Mais de 400 pessoas, entre gestores, professores e funcionários da Educação Infantil participaram na tarde de terça-feira, 30, no London Club, da palestra “A importância do brincar na Educação Infantil”, proferida pela renomada pedagoga, Regina Shudo. Com experiência na área educacional há mais de 25 anos, foi professora, coordenadora e diretora de instituições de ensino e docente em Universidades. Atualmente dedica-se ao trabalho de consultoria para redes de ensino, atua como palestrante em congressos nacionais e internacionais e produz livros didáticos na área da educação infantil e alfabetização. A palestra foi uma realização da Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Cultura, em parceria com a Faculdade São Braz, que durante o evento anunciou, para breve, a implantação de um polo de graduação no município.
Na abertura do evento, a Secretária Municipal de Educação, Estela Maris Bergamini Machado, destacou que realizou um sonho trazendo Regina Shudo para Mafra. “Ela vai iluminar a todos e conquistar nossas mentes e corações”, afirmou, dizendo-se honrada com a presença da pedagoga. Explicou que a Secretaria da Educação busca, com essas palestras e capacitações, aprimorar a forma como “nós cuidamos das sementes – que são as crianças, que são nossa responsabilidade para um futuro melhor”.
CRIAR SEU PRÓPRIO BRINQUEDO
Munida de uma bolsa cheia de brinquedos e propostas de brincadeiras, Regina fez a plateia interagir, brincar e aprender a fazer a criança ajudar a criar seu próprio brinquedo, lembrando os tempos em que se brincava na rua, com bolas, subindo em árvores e criando brincadeiras de coisas simples, como latas, paus etc.“Hoje são crianças nas TVs, nos celulares, nos vídeos games, muitas sem educação e até mesmo agressivas”, afirmou e salientou que “atualmente vemos nossas crianças chegarem no 1º ano sem coordenação motora, ou vemos turmas do 8º ano com somente a metade dos alunos sabendo ler”.
Ela propôs o desafio de pensar o que se pode fazer para melhorar a qualidade da educação infantil e questionou: que tipo de escola Mafra quer ter para a educação infantil? Para a pergunta os professores responderam uma escola com crianças ativas, alfabetizadas no primeiro ano, independentes, que saibam falar, argumentar etc.
Segundo Regina, atualmenteas crianças recebem tudo pronto e frequentam escolas rígidas, onde ficam quatro horas sentadas, emparedadas (entre quatro paredes). Questionando esses métodos, sugeriu que a escola de educação infantil tem que ser como aquele quintal onde se brincava antigamente. “Criança precisa de convívio com a natureza. Precisamos criar brincadeiras coletivas, ensinando as crianças a confiar, a ganhar e a perder, a criar os próprios brinquedos junto com os professores e depois brincar com eles e a ter resiliência, entendendo que todos precisam de todos, que na vida não é só ela”, afirmou.
Citando orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria, disse ser imprescindível que se evite o contato das crianças com as tecnologias atuais. “Até os dois anos a criança deve ter zero contato com tecnologias, recomendam os terapeutas, pois hoje em dia a criança tem fala tardia, dificuldades de leitura, miopia na infância, falta de mobilidade corporal, de destreza motora”, funções que só o brincar desenvolve, segundo ela.
EDUCAÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA
Citando índices alarmantes sobre violência de alunos contra professores e de professores contra alunos, de suicídios na adolescência, entre outros, destacou que “se não se cuidar dessa infância, não se sabe o que vai ser no futuro” e completou: “não tem outro caminho para diminuir a violência no Brasil se não for através da educação”.