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Choveu o previsto para meses de sexta-feira até domingo, ultrapassando os 300 milímetros em Riomafra. Durante a madrugada de sábado, domingo o dia todo, segunda e terça-feira, centenas de famílias tiveram suas casas atingidas pelas cheias dos rios da região. Grande parte destas famílias foi para alojamentos provisórios, ginásios, igrejas e escolas e dependem de doações e auxílio da Defesa Civil de Rio Negro e de Mafra.

Às 7h da manhã de segunda-feira o nível do rio Negro estava em 11,31 metros acima do seu leito normal, chegando a 13,20m às 16h de terça-feira.

Esta já é considerada a terceira maior enchente da história de Riomafra, porém os estragos e consequências são semelhantes com os da enchente de 1983.

Foi em julho de 1983 que Riomafra viveu a maior enchente registrada de sua história, com o rio Negro atingindo 14,57 metros acima de seu nível normal, o que causou a inundação de inúmeras ruas, atingindo alguns bairros em quase sua totalidade, destruindo casas e edificações, prejudicando a ligação entre Rio Negro e Mafra, pelo alagamento do acesso e consequente interdição das pontes Dr. Diniz Assis Henning (metálica) e Rodrigo Ajace (nova), além de bloquear trechos da BR 116 a menos de 2 quilômetros depois da ponte (ainda transitável) sobre a rodovia.

Situação muito parecida ocorreria em 1992, quando as águas chegaram a 14,42 metros, deixando cerca de oito mil desabrigados, que foram alojados em 24 diferentes abrigos, entre salões paroquiais, ginásios, clubes, barracões de empresas e até vagões de trens e, levaram a medidas de racionamento de alimentos, remédios, e sérios problemas de abastecimento de água potável e inúmeros prejuízos, contabilizados à época em cerca de cinco bilhões de cruzeiros.

Principais acessos

Acessos também foram atingidos na enchente desta semana, onde desde a tarde de segunda-feira a ponte Dr. Diniz de Assis Henning já estava interditada devido o alagamento da rua Sete de Setembro e cruzamento com a rua XV de Novembro.

Durante a manhã desta terça-feira ainda era possível seguir de Rio Negro para Mafra pela ponte Rodrigo Ajace, porém próximo ao meio-dia a referida ponte ficou durante algumas horas totalmente interditada para a passagem de carros, o que ocasionou inúmeros transtornos no trânsito das duas cidades, visto que nas imediações da ponte, tanto do lado de Mafra, quanto de Rio Negro, os motoristas ficaram confusos em que direção prosseguir. Inclusive do lado de Mafra a Polícia Militar estava multando alguns motoristas que insistiam em prosseguir em direções proibidas.

Durante a tarde desta terça-feira o trânsito na ponte Rodrigo Ajace foi liberado nos dois sentidos, porém alternando, 5 minutos para Mafra e 5 minutos para Rio Negro, dando assim maior fluidez aos motoristas.

A BR 116 continuava sendo a melhor opção para ir de Mafra para alguns bairros de Rio Negro, todavia o tráfego de caminhões era intenso, visto que no Km 2, sentido Mafra, em frente ao Centro de Serviços da Prefeitura de Mafra, a passagem estava totalmente interrompida, desta forma a fila de caminhões ficou enorme.

Outros acessos

– Km 74 SC – Interditado totalmente, permanece uma lâmina de água sobre a pista de aproximadamente 1 metro de altura.

– Km 02 SC – Ponte sobre o Rio da Lança, local totalmente interditado, sobre a pista uma lâmina de aproximadamente 60 cm de altura a água está subindo de 6 a 7 cm por hora.

– Uma intervenção no Km 177 PR em área de domínio e acostamento. Não há rotas alternativas nas proximidades desses locais, a única opção é pelo litoral para que vem do Rio Grande sentido Curitiba entrar no km 186 SC trevo do Patussi, e para que vem de Curitiba sentido Rio Grande seguir por Curitiba sentido litoral.

Família isolada

14 pessoas, incluindo uma criança, estavam isolados no morro próximo ao campo do Operário, nos fundos do barracão do Recivida, em uma madeireira desativada. Estas pessoas moravam na Vila Argentina e foram surpreendidas com as cheias que invadiram suas casas, tendo que rapidamente se abrigar no local mais próximo e dormir dentro de seus carros.

Durante dois dias, segundo relato, ficaram desassistidas de mantimentos pela Defesa Civil de Mafra, sendo ajudadas apenas por voluntários da Igreja Matriz São José.

Os cães também foram lembrados

A sensibilidade nessas horas de calamidade atinge pessoas que não deixaram de lembrar dos cães abandonados. Notícias de que desde domingo, algumas dezenas de cães foram resgatados de botes em Riomafra. Alguns voluntários também estiveram durante os últimos dias, distribuindo potes de ração e água em vários bairros das duas cidades, visto que os donos acabaram tendo suas casas invadidas, e muitos destes cães foram parar nas ruas, sem ter pra onde ir, desta forma, com ajuda destes zelosos voluntários, não passaram fome.

Advec voluntária

A igreja Advec – Assembleia de Deus Vitória em Cristo de Riomafra também mobilizou seus membros e criou uma força tarefa para percorrer os abrigos das duas cidades. Mulheres unidas fizeram um sopão que foi distribuído em abrigos, outras juntaram roupas, mantimentos, calçados, remédios, fraldas e materiais de higiene e também estiveram distribuindo em abrigos.

A palavra de Deus e louvor também foram levados aos abrigos por um grupo de jovens, que proporcionaram alivio e acalento às centenas de desabrigados.

Os números são surpreendentes

Só em Rio Negro, segundo dados da Defesa Civil, são 6.300 pessoas desalojadas, 786 famílias que estão em abrigos provisórios, incluindo Ginásio, Casa Ana Zorning, Associação de Moradores Passa Três, Sesi e também casa de familiares.

Ate às 18h de ontem a Defesa Civil de Rio Negro ainda estava retirando famílias de casas atingidas. Os telefones para emergências são 3642-5589 / 9180-0568 / 196 (bombeiros).

Em Mafra o número de famílias desabrigadas é menor, 469, estando distribuídas na Igreja Nossa Senhora Aparecida, Escola Estadual Tenente Ary Rauen, Escola Estadual Monteiro Lobato, Aspem, Recivida, Cemma, Caic e Igreja Nações para Cristo.