâ€, contou Cirlene.
Porém, o aumento da geração de renda na propriedade era um objetivo para a produtora rural, que não deixou de buscar conhecimentos. Entre 2017 e 2018 participou de um curso do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), entidade vinculada à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), sobre horticultura orgânica. “A ajuda do SENAR foi fundamental para produzir hortaliças. Trabalhamos eu e meu filho. Atualmente, produzimos alface, rúcula e temperos, atuando desde o plantio até as entregasâ€, relatou Cirlene.
A produtora rural foi uma das participantes do programa Mulheres do Agro Catarinense, em Mafra, na última semana. “O encontro foi importante para estimular as mulheres a ocuparam espaços de liderança e para motivar outras mulheres a integrarem o grupo para construirmos uma agricultura cada vez mais forte. Quando comecei tive que ir para fora buscar conhecimento. Unidas, podemos somar para fazer o melhor para a nossa agricultura, por meio de cursos, conhecimentos e técnicasâ€, salientou Cirlene.
O Programa Mulheres do Agro promoveu dois encontros na última semana: um em Rio do Sul, que reuniu 24 produtoras rurais, e em Mafra, com participação de 23 mulheres. Os eventos contaram com pronunciamento do superintendente do SENAR/SC, Gilmar Antônio Zanluchi, explanação sobre o Sistema CNA/FAESC/SENAR/Sindicato Rural com a responsável pelo Departamento Sindical da FAESC, Andréia Barbieri Zanluchi, e palestra com o tema “O empoderamento feminino no agronegócio familiar catarinenseâ€, com Renato Vieira de Avila.
Outra atividade foi a formação da Comissão Mulheres do Agro Catarinense, conduzida pela coordenadora do Programa Mulheres do Agro Catarinense Nayana Setubal Bittencourt. A intenção é fazer com que cada Sindicato Rural tenha representante na comissão estadual.
A produtora rural de Massaranduba, Neuzeli Zimmermann, participou do encontro em Rio do Sul. Juntamente com o esposo, Tomé Zimmermann, tem o SÃtio Sabor & Saúde, no qual produzem frutas. A propriedade possui certificado orgânico há quatro anos. “Temos aproximadamente 200 espécies plantadas, nem todas produzindo ainda. Como é muita fruta para vendemos tudo in natura, também fazemos geleias e geleiadas, polpas, conservas, desidratados, licores e cachaças. Para mim, particularmente, foi e é um grande desafio. Primeiro conhecer, estudar, pesquisar sobre a fruta, depois transformá-la num outro alimento. Isso me dá prazer e quando ele é reconhecido, fico mais feliz ainda, pois é sinal que nosso esforço está valendo a penaâ€, avaliou.
Neuzeli considerou como um grande desafio a valorização da mulher produtora. “Sempre fomos o alicerce, mas não tÃnhamos a consciência do nosso valor. Hoje, participo desse grupo seleto, onde buscamos atualização, trocamos experiências e perspectivas, debatemos assuntos relacionados com o dia a dia, empreendemos, aprimoramo-nos e trazemos outras tantas mulheres que vivem no anonimato da produção agrÃcola para juntas ocuparmos o espaço que é nosso, com propriedade e conhecimentoâ€, enfatizou.
PRESENÇA FEMININA NO CAMPO
Nayana salientou que o Sistema FAESC/SENAR e Sindicatos Rurais incentivam a participação das mulheres e a formação da Comissão Mulheres do Agro Catarinense tem demonstrado a força das mulheres no agronegócio. “Elas têm assumido cada vez mais a liderança e a gestão das atividades tanto nas propriedades quanto nas entidades representativas do setorâ€, considerou.
Zanluchi destacou os dados de uma pesquisa coordenada pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e pelo Instituto de Estudos do Agronegócio (IEAG), intitulada como “Todas as Mulheres do Agronegócioâ€. Foram entrevistadas 862 mulheres vinculadas ao agronegócio de todas as regiões do Brasil. A pesquisa apontou que dentro do agronegócio a mulher vem ocupando espaços em diversos segmentos, sendo que 55,5% das entrevistadas disseram sentirem-se totalmente preparadas para gerirem seus negócios, 40,9% sentem-se parcialmente preparadas e apenas 3,60% não se sentem preparadas. “A pesquisa ainda demonstra que a mulher tem maior facilidade para transitar entre o campo e a cidade, é resiliente e consegue conciliar a carreira profissional e a famÃliaâ€, ressaltou.
O presidente do Sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedrozo, enfatizou que o empoderamento da mulher no agronegócio mundial tem impactos extremamente positivos. “Segundo estudos da Organização das Nações Unidas (ONU) essa mudança de postura pode representar um aumento de 30% na produção agrÃcola e garantir a segurança alimentar do planetaâ€, comentou.