No último dia 25, segunda-feira, o município de Rio Negro novamente apareceu de forma negativa na mídia estadual, quando a Rede Massa de televisão mostrou a triste realidade de uma família rionegrense, a qual sofre com a saúde pública no município. Ana Djhuly, com apenas oito meses, sofre com muitas dores em seu pé direito, já que um de seus dedos cresceu mais do que deveria. A vó da criança procurou a emissora para denunciar o descaso.
A reportagem do jornal Gazeta de Riomafra procurou a família e a Secretaria de Saúde do município para saber e informar a população de Riomafra o ocorrido.
Conversamos Valdete a avó de Djhuly que nos relatou que durante a gestação, os pediatras puderam perceber esta diferença em seu dedo, mas falaram para a família que este problema não se desenvolveria e não afetaria no desenvolvimento de sua infância. Após o nascimento, cerca de três meses de vida, seus familiares notaram que um dos dedos do pezinho direito estava crescendo demais a cada dia, e com isso, as dores apareciam. “Tem noites que nem descansamos. Quando conseguimos fazê-la dormir, a Ana acorda… e fica a noite toda chorando com dor no dedinho. Já não sabemos mais o que fazer” – disse Valdete, avó materna.
Além disso, a pequena não consegue engatinhar, nem mesmo permanecer em pé no andador, pois precisa se apoiar no seu calcanhar, gerando ainda mais dores, “Tentamos colocar ela no andador, e estimular para que possa começar a dar seus primeiros passinhos, engatinhar como acontece com os bebês nessa idade, mas ela sente muita dor. A única coisa que podemos fazer é deixar ela em pé em cima de nossos pés, pra que ela possa começar o seu desenvolvimento.” – conclui.
A pequena Ana Djhuly precisa fazer uma cirurgia, mas a família não tem condições para o tratamento particular, necessitando do atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS), porém, eles alegam que só poderão realizá-lo em um ano, devido à fila de espera e que os médicos entendem ser arriscado operar antes do primeiro aninho. “O SUS disse que vai demorar de seis meses, um ano ou até mais para o atendimento, e que ela tem que ir para o Hospital Pequeno Príncipe (Curitiba), pois é somente lá que tem o recurso. Inclusive, fomos lá e perguntamos se já saiu à guia da Ana, mas falam que ainda não, que é recente” – relata a avó. Valdete disse que já foi aproximadamente quatro vezes no SUS verificar se a guia já foi liberada, porém, todas as respostas são as mesmas e o caso não é solucionado.
Outra reclamação da família é a forma de como é realizado o agendamento com ortopedistas no município. A avó relata que seu filho, tio de Ana Djhuly, permaneceu há mais de 12h em uma fila para conseguir uma vaga no atendimento com o médico, já que são apenas 10 consultas semanais com o ortopedista. “Meu filho foi às 15h no SUS para agendar a consulta e já tinham cinco pessoas na sua frente. Precisou amanhecer no local para poder marcar. À noite levei janta para ele e tinham muitas outras pessoas aguardando também. Foram mais de 12h na fila para o agendamento” – disse Valdete. Ela comenta também, que funcionários do SUS falaram que esta guia não resolveria nada e que a cirurgia não era de emergência, por isso, precisava passar a noite toda na fila. “Como vou amanhecer várias noites com um bebê de oito meses apenas? Minha filha ainda é menor de idade, também não tem como passar a noite lá” – conclui. Valdete relata também que teve que sair do seu emprego para ajudar a filha que também trabalha, pois o pai da criança não convive mais com a família e não presta assistência a filha.
A pequena terá uma consulta através do SUS no próximo dia 02, segunda-feira, a qual foi marcada há cerca de três meses. “Nós conseguimos uma vaga somente para o próximo mês, mas o agendamento dela foi ao início do ano” relata um familiar.
A guia para encaminhamento ao Hospital Pequeno Príncipe, na cidade de Curitiba, precisa ser liberada pela Prefeitura de Rio Negro, para que possam realizar a cirurgia da pequena Ana Djhuly. Segundo informações o Hospital está aguardando a guia para o atendimento da mesma, porém, o prefeito Milton José Paizani e a Secretária de Saúde Simone Angélica não liberaram esta guia até o momento. Sem a guia o hospital Pequeno Príncipe não pode dar andamento no caso.
Nossa equipe de reportagem foi até o local e pode conversar com um de seus familiares, podendo assim, perceber e analisar o descaso dos representantes públicos e da saúde com a população. Valdete comenta que até o momento, apenas um morador do município de Rio Negro a procurou e se disponibilizou para auxiliar no tratamento do bebê. Disse ainda, que nenhum responsável de órgão público entrou em contato até o presente momento. Porém disse que é bem atendida nos postos pelas enfermeiras e atendentes porém não resolvem o problema.
Em contato com a secretária de Saúde, Simone Gondrio, a mesma disse que a guia para liberação foi levada a Secretaria de Saúde do município, cadastrada e estão aguardando a liberação do estado para agendamento da consulta de Ana Djhuly. Além disso, afirma que toda a parte administrativa está sendo executada de forma correta. Afirma também que o médico que atende a criança constatou que a mesma não pode fazer a cirurgia antes de um ano de idade, correndo o risco de ir a óbito, pois Djhully ainda é muito frágil para enfrentar este procedimento cirúrgico.