Esta é uma semana em que, por ocasião das celebrações da Páscoa, muitas tradições religiosas e culturais são cultuadas tornando-se bem visíveis a toda população, sendo a participação em ritos religiosos, o preparo de alimentos típicos da época, as reuniões de família, a confecção de ninhos e a troca de ovos exemplos disto. Costumes que podem possuir algumas variações, de acordo com as tradições das etnias das quais se herdou o costume e, que ajudam a conferir à Páscoa um espírito diferenciado em relação ao restante do ano.
Mas, apesar do domingo de Páscoa ser o grande momento desse período, muitas dessas tradições são praticadas ao longo da Semana Santa, sendo um costume em especial, muito praticado em nossas cidades, realizado entre a Sexta-Feira Santa e o Sábado de Aleluia e que, apesar de parecer somente uma brincadeira, é a manifestação de uma antiga tradição cristã:
Durante o dia, reuniões discretas de pequenos grupos na casa de amigos, o olhar atento pelas casas em passeios pela vizinhança, o juntar de roupas velhas, cordas, jornais ou palha e a prática de muita costura, por pessoas nem um pouco acostumadas a tal serviço.
A noite, a observação da movimentação de pessoas e carros pelas ruas, o caminhar lento e o olhar atento ao alvo, geralmente a casa de um amigo que não participou da reunião diurna ou então alguém bem (ou mal) quisto pelo grupo. A condução de algo com forma e tamanho humano, totalmente inerte, o passar pelo portão ou mesmo por cima do muro, num caminhar lento e silencioso para não chamar a atenção de ninguém, o pendurar daquela figura humana ou mesmo sua colocação sobre o telhado e a fuga sem levar nada, apenas mais uma história que renderá muitas risadas logo depois.
De manhã, a surpresa do dono da casa em encontrar aquele presente deixado durante a noite e então, a reunião de pessoas em torno do boneco e que recebe uma grande surra e é queimado na seqüência.
É assim que, em linhas gerais, muitos riomafrenses põe em prática o costume conhecido como “Malhação do Judas”, que para alguns torna-se bem evidente na manhã do sábado de Aleluia, quando por diversos pontos de nossas cidades podemos ver os “Judas” pendurados por casas e lugares públicos.
Esse costume, tradicional em nossa região como em diversos outros pontos do Brasil, é uma tradição cristã, presente em diversas culturas que, se baseia na descrição Bíblica de que Judas Iscariotes, arrependido por trair Jesus Cristo em troca de dinheiro, teria se enforcando.
Assim, a “Malhação do Judas” revive o fato do enforcamento do apóstolo com a confecção de um boneco do tamanho de um homem, feito de roupas velhas, trapos, jornais, serragem ou outros materiais, que é pendurado (enforcado) durante a noite e que surpreende aqueles que o encontram na manhã seguinte. Incorporando-se a partir daí o que seria uma reação popular à traição, na qual o boneco (que incorpora a idéia do traidor) é agredido e queimado, pelo ato cometido contra o Filho de Deus, que o levaria a crucificação.
Com a Malhação do Judas, essa tradição religiosa cristã é mantida em nossa Riomafra, não com o possível aspecto violento que possa sugerir, mas com o espírito de uma grande brincadeira, que diverte tanto a Judeiros (pessoas que fazem os Judas) quanto aqueles que o recebem, malham ou tão somente os veem ao andar pelas ruas da cidade.