Na próxima sexta-feira, dia 08, será realizada em Mafra a palestra “Ideologia de Gênero – O que realmente significa”. O evento será às 19h30 no Auditório da SICOOB Credinorte, situado na Av. Frederico Heyse, nº 356, em Mafra.
A palestra será ministrada pelo Dr. Rafael Meira Luz, Promotor de Justiça da Infância e Juventude de Jaraguá do Sul-SC. O ingresso será 1kg de alimento não perecível.
A realização é do Acampamento Moriah. Para mais informações ligue: (47) 3642-1654. Ou então acesse o site: www.acampamentomoriah.org
O QUE É “IDEOLOGIA DE GÊNERO”?
Termo que faz referência a conceitos sexuais é pouco conhecido do público e voltou ao debate político na elaboração dos planos de educação
A “ideologia de gênero” é uma expressão usada pelos críticos da ideia de que os gêneros são, na realidade, construções sociais. Para os defensores desta “ideologia”, não existe apenas o gênero “masculino” e “feminino”, mas um espectro que pode ser livremente escolhido pelo indivíduo.
A chamada “ideologia de gênero” representaria o conceito que sustenta a identidade de gênero. Consiste na ideia de que os seres humanos nascem “iguais”, sendo a definição do “masculino” e do “feminino” um produto histórico-cultural desenvolvido tacitamente pela sociedade.
Tradicionalmente, a palavra gênero costuma ser interpretada como sinônimo do sexo atribuído, ou seja, correspondente ao órgão sexual que o indivíduo nasceu (pênis é masculino, vagina é feminino). Mas, de acordo com a identidade de gênero, o fato de determinada pessoa ter nascido com o órgão sexual masculino, não faz com que esta se identifique obrigatoriamente como um homem.
Deste modo, os defensores da nomeada “ideologia de gênero” identificam gênero como a projeção de tudo aquilo o que a sociedade e a cultura esperam que seja típico do comportamento masculino e feminino, por exemplo. E, neste caso, estes comportamentos não precisam estar obrigatoriamente ligados ao sexo atribuído.
Outra confusão comum é entre a identidade de gênero e orientação sexual, sendo esta última referente a preferência sexual que determinada pessoa possui, e que pode ser dividida em: assexual; homossexual; bissexual e pansexual, por exemplo.
Assim, a “ideologia de gênero” seria a abrangência destas ideias, colocando o “gênero” como algo que pode ser mutável e não limitado, como define as ciências biológicas.
No Brasil, o debate sobre a “ideologia de gênero” se intensificou com a estruturação do Plano Nacional de Educação (PNE), em 2014. Neste caso, a proposta do Ministério da Educação (MEC) era incluir temas relacionados com a identidade de gênero e sexualidade nos planos de educação de todo o país.
Os críticos à “ideologia de gênero” acusam esta de servir para doutrinação das crianças, desconstruindo os tradicionais conceitos de família, principalmente aqueles que estão baseados em preceitos religiosos.
No entanto, os defensores da chamada “ideologia de gênero” alegam que o projeto visa reforçar a necessidade para que seja discutido identidade de gênero nas escolas, ajudando a diminuir o preconceito e promover uma futura sociedade com igualdade entre as pessoas.
CONFUSÃO EM TORNO DO TERMO COMEÇOU HÁ VINTE ANOS, NA ONU
Estudiosos afirmam que a expansão da ideologia de gênero teve início na Conferência sobre as Mulheres, realizada em Pequim, em 1995. A jornalista norte-americana e participante da conferência Dale O’Leary diz em seu livro The Gender Agenda (ou algo como a Discussão do Gênero), de 1997, que o evento resultou em orientações para que governos de todo o mundo incorporassem a “perspectiva de gênero” em todo programa e em toda a política, em cada instituição pública e privada.
Em sua crítica, Dale lamenta que uma decisão com esse alcance tenha se dado sem a prudência de se explicar às pessoas a natureza dessa agenda, e afirma que essa discrição foi proposital. “A Agenda de Gênero navega nas comunidades não como um navio elevado, mas como um submarino, determinado em revelar-se tão pouco quanto possível”, diz a escritora.
No artigo “Perspectiva de género: sus peligros y alcances” de Jutta Burggraf, doutora em Pedagogia da Universidade de Navarra, Espanha, são relatados detalhes do evento. A cúpula da conferência teria emitido a seguinte definição: “O gênero se refere às relações entre mulheres e homens baseadas em papéis definidos socialmente que se refiram a um ou outro sexo”.
Segundo Jutta, na ocasião, muitos delegados ficaram confusos com o conceito, sugeriram a substituição pelo termo “sexo” e receberam a seguinte explicação da feminista e ex-congressista norte-americana Bella Abzug. “O sentido do termo ‘gênero’ evoluiu, diferenciando-se da palavra ‘sexo’ para expressar a realidade de que a situação e os papéis da mulher e do homem são construções sociais sujeitas à mudança”. Os documentos conclusivos da conferência de Pequim acabaram por assimilar o termo.