Desde o ano passado está em vigor em Rio Negro a Lei 2765/2017, que regulamenta o procedimento administrativo de inventário do patrimônio cultural material e imaterial do município através do projeto “Inventário do Patrimônio Cultural dos Imóveis de Rio Negro”.
A iniciativa do projeto foi da prefeitura de Rio Negro, através da Secretaria de Cultura e Turismo, em parceria com o Conselho de Políticas Culturais de Rio Negro, que é composto por profissionais de diversas áreas de atuação, como história, advocacia, arquitetura e engenharia.
Um dos objetivos é preservar a memória histórica dos imóveis antigos que atualmente compõem a cidade e que nos fazem vivenciar o passado da querida Rio Negro. Para isso é feito um levantamento e catalogação dos imóveis históricos da cidade, mas sem gerar custos financeiros para os proprietários.
De acordo com a Diretora de Cultura da cidade de Rio Negro, Karen Flores, o projeto é bastante importante para registrar, principalmente, a história dos imóveis que não podem ser tombados fisicamente e que um dia podem, eventualmente, ser destruídos por vontade e/ou necessidade do proprietário. “A prefeitura não é contra o tombamento físico. Quanto mais tombamento de imóveis tiver para a cidade ficar bonita e ter o que mostrar, melhor! Mas ao mesmo tempo queremos guardar na memória aqueles imóveis que não podem ser tombados fisicamente. Sabemos que com a crescente mudança do mercado imobiliário e com a situação financeira atual de modo geral, é difícil para um proprietário conservar e manter um imóvel antigo. Então foi pensando nisso tudo que foi criado o Inventário Cultural. A tendência é o projeto crescer. A ideia é dentro do mapeamento, recuperar e deixar eternizada a memória de Rio Negro, que é uma cidade atípica. É uma cidade de colonização e imigração, por isso temos muita memória para guardar. Temos uma preocupação muito grande com a conservação da memória da cidade”, comentou.
Aproximadamente 70 imóveis da área urbana de Rio Negro estão atualmente em processo de preservação da memória. Até a finalização do inventário esses imóveis não serão destruídos ou descaracterizados. O projeto está sendo desenvolvido por meio de pesquisa histórica, arquitetônica, artística, sociológica e paisagista. Todo o trabalho é feito por profissionais voluntários e também através de parcerias com acadêmicos. Os resultados dos trabalhos de pesquisa são registrados em fichas padronizadas, onde há todas as informações do imóvel. A Diretora de Cultura do município também enfatizou como é feito o processo de inventário de um imóvel: “A equipe técnica vai até a residência, tira fotos, faz a planta baixa, conversa com o proprietário sobre todo o histórico do imóvel e pega todas as informações disponíveis. Isso tudo é arquivado e fica mantido no Arquivo Público”.
É importante ressaltar que inventário não é sinônimo de tombamento. O tombamento busca preservar integralmente as características originais de uma edificação, externas e internas, de acordo com sua importância. Já o inventário busca preservar as características externas de conjuntos ou edificações consideradas de interesse sociocultural para a preservação de espaços referenciais de memória coletiva, estruturadoras da paisagem e da ambiência urbana e rural do município.
Clique aqui para ler na íntegra a Lei 2765/2017 (formato PDF)
COLABORE
Se você é proprietário de um imóvel histórico na cidade de Rio Negro, ou então possui informações como documentos e fotos antigas de um imóvel da sua comunidade (área urbana ou rural), pode colaborar com o projeto. Visite o Arquivo Público Maria da Glória Foohs e saiba mais sobre os procedimentos.
O projeto “Inventário Cultural” busca documentar a história dos imóveis por meio da descrição minuciosa sobre características externas, internas e relevância histórica para o município e a memória dos munícipes. Por isso a colaboração da população é muito importante para a obtenção e registro de informações pertinentes aos imóveis históricos da cidade. Alguns imóveis entram como prioridade no processo de inventário do projeto, pois o proprietário avisa a equipe que será feita uma reforma ou desmanche, e por isso as características antigas são registradas antes que isso ocorra. Desta forma a memória do imóvel ficará preservada.
O Arquivo Público fica situado na Praça João Pessoa, no Centro de Rio Negro. O horário de atendimento é das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 15h.
PROJETO REFERÊNCIA
Recentemente o projeto “Inventário Cultural” foi apresentado no 2º Encontro de Gestores e Dirigentes Municipais de Cultural do Paraná, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura e realizado no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Devido a sua importância na preservação da história, gestores de outras cidades já visitaram Rio Negro para conhecer na prática o projeto.