O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) organizou, em conjunto com apoiadores, uma carreata de sensibilização no Dia Mundial da Doação de Órgãos, comemorado no último dia 27. Nas ruas centrais de Mafra e Rio Negro, caminhão dos Bombeiros e da Polícia Militar, com a presença de personagens infantis do Circo Social, entidades como a Pró Rim, demais empresas, equipe de enfermagem e Assistência do Social do HSVP desfilaram levando faixas, cartazes e uma mensagem de esperança: Doe órgãos e Salve Vidas.
A doação de órgãos e tecidos – tanto em vida quanto depois de diagnosticada a morte encefálica – ainda é um tabu. “Como a decisão fica a cargo dos familiares, ainda vemos um pouco de resistência com relação a esse gesto de consciência e amor ao próximo”, explica a enfermeira Lucimara Kauva e o enfermeiro Ossimar Carlos Friedrich, Membros da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos, Tecidos e Transplantes (CIHDOTT) do hospital de Mafra -que lideram as campanhas de sensibilização pela doação.
“O trabalho de orientação e conscientização é feito porque esse tema precisa ser divulgado. O objetivo é salvar vidas”, completa Lucimara. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, atualmente há mais 30 mil pessoas na fila de espera por algum tipo de transplante. Esta espera só diminui quando os familiares da pessoa que sofreu uma morte encefálica concordam e autorizam com a utilização dos órgãos após o falecimento.
“Uma parte relevante do nosso trabalho é o treinamento dos profissionais para lidar com a situação e dar o apoio necessário à família. É preciso fazer um trabalho de excelência nesse aspecto, e é por isso que temos trabalhado aqui”, resume a enfermeira. Outro aspecto é a identificação rápida da morte encefálica, que é a perda definitiva e irreversível das funções cerebrais e do tronco encefálico. O diagnóstico independe da possibilidade de doação, mas é necessário para que este gesto se concretize o mais rápido possível e possibilite a utilização de órgãos e tecidos em outros pacientes.
CAPTAÇÃO E TRANSPLANTES
A fila de espera para transplante de órgãos e tecidos é única em todo o país, organizada sempre pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e gerenciada pelas centrais de transplante em cada estado. Em Santa Catarina, a SC Transplantes organiza as captações e doações.
No Hospital de Mafra não são realizados transplantes, mas é executada a captação de órgãos. As córneas são os órgãos mais doados na cidade e o transplante é feito, em geral, em Joinville ou em outro centro médico especializado no estado ou em outros estados.
HISTÓRICO
Em 1997, uma resolução do Conselho Federal de Medicina instituiu a morte encefálica e a possibilidade de doação de órgãos e tecidos. “O assunto é relativamente ‘novo’, então precisamos conscientizar a população sobre essa possibilidade e essa necessidade”, comenta Carlos Friedrich, coordenador de enfermagem do HSVP e integrante da CIHDOTT. Em Mafra, a primeira captação de órgãos foi realizada em setembro de 2009.
A única maneira de garantir a doação de órgãos é conversando sobre o assunto com familiares, sem medo de tocar em um assunto sensível e informar a opção pela doação de órgãos.
AGENDA LOTADA
No último mês, vários eventos reforçaram a mensagem da doação de órgãos. A enfermeira Lucimara Kauva e o enfermeiro Ossimar Carlos Friedrich Filho realizaram palestras para universitários na UnC, Auto Escola Mafra e organizaram uma panfletagem no centro de Mafra; além de promoverem a carreata da última terça-feira.