Pode ser que você já tenha visto, pode ser que você nunca tenha notado, mas entre os túmulos do cemitério municipal de Rio Negro, uma entre as diversas lápides escritas em idioma alemão, ainda, existente naquele campo santo, marca a última morada de um homem que detém uma curiosa história pessoal.
A lápide simples, fixada em um túmulo igualmente simples, à direita de quem entra no cemitério por sua entrada principal. Bem representa a personalidade e a vida também simples de um o homem cuja humildade, discrição, apego à família, trabalho e coragem foram marcas de sua existência.
Uma existência que, como se pode imaginar, principiou há muito tempo em um lugar igualmente distante. Mais exatamente no dia 06 de outubro de 1851, na cidade de Gura Humora na Bucovina, província no leste do então império Austro-Húngaro e, cerca de 37 anos depois seria marcada pela imigração à Riomafra.
Juntamente da esposa Maria e das filhas Bárbara e Josefa, Josef embarcou na ousada ideia de deixar sua terra natal em busca melhores condições de vida para sua família num país distante e igualmente desconhecido chamado Brasil.
Acompanhado de centenas de conterrâneos, dirigiu-se até o Porto da cidade de Bremen, na Alemanha (localizado a cerca de 1300 km da Bucovina), onde, conforme comprova lista de passageiros existente no Arquivo Nacional no Rio de Janeiro, embarcou na terceira classe, do navio SS Berlin, levando consigo apenas duas bagagens registradas, em 28 de maio de 1888.
Uma viagem demorada, cansativa e com diversas escalas, na qual cruzou o oceano Atlântico, vindo a desembarcar definitivamente, no Porto de Paranaguá no litoral paranaense, depois de percorrer aproximadamente 10.000 km desde sua saída da “Terra das Faias” (na tradução de “Bucovina” do alemão para o português).
Aqui, chegando em 16 de junho daquele ano, portanto há quase exatos 125 anos, Josef e seus familiares, como todos os integrantes daquela segunda leva de imigrantes alemães-bucovinos tiveram de enfrentar a difícil adaptação ao clima, ao idioma, as pessoas e aos costumes locais, ao reinício da vida profissional, aos problemas de integrar um movimento migratório espontâneo (o qual nossas cidades não haviam se preparado para receber), as dificuldades financeiras e enfim, uma série de situações que representavam na prática o verdadeiro reinício de uma vida, com a fixação na região da Volta Grande em Rio Negro, com o cultivo da terra e o trabalho como carroceiro. Situações que requerem daqueles que estão diretamente envolvidos, muito mais do que o simples desejo de melhoria de vida, sendo necessária uma ação efetiva e contínua, o que exige superação dos próprios limites pessoais e, por assim ser, não representam algo fácil de ser realizado, daí a persistência e a coragem da realização de tais feitos serem admiráveis até os dias de hoje.
Se o fato de ter participado de todo um processo migratório no final do século XIX já representa um grande vulto na vida de uma pessoa, principalmente nas condições descritas, sendo algo para ser rememorado tanto pelo próprio indivíduo quanto pelas gerações futuras, outros fatos que por ventura possam ser somados, sem dúvida indicam uma vida bem movimentada.
Nesse assunto é interessante saber que Josef, antes de constituir família e participar de toda a epopeia de imigração Bucovina, participou de um conflito armado na Europa, não residindo na imigração a única grande demonstração de coragem e superação desse homem simples e discreto.
Como colono de origem germânica e residente na Bucovina, Josef serviu ao exército Austríaco, numa época conturbada por conflitos na região dos Balcãs, envolvendo interesses austro-hungaros e turcos e, em que a concepção e organização militar seguiam moldes antigos, altamente rígidos (para aqueles quem hoje em dia vinculam sofrimento ao serviço militar, imaginem como era isso a cerca de 110 anos, quando se pode considerar não existiam castigos físicos, por falta do termo e não de prática)!
Nas décadas de 1870 e 1880, diversas revoltas estouraram nos Balcãs, principalmente na região da Bósnia, devido à disputa quanto ao domínio da área, por Autro-Húngaros e Turcos, assim Josef, como integrante do exército austríaco, foi enviado à área para participação direta nos combates ali travados.
Enfrentou a tensão da guerra, o frio do inverno europeu, a rudeza das armas e da forma com que se fazia a guerra, fazendo parte de violentos combates, muitos dos quais que chegavam a ser travado no corpo-a-corpo com o inimigo, algo que sem duvida, tinha um ingrediente a mais de apreensão, receio e medo, devido ao conhecido costume adversário de decapitar os soldados derrotados.
Assim podemos ver que grandes histórias, vidas movimentadas e curiosas não são propriedade apenas de pessoas de renome ou que se fazem conhecidas por motivo da divulgação de seus feitos. Grandes histórias pertencem muitas vezes aqueles que estão à nossa volta, humildes e discretas como Josef, o colono alemão-bucovino, ex-combatente austríaco, pai de família, agricultor e carroceiro.
Joseph Schafhauser, meu bisavô, pai da minha avó paterna Josefa Schafhauser Lang.
Olá, Valderez! Também sou descendente de Joseph Schafhauser, por parte do filho dele André Schafhauser! Por favor, teria mais informações da família? Estou a procura de informações.
Joseph Shafhauser, meu bisavô pai da minha avó paterna Josefa Schafhauser Lang.