Uma das esperanças para quem quer abandonar o uso de drogas e álcool, as comunidades terapêuticas de Santa Catarina passam por um momento de incertezas, tudo porque, os governos nas três esferas do poder não cumprem ou cumprem apenas em parte suas promessas. Exemplos não faltam, como aponta o psicólogo e coordenador técnico da Associação Terapêutica Novo Amanhecer (Atena), Edson Eckel. “O programa que financia leitos em comunidades terapêuticas promovido pela Secretaria Nacional de PolÃticas sobre Drogas (SENAD), órgão integrante do Ministério da Justiça, já anunciou a diminuição dos repasses em 30%. O Programa Reviver (Programa Rede Estadual de Atenção a Dependentes QuÃmicos) até foi lançado em março deste ano, mas não saiu do papelâ€, diz.
Edson explica que o Programa Reviver foi lançado pela primeira vez em 2014, e até então, era tido como o principal programa do governo estadual para atenção a dependentes quÃmicos. “A terceira etapa do programa Reviver tinha tudo para ser perfeito, inclusive tinha o apoio maciço da Assembleia Legislativa! A promessa era de repasses na casa dos R$ 10 milhões de reais, aumento de comunidades terapêuticas credenciadas no programa, de 82 para 100 instituições, e implementação do sistema biométrico de identificação, como forma de mostrar a credibilidade e transparência com os recursos públicos. Mas nada disso aconteceuâ€, lamentou.
Pagamentos em atraso
Segundo o idealizador do Programa Reviver e presidente da Comissão de Prevenção e Combate à s Drogas deputado Ismael dos Santos (PSD) ainda não foi possÃvel lançar a terceira etapa do Reviver em 2016 por falta de previsão orçamentária. “Há o compromisso do governador de fazê-lo em janeiro 2017, inclusive com a acreditação de novas comunidades, mas, é claro, tudo isso depende de boa vontade do governador (Raimundo Colombo – PSD).â€, pontuou.
Vale lembrar que a última parcela paga para as comunidades terapêuticas dentro do Programa Reviver II foi em outubro, e com três meses de atraso, porém esse valor correspondeu apenas a quatro, das dez vagas inicialmente contratadas. Mesmo assim, as comunidades continuaram a prestação de serviço pelo programa e agora reivindicam que sejam repassados valores ainda no ano de 2016. “A promessa do governador em liberar recursos a partir de janeiro de 2017, em nada tranquiliza os dirigentes das comunidades terapêuticas, até porque, o programa já teve lançamento e promessa de efetivação em agosto, mas nada ocorreu nesse sentido.â€, explica a administradora da Atena, Fernanda Virmond.
Desinformação
Outro problema enfrentado pelas comunidades terapêuticas, segundo Fernanda, é a falta de informação. “Quem não conhece o trabalho de uma comunidade terapêutica à s vezes tem uma visão distorcida e até acredita ser um depósito de pessoas ou mesmo um manicômio, algo bem diferente de nossa realidade. A Atena, por exemplo, está entre as 10 melhores comunidades terapêuticas do estado e para se ter uma ideia da importância das comunidades, em 2015, apenas pelo Programa Reviver foram mais de 7 mil dependentes acolhidos e recuperados nas 82 instituições certificadas pelo programa. Isso mostra o quanto os programas públicos e as comunidades são importantes.â€