As aulas da rede municipal foram suspensas no dia 20 de março por causa das medidas de isolamento, necessárias para a contenção da pandemia de Coronavirus em Quitandinha. Desde então, a vida e a rotina dos pais, professores e, principalmente, dos alunos mudou-se completamente. No dia 20 de maio, completaram-se exatos dois meses desta nova realidade, e os números apresentados pela Secretaria de Educação de Quitandinha são animadores.
A Secretária de Educação de Quitandinha, Sônia Rauth, conta que desde quando as aulas foram suspensas, a estrutura não aguardou diretrizes estaduais ou regionais – que também estavam impactadas por esse novo momento – e tomou a iniciativa de pensar na realidade do município. “Aproveitamos a grande oportunidade de quebrar paradigmas e renovar os nossos conhecimentos em educação, com a missão de nunca perder o vínculo afetivo com o aluno. Assim sendo, nós começamos a estudar diversos outros documentos e autores que teorizavam sobre modelos alternativos de educação, e encontramos o nosso caminho”, conta.
DESAFIO VS FERRAMENTA
De acordo com a Secretária, o primeiro desafio foi mapear a realidade dos alunos, principalmente no que tange ao acesso a informação. “Sabíamos desde o princípio que o principal vetor, em qualquer planejamento nosso, seria a dificuldade de acesso à internet. Entretanto, realizamos uma pesquisa com os alunos logo nas primeiras semanas e detectamos que o WhatsApp seria a ferramenta com maior presença entre os alunos”, conta.
Na pesquisa, a Secretaria de Educação identificou que dos 1.906 alunos matriculados na rede municipal, 88,3% deles têm acesso ao WhatsApp, seja por celular próprio ou por meio dos aparelhos dos pais, que também estariam em casa.
Com essa constatação, os gestores, mestres e pedagogos se adequaram a nova realidade. “Nós montamos um sistema de grupos de WhatsApp, respeitando inicialmente a estrutura que encontramos nas escolas. Cada sala, de cada ano e série, de cada escola, tem um grupo específico de WhatsApp contendo a professora e os alunos com acesso. Lá, os conteúdos são passados e todas as dúvidas podem ser tiradas ao vivo e em tempo real com a professora. Paralelo a isso, temos grupos com as professoras e as pedagogas em que discutimos a evolução dos alunos, também em tempo real”, conta a Secretária.
Sônia ainda afirma que, para prezar pelo bom andamento da aprendizagem e disciplina dos alunos, o exemplo partiu das professoras responsáveis pelas turmas. “As aulas tem horário para começar e horário para acabar, e a presença dos alunos é contabilizada pela interação deles nos grupos. Isso tem exigido esforço das duas partes, pois as professoras se organizaram para estabelecer uma rotina própria de produção e atendimento, e os alunos, por conseguinte, também se adequaram a uma nova rotina de horários e tempos de estudo”, diz.
E o retorno tem sido positivo de acordo com a Secretária. “São emocionantes os relatos de todos os envolvidos, principalmente dos pais, que acabam acompanhando o processo de aprendizagem do filho e renovando seus conhecimentos também. Tem sido muito gratificante ver a forma como as professoras têm reinventado suas formas de passar conteúdo, com histórias, encenações, experimentos práticos e etc.”, afirma.
E OS QUE NÃO TÊM ACESSO?
O plano estratégico com relação aos 88,7% de alunos que tinham acesso a informação estava traçado e em ação. O desafio imediatamente passou a ser em como fazer chegar o conhecimento nos 11,3% dos alunos que não detêm acesso.
A solução encontrada pela Secretaria foi prática e simples. “Para esses alunos, nós enviamos o mesmo material desenvolvido, mas de forma impressa. Junto deste material, a professora responsável manda uma carta explicando todas as orientações para a realização das tarefas. Caso haja dúvidas por parte do aluno com relação a algum dos exercícios, o aluno responde a carta com a sua dúvida, e na próxima comunicação entre o professor e o aluno essa dúvida é respondida. E assim sucessivamente”, explica Sônia.
Para esses alunos, a Secretaria montou um calendário de atendimento aos pais, para que possam entregar as cartas respondidas e retirar os novos materiais de estudo, minimizando a aglomeração de pessoas nos dias de entrega.
QUANDO VOLTAR
Sônia afirma que haverá sim defasagem de ensino por conta desse novo processo, principalmente para aqueles que sofrem com a falta de acesso às ferramentas de informação. Entretanto, a Secretária garante que logo quando for possível a volta das aulas, o prejuízo será recuperado. “Tudo o que estamos fazendo agora vai valer como ano letivo, e assim que nós retornarmos às aulas presenciais, nós teremos uma programação dedicada a recuperar esses conteúdos defasados”, completa.