Uma justa homenagem foi realizada em Rio Negro na última sexta-feira (12). Durante a tarde foi realizada a solenidade de nominação do Arquivo Público Municipal Maria da Glória Foohs, em homenagem a esta grande entusiasta da história rionegrense.
Maria da Glória possuía um grande acervo com importantes registros históricos de Rio Negro. São fotos, documentos e objetos que contribuíram para o resgate da memória do município.
O evento contou com a presença de familiares da homenageada, autoridades locais, colaboradores da Secretaria de Turismo e Cultura de Rio Negro, imprensa e visitantes.
O Arquivo Público Municipal foi criado através da Lei nº 1904 de 2009 e tem por objetivo guardar e preservar documentos e fotos de valor histórico para pesquisa e desenvolvimento cultural em nossa cidade. Está situado no prédio que sediou a antiga prefeitura de Rio Negro, na Praça João Pessoa, no centro da cidade. O prédio foi tombado como patrimônio histórico e artístico do município, através do Decreto nº 44 de 1999, e representa um importante período da história rionegrense.
O local possui um grande acervo de fotos e documentos históricos disponíveis para consulta pública. É coordenada pela profissional Geórgia Von Linsingen Steffens.
Agendamentos para visitas em grupo podem ser feitos através do telefone: 3645-0623. Horário de atendimento: De segunda a sexta-feira das 08h30 às 16h30.
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Um espaço no arquivo foi dedicado às coleções e história pessoal da homenageada Maria da Glória e está à disposição do público.
Durante a solenidade de nominação também foi realizado o lançamento do logotipo do Arquivo Público Municipal Maria da Glória Foohs, que será utilizado em materiais gráficos e documentos referentes ao local, com o objetivo de referenciá-lo perante a comunidade.
O logotipo foi produzido pela Secretaria de Cultura e Turismo. Nele estão evidenciados o prédio do Arquivo Público Municipal como referência visual, e o nome Maria da Glória como assinatura, em tom forte e em destaque, referenciando a dedicação e força da senhora Maria da Glória Foohs em manter viva a história rionegrense.
Ao final do evento, houve a entrega do Decreto de nominação aos familiares da homenageada que estavam presentes. Também foi realizado o descerramento da placa que denomina o Arquivo Público Municipal Maria da Glória Foohs.
MARIA DA GLÓRIA FOOHS
Em 22 de dezembro de 1929, num domingo ensolarado pela manhã, nasceu o 5º filho do casal Max Foohs e Erna Tyeck Foohs: uma menina muito esperada pela família que recebeu o nome de Maria da Glória.
Forte e sadia, cresceu rápido no meio de três irmãos. Gostava de jogar bolita, chutar bola, pular corda, de estudar e jogar Cinco Marias. Amava a família. Gostava de ir às matinês do Cine Rio Negro com seus irmãos para ver o Flash Gordon e Gordo e o Magro. Também gostava de passar férias na cidade de União da Vitória na casa de sua madrinha, a tia Anita.
Sua preferência sempre foi passear nas propriedades rurais, andar a cavalo, ouvir histórias malucas. Viajou com a Tia Judith para conhecer o Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis e Curitiba.
Maria da Glória iniciou na escola aos 7 anos, no grupo escolar Barão de Antonina de Rio Negro. Amava suas professoras, em especial a senhora Estela Kuezer, que a incentivava na prática do desenho.
Desde criança era devota do Sagrado Coração de Jesus, entrando mesmo tão jovem para a congregação.
Sempre teve muitos amigos durante toda a vida. Cursou datilografia no colégio São José. Alguns anos mais tarde, se inscreveu num curso de desenho por correspondência no Rio de Janeiro.
Ainda muito jovem, queria trabalhar. Aos 14 anos, tia Judith, que era proprietária da loja Americana, ofereceu um emprego de caixa de loja. Não havia ninguém mais feliz do que Maria da Glória. Trabalharia com Maria Helena Ramos, a “Noca”. Entre elas se consolidou uma amizade que durou a vida inteira.
Foi aprovada em 1º lugar no concurso do INPS. Cursou a escola técnica de contabilidade e comércio Barão de Antonina de Mafra. Era a única mulher da turma e formou-se em dezembro de 1955. Aposentou-se do INSS em 1980, quando sua mãe, então com 80 anos de idade precisou de cuidados especiais. Durante cinco anos, Maria, sua mãe e a tia Judith faziam passeios nos domingos e feriados pelos arredores rurais de Rio Negro e Mafra. Faziam piquenique e visitavam famílias conhecidas, que mostravam fotografias de antepassados, contavam histórias de suas lutas desde que chegaram ao Brasil.
Suas pesquisas iniciaram com a idealização de sua árvore genealógica, que mostrava aspectos peculiares quanto à mistura da origem de seus ancestrais.
Curiosa, começou a buscar também junto à comunidade, histórias e registros fotográficos que se somam a história da colonização e crescimento de Rio Negro, sempre muito dedicada a veracidade das pesquisas, buscava novas fontes, novas histórias e tudo que pudesse agregar a esse amor de saber sobre a história de seu município. Tornou-se uma das rionegrenses que mais tinha em sua casa, históricos, fotos e documentos referentes ao município.
Sua casa sempre estava de portas abertas às pessoas que quisessem ouvir suas historias ou fazer pesquisas em seu imenso acervo. Sempre muito gentil, recebia a todos com carinho.
Era sócia correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e do Instituto Histórico e Geográfico da cidade de Getúlio Vargas no Rio Grande do Sul. Maria colaborou com informações históricas e culturais para livros e matérias de jornais. Era integrante do Centro Paranaense Feminino de Cultura – Seção Rio Negro, e sócia fundadora da Sociedade Cultural, Histórica e Científica de Rio Negro.
Quando o Arquivo Público Municipal iniciou suas atividades, seu embasamento veio da senhora Maria da Glória, que nunca hesitou em ajudar para que o arquivo funcionasse como local de pesquisa.
Em vida, Maria da Glória sempre recebeu e auxiliou a Secretaria de Cultura e Turismo, disponibilizando seu material para pesquisa e repassando seus conhecimentos. Através da ajuda dela, a secretaria pôde avançar em suas pesquisas históricas e resgatar dados importantes sobre o município. Em forma de agradecimento, o Arquivo Público recebeu seu nome, como determina o Decreto Municipal nº 95 de 5 de outubro de 2016.
Vítima de complicações respiratórias graves, a querida Maria da Glória faleceu em 25 de setembro de 2016, aos 87 anos.
* Com informações da Secretaria de Cultura e Turismo da cidade de Rio Negro.