Conta a história que certa vez o genial cientista e inventor Nikola Tesla passeava com um amigo em um parque da cidade quando teve uma visão. Sem perder tempo, pegou um galho de árvore e desenhou um diagrama na areia. Nascia ali o motor de indução. Mas a história não revela a qualidade do seu esboço. Não houve crÃticas quanto à falta de concordância entre os traços ou possÃveis desvios quanto à perspectiva. Um desenho tosco em algum pedaço de chão em Budapeste mudaria para sempre a história da humanidade.
Muito antes dos fantásticos esboços de Leonardo Da Vinci, ainda nas cavernas, sujeitos tratavam de registrar seus conhecimentos desenhando nas paredes. Com uma arte rudimentar e sem crÃticos a aporrinhar a vida, eles rabiscavam tudo o que lhes apetecia. Aspectos da natureza, detalhes do quotidiano, nada muito além disso. Alguns milhares de anos depois “entendidos†no assunto trataram de analisar “profundamente†essas representações. É quase certo de que aqueles caras das cavernas iriam se divertir muito com as tentativas de explicação para a sua arte: “aqui nesta pintura rupestre, o artista, por volta de cem mil anos atrás, estava a representar a força da natureza, a sua interação com a mãe terra e a devoção que tinha pelos animais sagrados que garantiam a sua proteção espiritual e também proviam a sua alimentação e bem-estar.†Dá para imaginar aquele Neandertal bronco soltando uma bruta gargalhada e a dizer: Hahahahahaha, eu estava de bom humor nesse dia e só quis desenhar um sol e um búfalo. Foi por pura diversão!
É mais ou menos essa a definição do trabalho de Jeferson Biela e da sua arte – que um dia chamaram de naïf (ingênuo em francês) -, plena liberdade estética e ausência de preocupações técnicas. Longe de qualquer pretensão comercial ou artÃstica e, muito menos, preocupado em arrancar elogios, o artista o faz, como diria o companheiro das cavernas, por pura diversão.
Desenhar sempre foi e sempre será uma forma de comunicação. Um jeito de captar informações de algum mundo paralelo, imprimir ideias brilhantes como as de Tesla ou as de Da Vinci, um momento de descontração ou até de catarse para extravasar sentimentos. Seja como for, será sempre um grande prazer olhar para a obra e poder dizer satisfeito: Está pronto! Até que ficou bom…
A obra traz, de um jeito bem divertido, uma coletânea com os melhores desenhos (a lápis) feitos pelo autor ao longo dos anos, além de textos engraçados que mostram a importância de “deixar fluir†todas as ideias e percepções que surgem espontaneamente e registrá-las com o máximo de alegria e cores possÃveis.
Aconchego Criativo
www.jefersonbiela.com