Alunos ocupam o Barão de Rio Negro em protesto a reforma do ensino médio

Por Gazeta de Riomafra - 15/10/2016

Alunos ocupam o Barão de Rio Negro em protesto a reforma do ensino médio (2)

Na manhã da última quinta-feira 13, cerca de 50 alunos do Colégio Estadual Barão de Antonina de Rio Negro, ocuparam a escola por tempo indeterminado em protesto a MP do ensino médio, PEC 241 e o desgoverno de Beto Richa. Eles estão ficam em tempo integral dentro do colégio, inclusive dormem no estabelecimento

Para eles, as atuais medidas do governo federal são contra a educação pública gratuita de qualidade com o lançamento e aprovação na Câmara da PEC 241, que congela os investimentos em educação, saúde e demais áreas por 20 anos, os alunos da instituição de ensino respaldados pelas entidades estudantis UNE, UBES e UPES, realizaram a ocupação da mesma.

O Barão de Rio Negro se junta, há cerca de 300 escolas de todo o estado do Paraná que foram ocupadas pelos alunos em protesto contra a reforma do ensino médio a ser implantada pelos governos federal e estadual.

A reportagem da Gazeta de Riomafra foi até o Barão de Rio Negro e  entrevistou os alunos ocupantes, que nos receberam e explicaram inicialmente que eles não invadiram o colégio, mas sim ocuparam o que é deles por direito na tentativa de preservar o futuro do ensino “…não invadimos, simplesmente ocupamos um estabelecimento de ensino que é nosso por direito e responsável pelo nosso futuro, e pela educação dos que ainda virão, por isto não podemos deixar acontecer isto com o ensino…” se referindo a PEC 241 e a reforma do ensino médio.

Frisaram também que a ocupação se deu de forma pacífica e ordeira e que estão zelando e preservando a escola, inclusive faxinas são feitas todos os dias pelos ocupantes. Também salientaram que não estão impedindo ou obstruindo o acesso de ninguém ao colégio, onde todos os dias, recebem visitas de professores funcionários pais e demais colegas de escola, porém a ocupação impede apenas que os professores lecionem e os funcionários exerçam suas funções laborais diárias. A escola também está liberada para os alunos estudarem em conjunto com os demais.

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Os líderes do movimento questionaram que se ocupações como esta estão acontecendo no Brasil inteiro é por que tal proposta do governo é inaceitável e muito prejudicial ao ensino público, “…senão cerca de 300 escolas públicas do Paraná e milhares no Brasil não estavam sendo ocupadas pelos estudantes neste momento…” pontuou um dos líderes da ocupação. Também deixaram claro que não estão sendo influenciados ou manipulados por ninguém, muito menos por professores ou grupos políticos de qualquer natureza e que tem apoio dos pais, colegas e da comunidade, que aos poucos está entendo a razão de tais manifestações. Declaram que estão sendo orientados apenas pela UNE. “A ocupação se deu pela livre consciência dos alunos sabendo do retrocesso das medidas tanto do governo federal, como do governo de estado” – Frisaram.

Lamentam que até o momento nenhuma autoridade ou representante do estado ou do município procuraram eles para se colocar ao par da situação ou propor alguma negociação para o fim da ocupação.

Finalmente agradeceram o comércio de pequeno porte da cidade, aos próprios pais e comunidade em geral que estão ajudando eles, doando alimentação, visto que eles não podem se utilizar da merenda do próprio colégio, onde existem regras na ocupação que precisam ser seguidas à risca, ondeacima de tudo, devem zelar pelo patrimônio público.

Outras escolas em Rio Negro poderão ser ocupadas nos próximos dias. No término desta reportagem fomos informados que a escola dr. Ovande do Amaral também seria ocupado pelos alunos na noite de ontem 14.

SOBE PARA 300 AS ESCOLAS OCUPADAS NO PR

Na noite de terça (11), eram 200 as escolas ocupadas em todo o estado do Paraná. Subiu para trezentas as escolas ocupadas na rede pública do Paraná. A disparada no número das ocupações ocorreu depois das atitudes e declarações do governador Beto Richa (PSDB).

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O tucano gravou um vídeo apelando para o diálogo com os estudantes, no entanto, sorrateiramente, ele pediu na Justiça a reintegração de posse das escolas. Richa havia jurado que não tomaria essa atitude enquanto conversasse com a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES).

A líder estudantil prometeu ainda que “a cada escola reintegrada, duas [novas] serão ocupadas”.

Na última quinta-feira (13), o governo do Paraná realiza seminários regionais para discutir com a comunidade escolar a desocupação das escolas. Entretanto, o tirou saiu pela culatra, pois os eventos se transformaram em palco de manifestação pelo “Fora Beto Richa”.

O QUE É A PEC 241

O texto da reforma do ensino médio ainda não foi aprovado pelo Congresso e caso isso aconteça, as mudanças deverão ser feitas de forma gradual a partir do fim da discussão do currículo comum das escolas (a Base Nacional Comum Curricular), prevista para terminar em 2018 ou 2019. A Medida Provisória já recebeu mais de 500 emendas dos deputados e deverá ser votada em 120 dias.

Os principais pontos polêmicos da proposta do governo são a transformação da jornada diária de quatro horas para sete horas, ou seja, a implantação do ensino integral, e a flexibilização das matérias, que se traduz em permitir ao aluno que, a partir do segundo semestre da 2ª. série do ensino médio, escolha uma área do conhecimento para se aprofundar, entre cinco opções (chamadas de ênfases): Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Formação Técnica e Cursos Profissionais.

“A flexibilização promove a desvalorização do pensamento crítico ao retirar da grade obrigatória disciplinas como filosofia e sociologia, além de desrespeitar o Plano Nacional da Educação. O governo não pode fazer uma reforma desse tamanho sem discuti-la com quem será afetado. Queremos a reformulação do ensino médio, mas não desta forma, que representa um retrocesso”, aponta Matheus dos Santos.

Os alunos também se queixam da má qualidade do ensino e da falta de recursos para colocar em prática essas mudanças. “Quem aprova a medida ou nunca estudou em um colégio público ou não conhece a estrutura das escolas. Fiz um intercâmbio de um ano na França e [constatei] que o Brasil não tem a estrutura que [o ensino] do exterior tem para aplicar o mesmo formato de escola”, avalia a estudante Thaynara Carriel, de 17 anos.

GREVE GERAL NO PARANÁ

Governador do Paraná, Beto Richa (PSDB) terá mais quebra de braço com os professores; sindicato da categoria deliberou que haverá uma assembleia no dia 12 para referendar o início de greve para o dia 17, (próxima segunda-feira). Segundo a entidade, “apoiado pela proposta nacional de reformulação do Ensino Médio e pela proposta que condiciona os investimentos na educação às sobras do orçamento de cada Estado pelos próximos 20 anos”, Richa pretende não pagar promoções e progressões de educadores e tirar o reajuste anual dos servidores; ano passado, o tucano foi o responsável pelo episódio conhecido como “massacre do centro cívico”, deixando mais de 200 feridos em protesto contra mudanças na previdência.

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