Ministério Público está investigando o caso da mulher rendida por PM

Por Gazeta de Riomafra - 14/03/2020

Nesta semana foi divulgado um vídeo que mostra a ação da Polícia Militar de Mafra em uma ocorrência. Na gravação um dos policiais, aparentemente sem necessidade, usa de força excessiva jogando uma mulher contra o chão, quebrando uma de suas pernas. Ela estava sendo presa por desacato.

A mulher é a costureira Silvana de Souza, 39 anos, moradora do bairro Jardim Novo Horizonte em Mafra, que além da fratura, teve um corte no nariz e sofreu hematoma em um dos olhos. O fato ocorreu no dia 19 de fevereiro.

O vídeo postado viralizou imediatamente, deixando a população indignada e sendo assunto nos principais veículos de comunicação da cidade e do estado, chegando a ser citados nas redes sociais de algumas personalidades que defendem os direitos da mulher como a deputada federal pelo Rio de Janeiro Jandira Feghali.

O Ministério Público de Santa Catariana (MPSC) está acompanhando o caso desde o dia 21 quando determinou o recolhimento das gravações das imagens das câmeras táticas usadas pelos policias, outras gravações e o auto da prisão em flagrante, além de outras reportagens.

No despacho o promotor da 3ª promotoria de Justiça da Comarca de Mafra, Filipe Costa Brenner, disse que os fatos têm potencial para ensejar providências do controle externo da atividade policial e, inclusive, na seara criminal.

O MPSC poderá, caso exista elementos suficientes, instaurar um procedimento, além de encaminhar o caso para a Promotoria Especializada, em Florianópolis, para abertura de investigação por possível crime militar.

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FAMÍLIA CONTRATA ADVOGADO

Revoltada com a ação da Polícia Militar, principalmente com a do policial, a família da Silvana contratou um advogado para acompanhar o caso. Em nota ele disse que está aguardando o a apuração feita pelo Ministério Publico, assim como a do comando da PM. Somente após o resultado destas apurações que ele entrará medidas judiciais necessárias.

“ME SENTI UM NADA, UM LIXO”

Em entrevista a uma rede de televisão Silvana disse se sentir um lixo e que foi tratada como um animal.  “Eu me senti um nada, um lixo, um zé ninguém para eles, como se eu fosse um animal. Não tinha necessidade daquilo”, disse a costureira em entrevista à rede ND.

Na entrevista ela conta que estava em casa com mãe em casa quando a Policia chegou. Ao sair para ver o que acontecia, viu seus sobrinhos, a irmã e o cunhado com os olhos vermelhos devido ao afeito do gás de pimenta. “Eu já fui abordada por um policial com spray de pimenta. Comecei a discutir com um policial porque achei abuso de autoridade. A ocorrência não tinha nada a ver conosco e já entraram no nosso terreno com violência, com arma apontando pra todo mundo, com spray”, recordou.

Silvana afirma que ninguém agrediu ou ameaçou os policias militares, mas confirma que xingou eles pela brutalidade da ação. “Ninguém estava agredindo, ameaçando, mas xinguei quando vi o que estavam fazendo. O policial me prendeu por desacato e em nenhum momento eu disse que não iria. Quando ele me tirou do terreno para levar na viatura que estava mais próxima, me deu uma rasteira”, contou.

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“Eu nem lembro o que ele me falou, dei uma pancada no chão e acho que ele nem tinha visto que tinha quebrado minha perna. Eu tentei levantar e não consegui, foi aí que gritei: ele quebrou minha perna”, completa reconhecendo que se excedeu ao xingar os policias, mas que não seria motivo para agressão.

A costureira contou ainda que ficou por cerca de uma hora deitada no chão aguardando a chegada dos Bombeiros, para quem o policia disse que ela havia escorregado e caído sozinha.

Silvana ficou internada por dois dias e meio no Hospital São Vicente de Paulo. Ela fraturou a perna esquerda, quebrou a fíbula e a tíbia. No hospital passou por uma cirurgia onde foi colocado 13 pinos no local da fratura.

PM ABRIU INQUÉRITO

Em nota a Guarnição Especial de Mafra (Gemfa) informou que abriu um inquérito para que o caso seja apurado. Na nota a Polícia Militar diz ainda que a guarnição foi ameaçada por populares e que houve resistência por parte de Silvana durante sua prisão.

O caso também está sendo acompanhado pelo comando da PMSC em Florianópolis, o coronel Araújo Gomes, comandante da Policia Militar disse que preza pela garantia da apuração dos fatos e que casos de abordagens truculentas não representam a maioria dos atendimentos feitos pela polícia.

 

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