O preço do arroz deve seguir em alta em Santa Catarina pelo menos até a próxima safra, em março de 2021, e aumentará ainda mais para os consumidores nos próximos dias, avalia o presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Paulo César Lopes. Na visão dele, medidas anunciadas pelo governo, como a redução a zero da taxa de importação do alimento, podem ajudar a diminuir o custo, mas são insuficientes para resolver a situação neste momento.
O presidente da Acats falou sobre o assunto na manhã desta sexta-feira (11) em entrevista à NSC TV e, em seguida, também ao Diário Catarinense.
“Nós imaginamos que, com essa medida para importação do arroz, principalmente, deve talvez diminuir um pouco o custo, mas não muito. Isso só vai ser resolvido na próxima safra, que, no caso do arroz, será em março do ano que vem”, comentou.
Segundo ele, até lá, a tendência é que o preço do alimento siga num patamar mais elevado.
“É a lei da oferta e da procura. Só com a próxima safra, no ano que vem, é que poderemos ter o preço de volta ao que tínhamos antes desse aumento, que começou há cerca de um mês”, reforça.
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Segundo Paulo César Lopes, há cerca de dois meses um pacote de 5 kg de arroz era comercializado em Santa Catarina a um valor médio de R$ 12, podendo chegar a R$ 9 em promoções. Nesta sexta-feira (11), o produto é vendido a uma média de R$ 18 nos mercados do Estado.
Porém, ainda de acordo com o presidente da Acats, o preço deve aumentar nos próximos dias para o consumidor. Isso porque, segundo ele, o valor da compra da fábrica para os supermercadistas já cresceu de 70% a 100% desde março.
“O valor ainda não subiu tanto para os consumidores porque os supermercados estão segurando, porque tem estoque, mas semana que vem ele vai subindo, e vai chegar num patamar mais alto”, disse.
Para o presidente da Acats, diante da situação, a alta dos preços nas prateleiras é inevitável.
“Nós somos repassadores de preço, se o fornecedor aumenta o preço, nós somos obrigados a repassar. Na maioria das vezes, a gente acaba segurando o preço, porque nós temos um estoque, e repassa quando compra um novo estoque. Não tem como evitar isso, infelizmente”, afirmou.
Paulo César Lopes também disse que os supermercadistas de Santa Catarina foram surpreendidos com o aumento no preço de itens da cesta básica no último mês, especialmente do arroz e do óleo de soja.
“Na verdade, isso tem um motivo, principalmente atrelado ao aumento da exportação, à alta do dólar, que propicia que os produtores exportem, e isso obviamente está refletindo aqui na ponta, que é nas gôndolas dos supermercados. Houve também uma demanda bastante grande, em virtude do consumo interno”, avaliou.
“Uma opção que estamos dando para os nossos consumidores é que procure substituir esses produtos que estão aumentando por outros. Por exemplo, substituir o arroz por macarrão, e assim por diante”, disse.
Nesta terça-feira (8), o Procon de Santa Catarina enviou um ofício à Secretaria Nacional do Consumidor solicitando uma reunião com a Secretaria de Estado da Fazenda e o Ministério da Agricultura “para que sejam tomadas as medidas cabíveis” a fim “de resguardar os direitos dos consumidores”.
Segundo o documento, assinado pelo diretor do Procon, Tiago Silva, o órgão vem recebendo relatos e denúncias sobre o aumento no preço de alimentos como arroz, feijão, carne, leite e soja, e que em determinados casos o aumento chega a 80%.
Na manhã desta sexta, Silva disse que o Procon ainda não recebeu um retorno da Secretaria Nacional do Consumidor. Segundo ele, a orientação é que os consumidores façam pesquisas de preço antes da compra de alimentos.
Fonte: NSCTotal