Risco real de desabastecimento de gás no sul e no nordeste

Por Gazeta de Riomafra - 27/06/2018

Nas últimas semanas, um fato que tem alarmado a região nordeste do país foi o desabastecimento de (GLP) Gás Liquefeito de Petróleo. Segundo informações do Singás do Rio Grande do Norte, cerca 95% dos revendedores estão sem gás.

Desde a greve dos caminhoneiros, “a quantidade de gás que chega é insuficiente para as revendedorasâ€. Outros estados no nordeste, como Paraíba e Pernambuco, também tem sofrido com a ausência de GLP.

Segundo a Associação Brasileira de Entidades de Classe das Revendas de Gás (Abragás), além da região nordeste, cidades do centro-oeste e do sul também enfrentariam escassez do produto para a atender a demanda dessas regiões.

Esse problema deve se agravar agora no terceiro trimestre do ano, quando as temperaturas mais baixas no País costumam impulsionar um aumento da compra de GLP nas residências brasileiras.

Entre as causas da redução do fornecimento do GLP estão a parada programada da Refinaria do Paraná, que afetou a produção e gerou uma baixa no estoque da região. A Petrobras teria informado à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) que utilizaria a produção das refinarias do estado de São Paulo para reequilibrar a oferta de gás no mercado nacional.

Quando examinado mais detalhadamente, nota-se que o problema não se resume a parada programa na REPAR, uma vez que há uma redução da produção do GLP nos últimos dois anos e que envolvem o conjunto das refinarias do Nordeste e Sul.

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Quando se considera o mercado consumidor e as quatro maiores refinarias de ambas as regiões (Sul e Nordeste), a REFAP, a REPAR, a RNEST e a RLAM, nota-se uma progressiva queda da produção de GLP, por um lado, e um crescimento do consumo no terceiro trimestre de cada ano, por outro.

No terceiro trimestre de cada ano, o consumo de GLP sempre apresenta um crescimento entre 5% e 10% em relação ao trimestre anterior. Para o suprimento dessa demanda, a suposição seria de que a Petrobras ampliaria sua produção de GLP. Para essas regiões observa-se, porém, o fenômeno oposto, ou seja, independentemente das flutuações da demanda, a Petrobras tem reduzido progressivamente a produção de GLP.

A produção que era 1,1 milhão no primeiro trimestre de 2016 caiu para 945 mil no terceiro trimestre de 2017 e agora, nos três primeiros meses de 2018, recuou para 862 mil barris equivalentes de petróleo (bep) por mês.

Com isso, a diferença entre a produção e o consumo, que foi de 833 mil bep de GLP no primeiro trimestre de 2016, bateu 1,2 milhão no terceiro trimestre de 2017. E essa diferença somente não aumentou em 2018 porque a demanda por GLP caiu e não por um aumento da produção.

Portanto, pode-se supor que, mantendo a curva de produção com uma trajetória declinante, a diferença entre a demanda e a produção de GLP nessas regiões deve aumentar ainda mais no próximo trimestre, superando a casa do 1,2 milhão de bep observada no terceiro trimestre de 2017.

Ou seja, a atual situação de desabastecimento observada em estados como Rio Grande do Norte, Recife, Paraíba e Santa Catarina tendem a se agravar no curto prazo caso a Petrobras não retome a sua produção nessas localidades.

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