Você certamente já ouviu falar da teoria do Big Bang, segundo a qual o universo surgiu a partir de uma grande explosão, há bilhões de anos. Há quem acredite, há quem discuta sua veracidade. Mas há uma nova conjectura, muito mais recente, e essa sim, indiscutÃvel. A teoria do big boom.
Um big boom é o surgimento, seguido de rápida expansão, de um conceito, ideia ou produto. Já aconteceu várias vezes ao longo da história, mas passou a ser mais frequente com a chegada da era da informática. No universo tech, big booms surgem a toda hora. A própria internet é um exemplo que ressoa até hoje, e ela tem sido veÃculo para vários outros booms.
Um bom exemplo é o boom do poker no inÃcio deste século. Antes restrito a um pequeno grupo de praticantes, o poker viu três fatores se alinharem para causar uma rápida expansão na base de adeptos, até se tornar o jogo de cartas mais praticado no mundo. O primeiro foi, justamente, a internet, que permitiu que os fãs jogassem a qualquer hora, através das plataformas online. Depois, a TV descobriu o poder de entretenimento da modalidade, e os canais esportivos começaram a transmitir os principais torneios. E, por fim, surgiram vencedores inesperados, que inspiraram novos jogadores. Tudo reunido em pouco mais de duas décadas fez o poker se expandir exponencialmente.
O boom de Seul
Ainda na área de entretenimento, tem havido um boom do que se convencionou chamar de K-pop, ou cultura pop coreana. Com a chegada das plataformas de streaming, abriu-se espaço para divulgação de uma nova e talentosa geração de artistas, roteiristas e produtores coreanos, e surgiram séries que caÃram no gosto do público, das quais a mais famosa foi Round 6. Ao mesmo tempo, boys bands como BTS e girls bands como Black Pink ganharam visibilidade (e corações adolescentes) através de redes sociais como o Tik Tok. A consagração veio com um Oscar de melhor filme em 2020 para o filme Parasita, uma honraria que a Academia raramente concede a estrangeiros.
Booms sociais
As redes sociais são, por si sós, bons exemplos de big booms. Elas surgem de repente e se expandem muito rapidamente, se conseguem acertar o gosto ou o desejo dos usuários. O Instagram cresceu como um álbum de fotos que se podia mostrar à famÃlia e aos amigos instantaneamente. O Tik Tok permitiu que as dancinhas – as boas e as ruins – corressem o globo. E o WhatsApp conseguiu juntar o email, o telefone e a secretária eletrônica em um só lugar. Todas essas redes vão se expandir, até que surja algo melhor. Se você lembrou do Orkut, foi bem lembrado.
Little booms
Todo big boom um dia acaba, ou algo perto disso. Nos anos 60 do século XX houve um big boom de cinemas drive in no Brasil, uma moda importada dos EUA. Durou alguns anos, talvez uma década, e sumiu. Hoje, cine drive ins acontecem de forma pontual, como foi recentemente em Itaiópolis, e carregam uma certa nostalgia.
E por falar em carros, vale a pena ressaltar que nem todo boom é explosivo. Alguns tem uma velocidade mais lenta de expansão, como o dos veÃculos elétricos. Quando a Tesla surgiu, em 2003, esperava-se uma rápida mudança dos carros a combustão para a matriz elétrica. Passaram-se vinte anos e, sim, cada vez mais montadoras estão produzindo veÃculos elétricos, mas ainda estamos longe de eliminar os velhos fumacentos. Vários motivos podem explicar a expansão lenta desse boom, desde resistência da indústria do petróleo a preços estratosféricos da Tesla, que agora começa a baratear. Mas é um processo que não vai parar. Mesmo lento, ainda é um boom.
Há vários outros exemplos de booms que podiam ser citados – Uber, Fintechs, plataformas de delivery. A maioria deles está conectada com a internet e com o enorme poder de processamento de informações que a tecnologia proporciona hoje em dia. E que está alimentando o que provavelmente será o próximo big boom: a inteligência artificial, que está se expandindo com velocidade e potência.  Podemos estar vendo o inÃcio de um novo universo.