O encontro macrorregional “Conversando sobre adoção”, reuniu mais de 120 pessoas, nessa quinta-feira (14), em Porto União. O evento é promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente (CDDCA) da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), presidida pelo deputado estadual Dr. Vicente Caropreso (PSDB).
Segundo ele, o objetivo é discutir temas relacionados à convivência familiar e comunitária e a importância dos grupos de adoção. “Precisamos envolver a comunidade nas discussões. Nosso intuito é conscientizar a população sobre a importância da adoção tardia, interracial, crianças e adolescentes com deficiência e grupos de irmãos”, afirmou o parlamentar.
O coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude do Ministério Público de SC, promotor João Luiz de Carvalho Botega, apresentou números que desenham uma triste realidade, já que existe uma grande diferença entre as crianças que estão em busca de um lar, e os pretendentes a adoção. Segundo dados do CNJ, 16,6% das crianças têm entre 0 e 4 anos, 83,4% têm mais de 4 anos, porém, 67% dos pretendentes aceitam crianças de até 4 anos de idade. Além disso, 48% dos adolescentes que estão em abrigos têm entre 13 e 17 anos e apenas 0,7% aceitam adolescentes nessa faixa etária. Dos pretendentes a adoção, 19,7% só aceitam crianças que sejam brancas, mas, 66,1% das crianças não são brancas. E ainda, 67% não aceitam adotar irmãos, mas 61% das crianças têm irmãos.
Para o promotor é preciso avançar e fazer com que essa realidade mude. “A conta não fecha. O perfil das crianças que estão aguardando na fila da adoção não é o mesmo perfil buscado pelos pretendentes, e isso tem vários motivos. Por que idealizamos um bebê adotivo em perfeitas condições de saúde, quando não temos essa segurança nem com o nosso próprio filho? A fila da adoção só existe para quem quer esse perfil extremamente fechado” concluiu Botega.
Giceli Gonçalves, moradora de Porto União, destacou que o evento foi decisivo para ela e o marido realizarem uma adoção tardia. “Já temos dois meninos, mas queremos uma menina. Vamos entrar com um pedido de adoção de criança ou adolescente e os depoimentos das crianças mostrados no evento nos fizeram ter ainda mais certeza dessa decisão”, afirmou.
Ruan Wolf conta como a adoção fez parte da sua vida. “Eu era filho único até pouco tempo e minha mãe adotou um anjinho cinco anos atrás. Ele veio para nossa casa com um ano e meio. Eu tive a grata satisfação em poder chamar alguém de irmão e agradeço a minha mãe e ao meu padrasto por esse presente. Agradeço ao deputado Dr. Vicente por ter lembrado de Porto União para sediar esse encontro macrorregional sobre adoção, pois é importante que as pessoas entendam a complexidade no processo de adoção”.
O último encontro acontecerá em Joinville no dia 21 de junho. Inscrições e mais informações no e-mail: cca.alesc@gmail.com ou telefone (48) 3221-2973.
é preciso voltar o olhar um pouco na parte burocrática da adoção e implantar um sistema de transparência da fila de espera aos pais, pois não é justo vc estar 6 anos na fila de adoção para crianças de 0 a 5 anos podendo ser irmãos e saber que pessoas após 2 anos de espera já conseguiram adoção e de recém nascido que é mais difícil. e nesse tempo as crianças crescem e os pais pretendentes nunca tiveram a chance de adotar. Deveria existir fila única no Estado com rigoroso controle.