Eolina de Paula Xavier tem importante participação na história do município de Rio Negro. Ela foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores. Também foi candidata à deputada estadual e teve importante participação em diversas áreas, como a educação e ação social.
Leia mais sobre essa importante pessoa da história de Rio Negro:
Eolina de Paula Xavier nasceu no dia 05 de julho de 1919 e faleceu no dia 15 de agosto de 2011, aos 92 anos de idade na cidade de Balneário Camboriú. Escreveu três livros: “Poeira Vermelha”, “Cada Vida Um Destino” e “Cadeiras na Calçada”, que não chegou a ser publicado.
Em seu livro Poeira Vermelha Eolina citou: “Ainda muito jovem me questionava: Não nasci para me sujeitar a mordaças. Tenho meus propósitos, meus ideais. Nasci para viver, tenho o direito de ser feliz. Sabia da força que emanava dentro de mim: querer compartilhar com todas as mulheres o que de direito lhes cabe”.
Através da escrita Eolina começou a mostrar a sua competência. Trabalhou nos jornais “O Rio-negrense” e também no “Jornal de Mafra”.
Em 1946 recebeu de Ana Zornig, presidente da Associação Maternidade e Infância, o convite para integrar a diretoria da entidade. Foi eleita para o cargo de 2ª Secretária, que acumulou, durante oito anos, com o de 1ª Secretária.
Também em 1946 participou da criação do Partido Republicano, participando de todas as reuniões. Em 1950, com o início das campanhas políticas, trabalhou para o jornal curitibano Diário da Tarde, onde escrevia sobre a importância das mulheres na política. Com isso teve o apoio de políticos de Curitiba e de Rio Negro.
Foi eleita presidente da coligação de seis partidos políticos por aclamação, já que contava com a simpatia do governador do Estado do Paraná. Foi assim que a presença feminina na política de Rio Negro teve início. Eolina mantinha um bom e importante contato com o Governador do Paraná, Bento Munhoz da Rocha, conseguindo bons resultados para a cidade de Rio Negro.
Durante sua permanência à frente da secretaria da Associação Maternidade e Infância, formou um grupo para melhorar o desempenho dessa casa de caridade. Eolina participou do lançamento da pedra fundamental do prédio da maternidade de Rio Negro e foi até Curitiba para providenciar maquinários e renegociar a dívida que a maternidade tinha com o Estado. Na capital foi recebida pelo governador, e por ele encaminhada ao diretor do Departamento da Criança, onde foi bem atendida e conseguiu os recursos. Eolina tinha uma boa influência política com a capital paranaense.
Na área da educação, Eolina foi procurada pelo professor Pedro Pereira Martins, educador do Grupo Escolar Barão do Rio Branco, para que iniciasse uma campanha na Secretaria de Educação de Curitiba para fortalecer a educação na cidade de Rio Negro, que precisava de um novo colégio.
Eolina novamente foi até Curitiba para conversar sobre a possibilidade da construção de um novo colégio em Rio Negro. Uma das exigências era que o primeiro, segundo e terceiro ano pudessem contar, para cada sala de aula, com um número de 180 alunos. Após estudos houve a viabilidade para a construção. Uma das exigências que Eolina fez foi que o novo colégio recebesse o nome de Caetano Munhoz da Rocha Neto. Assim, num lugar aprazível de Rio Negro, foi dado início à construção do colégio. Eolina também fez o pedido para que o professor Martins fosse o primeiro diretor do colégio. Ela foi atendida.
Nas eleições municipais de Rio Negro, Eolina perdeu por um voto, mas assumiu o cargo por ser suplente. O primeiro projeto apresentado, no dia 12 de julho de 1952, foi a pedido de comerciários. Era o “Sábado Inglês”, que era dado como impossível, pois esbarrava na Associação Comercial, que era contrária ao projeto.
Como tinha acesso livre na imprensa de Rio Negro e Mafra, Eolina utilizou os órgãos de comunicação na defesa do projeto, entrevistando todas as semanas um membro da Associação Comercial. E para não dificultar a entrada do projeto, era importante a aprovação também em Mafra. Por isso fez o mesmo trabalho, através do vereador Mário Saporiti, na Câmara de Vereadores da cidade vizinha.
Foi um fato histórico, pois os comerciantes das duas cidades passaram a pressionar os componentes das juntas comerciais. Aprovado, o projeto foi convertido na Lei nº 200, passando a vigorar a partir de 2 de janeiro de 1954. Tempos depois outras cidades se inspiraram nesta Lei.
Em maio de 1954 Eolina foi chamada a Curitiba para comparecer ao diretório do Partido Republicanos, pois seu nome figurava na lista para compor a chapa de deputados estaduais. A princípio Eolina não aceitou o convite, pois Rio Negro já tinha três candidatos para um eleitorado não tão expressivo, mas recebeu a prestigiosa informação: “Não estou lhe perguntando quantos candidatos existem em Rio Negro. Também não estou a reconhecendo, a senhora que rompeu preconceitos, desempenhou muito bem tudo o que se propôs a fazer, todos nós já sabemos. Só lhe falta o desafio das urnas. Não pode voltar atrás, pois tomamos a liberdade de seu nome ser incluído numa chapa. Sua presença hoje é para assinar a lista de candidatos que a imprensa deve dar ao conhecimento do público”.
Com o reconhecimento de sua competência, o governador lhe presenteou com cargo em um cartório. Eolina tinha cinco opções de comarca e escolheu a cidade de Peabiru, por sua extensão territorial e pela região que, Eolina tinha absoluta certeza, iria ajudar a desbravar. Tinha um mês para assumir o cartório e três para disputar uma eleição. Tudo foi serenamente administrado com a ajuda de seu marido Oscar de Paula Xavier. Assim, Eolina se despediu de Rio Negro e iniciou uma nova jornada.
Fonte de pesquisa: Livro Poeira Vermelha com colaboração de Cinthia Maria Cordeiro.