O incentivo à imunização contra a febre amarela está sendo reforçado pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado da Saúde em razão das notificações de 12 casos e cinco óbitos suspeitos de febre amarela, em seis municípios de Minas Gerais. Os meses de dezembro a maio são o período de maior número de casos com transmissão considerada possível em grande parte do Brasil.
Apesar de Santa Catarina não registrar casos de febre amarela em humanos desde 1966, a vacinação contra a doença é indicada para 100% da população dos 162 municípios catarinenses que integram a Área com Recomendação de Vacina contra Febre Amarela (ACRV).
Além da população residente nestes municípios, a vacinação é recomendada para todos as pessoas que residem ou viajam para regiões silvestres, rurais ou de mata de qualquer um dos 3.530 municípios brasileiros considerados ACRV. Essas cidades são localizadas em todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste; em Minas Gerais e no Maranhão e em alguns municípios do Piauí, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
De acordo com Eduardo Macário, diretor da Vigilância Epidemiológica de SC, quem ainda não é vacinado e pretende viajar para essas áreas deve procurar um posto de vacinação pelo menos dez dias antes da viagem. “Pessoas que ainda não foram vacinadas ou que receberam apenas uma dose há mais de dez anos, devem se vacinar contra a febre amarela. A vacina é indicada para as pessoas acima de nove meses de idade, tendo eficácia de 95%, produzindo anticorpos protetores a partir do 10º dia após a vacinação”, alerta.
A imunização oferece total proteção contra a doença, que pode ter curta duração ou evoluir para formas graves e levar até mesmo à morte. A vacina é gratuita e está disponível nas salas de vacinação das unidades de saúde pública de Santa Catarina.
O Ministério da Saúde definiu a manutenção de duas doses da vacina contra febre amarela no calendário nacional, sendo o esquema vacinal uma dose aos nove meses de idade com reforço aos quatro anos. Para pessoas de dois a 59 anos, a recomendação é duas doses. “Idosos, gestantes e lactantes devem ser avaliados previamente por médicos antes de serem vacinados”, explica Vanessa Vieira da Silva, gerente de Imunização da Vigilância Epidemiológica.
Importante
O vírus da febre amarela se mantém naturalmente num ciclo silvestre de transmissão, que envolve primatas não humanos (hospedeiros animais) e mosquitos silvestres. O Ministério da Saúde realiza a vigilância de epizootias (doenças que atacam animais) desde 1999 com o objetivo de antecipar a ocorrência da doença.
Os macacos têm um papel muito importante no combate da doença. Por conviverem no mesmo ambiente do vetor silvestre, são os primeiros a adoecer, sinalizando que o vírus amarílico encontra-se circulando na localidade. Portanto, toda a morte de macacos deve ser notificada às autoridades de saúde municipais para que sejam tomadas as devidas providências de investigação e vacinação da população local. “Qualquer cidadão pode notificar um provável óbito de macaco. Basta entrar em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de sua cidade”, alerta Macário.
Sintomas
Os sintomas iniciais são febre alta de início súbito, sensação de mal-estar, dor de cabeça, dor muscular, cansaço, calafrios, náuseas e vômitos. Quando a doença evolui para a forma grave, há aumento da febre, diarreia, reaparecimento dos vômitos, dor abdominal, icterícia (olhos amarelados, semelhante à hepatite), manifestações hemorrágicas (equimoses, sangramentos no nariz e gengivas) com comprometimento dos órgãos vitais como fígado e rins.
Se a pessoa se deslocou nos últimos 15 dias para áreas com recomendação de vacina para febre amarela, exerceu alguma atividade em área de mata (ecoturismo, pesca, desmatamentos etc.) e apresentou alguns dos sintomas mencionados acima, deverá procurar o mais rápido possível as unidades de saúde municipais (postos de saúde e equipes de saúde da família). A investigação, o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento serão realizados pela rede pública de saúde.
Sobre a doença
A febre amarela é uma doença infecciosa viral aguda, transmitida por mosquitos, presente em países da África e das Américas Central e do Sul. A transmissão pode ocorrer de duas formas: silvestre e urbana. Mas se trata de uma só doença.
Na forma de transmissão silvestre, os vetores são os mosquitos Haemagogus e Sabethes, que mantêm a circulação do vírus entre os macacos, podendo, também, transmitir ao homem, caso esteja nesse ambiente sem estar vacinado. Na forma de transmissão urbana, o veículo do vírus é o mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue, da febre do chikungunya e da zika.