Em novembro de 2022 foi inaugurado em Rio Negro o Jardim “Anjo de Hamburgo – Aracy Guimarães Rosa†no Parque EcoturÃstico Municipal São LuÃs de Tolosa.
Trata-se de um espaço destinado à memória desta rio-negrense que deixou um grande legado de humanidade, respeito e justiça. O parque fica localizado na Rua Juvenal Ferreira Pinto, nº 2070, bairro Seminário.
Este belo jardim tem como objetivo valorizar a história de Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa, uma heroÃna convicta com uma personalidade histórica, digna de ser resgatada e incluÃda também na história do municÃpio de Rio Negro.
Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa nasceu no dia 05 de dezembro de 1908 em Rio Negro-PR. Filha de mãe alemã e pai brasileiro, Aracy decidiu cruzar o Atlântico aos 26 anos de idade para viver na Alemanha com seu filho, então com cinco anos. Ela queria escapar do preconceito que pesava na época sobre uma mulher separada. Por ser fluente em português, alemão, inglês e francês, não teve muita dificuldade para se adaptar à vida local. Estabeleceu-se em Hamburgo e chefiou a Seção de Passaportes do consulado brasileiro.
Em 1934, em uma Alemanha já tomada pelo nazismo e na iminência da Segunda Guerra Mundial, Aracy ajudou muitos judeus a fugirem do Holocausto e a entrarem ilegalmente no Brasil durante a ditadura do Estado Novo. Por esta grande atitude, ficou mundialmente conhecida como “Anjo de Hamburgo†e foi homenageada nos museus do Holocausto de Jerusalém e de Washington.
Em sua trajetória de vida, Aracy foi esposa do diplomata e escritor romancista Guimarães Rosa, até então cônsul-adjunto em Hamburgo. Em vez de denunciar Aracy, o autor ajudou a futura esposa na ousada missão de salvar os judeus. Ele soube do que ela fazia e apoiou sua atitude, com o que Aracy intensificou aquele trabalho, livrando muitos judeus da prisão e da morte. Chegou a transportar judeus no próprio carro escondidos no porta-malas.
O casal permaneceu na Alemanha até 1942, quando o Brasil rompeu as relações com o paÃs. Cinco anos depois, em 1947, a dupla se casou na embaixada do México do Rio de Janeiro, já que naquela época o Brasil ainda não reconhecia o divórcio. Os dois ficaram juntos por 20 anos, até 1967, quando Guimarães Rosa faleceu. O escritor dedicou à Aracy sua maior obra, Grande Sertão: Veredas (1956).
Aracy morreu aos 102 anos de idade em fevereiro de 2011. Foi enterrada no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, ao lado de Guimarães Rosa. Já no fim da vida, foi questionada sobre os motivos que a fizeram arriscar a vida para salvar a de outras pessoas, ao que respondeu: “porque era justoâ€.
A história de Aracy só se tornou conhecida a partir dos anos 1980, quando uma alemã judia polonesa que fugiu para o Brasil tomou para si a missão de divulgar os feitos da brasileira. Sua história foi oficialmente reconhecida em 1982 e ela foi agraciada com o tÃtulo de Justa entre as Nações, homenagem a não judeus que arriscaram a vida para salvar o povo durante o Holocausto.