Todos que moram em Rio Negro ou em Mafra sabem o quanto a história das duas cidades está intimamente ligada à imigração dos alemães vindos da Bucovina ainda no século XIX. Muita coisa mudou na Europa desde aquela época, e o que antes se chamava de Bucovina hoje corresponde a uma região que é divida por dois países: a parte norte é composta de cidades que pertencem à Ucrânia (sendo que a maior delas é Tchernivtsi), enquanto a parte sul está no território da Romênia (e sua maior cidade é Suceava).
No entanto, como dito pelo historiador Fábio Reimão de Mello no seu texto sobre a vinda dos alemães-bucovinos a Mafra, a origem desse grupo étnico está na Floresta Bávara, localizada no que então se chamava de Reino da Baviera. Esta região atualmente corresponde ao estado da Baviera, o qual, em termos de extensão, é o maior dos dezessete da Alemanha, com aproximadamente 70.550 km². Além disso, trata-se da segunda região mais povoada do país, atrás apenas da Renânia do Norte-Vestfália.
Para além de questões de natureza demográfica, o que de fato salta aos olhos quando se fala dos bávaros é a sua identidade cultural muito peculiar. Isso se faz notar principalmente em termos religiosos – a Baviera é um dos dois estados de maioria católica da Alemanha – e culinários – a tradição cervejeira do seu povo deu origem à famosa festa Oktoberfest. Ainda assim, para muitos essa região ao sul da Alemanha é sinônimo, acima de tudo, do maior clube de futebol do país, e um dos maiores do mundo: o Bayern de Munique.
Os números do gigante de Munique
Em termos de número de títulos, já faz um bom tempo que o Bayern está há anos-luz de distância de qualquer outro clube alemão, visto que os bávaros no momento totalizam 30 conquistas do Campeonato Alemão e seis conquistas da Liga dos Campeões da Europa. Para se ter uma ideia do que isso representa, basta dizer que nenhuma outra equipe sequer chegou à marca de dez títulos do Campeonato Alemão. Além do mais, até aqui nenhuma outra equipe alemã conquistou a Liga dos Campeões mais de uma vez.
Tamanha supremacia ficou ainda mais evidente na temporada passada, quando os bávaros conseguiram pela segunda vez em sua história a tríplice coroa: Campeonato Alemão, Copa da Alemanha e Liga dos Campeões da Europa. É por essas e outras que, no último dia 10 de setembro, a casa de apostas online Betway Esportes oferecia um retorno de 1.14 para que, na temporada 2020/21, o Bayern venha a vencer novamente o campeonato nacional. Também, pudera: ano passado a equipe conquistou este título pelo oitavo ano consecutivo, e ainda por cima com uma diferença de 13 pontos para o 2º colocado, o Borussia Dortmund.
Outros gigantes da Baviera
Na Espanha, diz-se que o Barcelona, por tudo o que representa para a região da Catalunha, é mais que um clube. Guardadas as devidas proporções, o mesmo poderia ser dito a respeito do Bayern, visto que, embora 75% das ações do clube pertençam a seus sócios, aproximadamente 25% dessas ações pertencem a três grandes instituições que também estão sediadas na Baviera: a Adidas, da cidade de Herzogenaurach; a Allianz, de Munique; e a Audi, com sede em Ingolstadt.
Aliás, o patrocínio da Audi rendeu um incidente recente que, de tão inusitado, chega a ser surreal: como dito no site da revista Autoesporte, alguns jogadores da equipe – dentre eles o brasileiro Philippe Coutinho – foram multados em 50 mil euros pela construtora alemã. O motivo? Tais atletas não cumpriram uma das condições do contrato de patrocínio com o clube, a de que só poderiam ir ao centro de treinamento dirigindo um Audi e-tron, o qual foi fornecido de graça pela empresa no início da temporada.
Como se vê, um episódio como esse apenas mostra como o Bayern vive numa realidade muito diferente inclusive da de outros grandes da Europa. Embora em termos de valor de mercado o clube seja apenas o 6º colocado, isso se deve em parte à filosofia de trabalho dos alemães, que consiste em priorizar a construção de um grande time, independentemente de se ter jogadores midiáticos. Assim, se hoje o atacante polonês Robert Lewandowski é o favorito para ser eleito o melhor do mundo pela FIFA, isso se deve menos ao seu inquestionável sucesso em termos individuais, e mais pela necessidade de se encontrar alguém que simbolize o atual momento do clube de Munique.