Retornando a Quitandinha após dez dias trabalhando voluntariamente em Brumadinha (MG), o socorrista Rogério Silveira descreve o que viu e sentiu na cidade. Assim que soube do que estava acontecendo por lá, sentiu vontade de ajudar. Mas para isso, precisava ter a estrutura e equipamentos necessários, além de algum conhecido para acompanhá-lo. Até que um amigo, também da área, o encontrou e o convidou para ir junto.
O mafrense Carlos Natanael de Barros tem uma van que usa para dar aulas de socorro e resgate em sua escola. Os dois conversaram e decidiram que iriam logo no dia seguinte, dia 9 de fevereiro, para Minas Gerais. Rogério estava com férias marcadas para o dia 15, mas pediu para antecipar, para poder ajudar.
Nenhum dos dois tinha tentado se inscrever até então. “Fomos na vontade de fazer o trabalho, com toda a estrutura de resgate, mas sem saber se a gente ia ficar ou não”, conta. Lá, contataram a Vale e depois a Defesa Civil, que os levou ao Comando dos Bombeiros de Minas. Rogério tinha certeza que não encontraria mais nenhuma vida por lá, já que a tragédia tinha sido há oito dias.
O trabalho, porém, ainda era grande. E segundo ele, ainda é. As famílias das pessoas mortas pelo rompimento da barragem, precisam identificar os corpos para poder realizar um enterro digno e também solicitar uma indenização.
Rogério atua na saúde há 13 anos. Hoje, atende na Samu do município e em cidades da região. Ele é apaixonado pelo que faz e fica feliz em poder ajudar. Quando presencia acidentes na BR, logo para pra ajudar.
Mas o que viu em Brumadinho, para ele, parecia cenário de guerra. “Quando você está em combate, você está focado que vai fazer o que tem que fazer. Mas pesa na hora de ir dormir. Depois que eu voltei, [quando ia dormir] parece que eu estava delirando. Tô aqui, mas meu pensamento está lá”, descreve.
A prefeita Maria Julia, orgulhosa do trabalho voluntário de Rogério, que inclusive corria riscos no local, recebeu-o em seu gabinete na última quarta-feira (27), e o presenteou e agradeceu por seu trabalho.
