Aconteceu no dia 27 de julho a 12ª Conferência Municipal de Saúde em Campo do Tenente, na busca da saúde pública de qualidade – atenção básica de qualidade para cuidar bem das pessoas, com o tema a Atenção Básica e você.
Nos desafios para propiciar saúde pública de qualidade, precisamos desenvolver e retomar a atenção básica com qualidade, para o bem cuidar das pessoas.
Trazemos abaixo questionamentos realizados pela conferencista Marina Martins, que brilhantemente e com coragem nos trouxe a tona os problemas vivenciados por todos nós, usuários, gestores e servidores.
O que é qualidade na saúde pública? O que é qualidade na atenção básica? O que é qualidade no SUS?
É mais consulta? É mais especialidade? É mais exame? É material? São equipamentos de última geração? É gestão?
A situação epidemiológica atual migrou da tripla carga de doenças, Infecções, desnutrição e problemas de saúde reprodutiva, até na década de 2000, eram as causas que mais exigiam cuidados e em consequência mortes. Hoje além do crescimento das causas externas (violências, acidentes, suicídios, homicídios, etc.) há forte predominância relativa das doenças crônicas e de seus fatores de riscos, como: tabagismo, sobrepeso, inatividade física, uso excessivo de álcool e outras drogas e alimentação inadequada, esses fatores somados exigem uma complexidade muito maior no atendimento dessas demandas. “A qualidade está no cotidiano dos serviços”, instituir processos de mudanças no sistema de saúde, no modelo de atenção à saúde, no comportamento e estilo de vida das pessoas, não dá para fazer mais do mesmo jeito, é preciso mudar o modelo de atenção, da cura para o cuidado, da queixa-problema para o plano de cuidado, da atenção prescritiva e centrada na doença para a atenção colaborativa e centrada na pessoa, da atenção centrada no indivíduo para a atenção centrada na família – estratificação/classificação de risco.
O equilíbrio entre a atenção programada e a atenção à demanda espontânea, da atenção uni profissional para a atenção multiprofissional, a introdução de novas formas de atenção profissional, estabelecimento de novas formas de relação entre a atenção básica e a atenção ambulatorial especializada. O equilíbrio entre a atenção presencial e a não presencial – autocuidado – (onde as pessoas passam a maior parte do tempo). O fortalecimento do autocuidado apoiado – manejo dos crônicos.
A atenção básica não deve ser centrada na consulta médica. Sendo o primeiro contato, a porta de entrada, tem que ter a visão de longitudinalidade e integralidade atuando em território adstrito, voltados para a atenção às famílias e coletividades do território, muda dos sistemas fragmentados para as redes de atenção a saúde, somos todos responsáveis!
É preciso chegar antes da doença: da dengue, da influenza, mas também cuidar da depressão, da obesidade, das drogas, do tabagismo, do álcool, dos acidentes, das violências…é preciso mudança no modelo de atenção à saúde, é preciso mudança no comportamento e no estilo de vida das pessoas, o papel do usuário e sua responsabilidade no fortalecimento do SUS.
O que você espera da saúde? O que você faz pela saúde? O que você faz pela sua saúde? O papel do usuário e sua responsabilidade no fortalecimento do SUS
Somos todos responsáveis também pela qualidade.
Na Gestão Clínica precisamos de financiamento adequado; recursos humanos; recursos materiais; Compreensão e execução das Redes de Atenção; Compreensão do SUS. Autocuidado; Autocuidado apoiado; Projeto Terapêutico Singular – PTS; Revisão do modelo de “consultação” nas UBS; Uso racional dos medicamentos, exames e procedimentos; Humanização – é preciso para cuidar bem das pessoas!
Como estamos cuidando das pessoas no Sistema Único de Saúde? Como estamos sendo cuidados? Quem são as pessoas do Sistema Único de Saúde? Somos todos nós!
“Sem sentimento de pertencimento a um ideal, cultura, filosofia, país, tudo o que fizermos será fraco porque distante da alma e do coração. É preciso que todos se sintam pertencentes ao SUS”. Lenir Santos, p.159.
Eu quero pertencer a este sistema, ao SUS? O que a Mídia, os meios de comunicação nos apresentam do SUS?
Hospitais lotados até os corredores…, ambulâncias quebradas nas garagens dos órgãos públicos…, falta de médicos e de medicamentos…, Unidades Básicas de Saúde em péssimas condições…Onde tá dona Maria…? ficou em casa hoje ta doente…
Existe um SUS universal, garantido na Constituição…Existe um SUS que incluiu milhões de pessoas que eram considerados indigentes…Existe um SUS que dá certo, e que ninguém mostra. É o SUS que atende da criança ao idoso…
É o SUS que faz ações de promoção à saúde, que previne doenças, que garante a vacina e que disponibiliza também o transplante…
É o SUS que faz vigilância e cuida da qualidade dos alimentos e da água que consumimos…
É este SUS que temos que defender… e ajudar a construir e reconstruir se for preciso… no município participando na Conferência Municipal, no Conselho Municipal de Saúde; Consolidar a Rede de Atenção à Saúde: as redes Mãe Paranaense, de Urgência e Emergência, de Atenção Psicossocial e outras nas áreas de saúde; trabalhar com as mídias locais;
nas Unidades Básicas de Saúde oferecer saúde pública de qualidade, Atenção Básica de qualidade para cuidar bem das pessoas – Despertar o sentimento de pertencimento ao SUS!
De tudo ficaram três coisas…
A certeza de que estamos começando… A certeza de que é preciso continuar…
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar…
Façamos da interrupção um caminho novo… Da queda, um passo de dança…
Do medo, uma escada… Do sonho, uma ponte… Da procura, um encontro!
Fernando Sabino