Esses dias navegando por aí nos mundos e sub-mundos da internet, me deparei com um post de um amigo meu, para minha alegria e surpresa, era uma foto dos “Novos Baianos”, para quem não conhece, foi um conjunto musical brasileiro, nascido na Bahia, ativo entre os anos de 1969 e 1979. Eles marcaram a música popular brasileira e até o rock brasileiro dos anos 70, utilizando-se de vários ritmos musicais brasileiros que vão de bossa nova, frevo, baião, choro, afoxé ao rock n’ roll. O grupo lançou oito trabalhos antológicos para MPB. Influenciados pela contracultura e pela emergente Tropicália. Contava com Moraes Moreira (compositor, vocal e violão), Baby Consuelo (vocal), Pepeu Gomes (Guitarra), Paulinho Boca de Cantor (vocal), Dadi (baixo) e Luiz Galvão (letras) entre outros.
O segundo disco do grupo, Acabou Chorare, que mescla guitarra elétrica, baixo e bateria com cavaquinho, chocalho, pandeiro e agogô, foi eleito pela revista Rolling Stone como o melhor disco da história da música brasileira em outubro de 2007.
Nessa mesma linha vemos, inúmeros outros artistas que não tem o devido valor e reconhecimento, querendo ou não, gostando ou não, o rock brasileiro está construído nessa base, nessa raiz da cultura brasileira, não adianta você torcer o nariz, fechar os olhos para o óbvio, e sim isso deve ser valorizado e reconhecido.
O grande e eterno Raul Seixas, aclamado até hojé, reflete muito em suas obras da nossa cultura, tanto que estilo musical é tradicionalmente classificado como Rock e Baião.
Partindo desse ponto eu gostaria de falar hoje sobre um artista, que apesar do nosso foco ser mais rock e metal, merece nosso total respeito e espaço, trata-se do grande cantor e compositor Zé Ramalho, a qual esse que vos fala tem profunda admiração, por seu estilo peculiar de cantar, de compôr e arranjar suas canções, misturando vários estilos, desses suas raízes nordestinas, até o rock.
Zé Ramalho com sua voz cavernosa, tem uma maneira própria de compor e cantar, misturando ritmos e tendências diversas.
Suas influências musicais são uma mistura de elementos da cultura nordestina (cantadores e rabequeiros), da Jovem Guarda (Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Golden Boys), a sonoridade dos Beatles e a rebeldia de The Rolling Stones, Pink Floyd, Raul Seixas e Bob Dylan. Há elementos da mitologia grega e de histórias em quadrinhos em suas músicas. Esta variedade, que para muitos torna o seu trabalho atemporal, pode ser considerada uma das principais responsáveis pela conquista de diversas gerações.
O álbum duplo “Paêbirú”, que quer dizer “o caminho da montanha do sol”. Editado no início de 75, recicla uma gama de ritmos nordestinos e rock progressivo. O album duplo, obra prima por excelência da nossa música foi divido em quatro partes, em analogia com os elementos mágicos: terra, ar, fogo e agua.
Seu primeiro LP, “Zé Ramalho”, lançado no início de 78, faz sucesso imediato em todo o país e a canção de coloração psicodélica “Vila do Sossego” que retrata toda aflição existencial do artista é sucesso de ponta-a-ponta do país. Uma homenagem ao pai e ao avô, ele fez na cantiga “Avôhai” sob efeito de chá de cogumelo alucinógino. A música é uma homenagem ao seu pai e avô e afirma que uma voz assoprou no ouvido dele a letra da canção.
O álbum ainda contém as músicas, “Chão de Giz” e “Bicho De Sete Cabeças”. A crítica elogiou seu trabalho e o público o comprou, maravilhados com as letras cheias de imagens míticas e o tom profético das interpretações. Resultado: Zé ganhou prêmio de melhor cantor revelação da Associação Brasileira de Produtores de Disco e da Rádio Globo.
O LP tem a participação do tecladista suíço Patrick Moraz (ex Yes) uma ambiência instrumental de rock progressivo, o que demonstra a preocupação de Zé Ramalho em soar uninversal, apesar de ter os “pés fincados” no caldeirão cultural nordestino. A Dança das Borboletas, parceria sua e de Alceu Valença ( já gravado por este no LP “Espelho Cristalino” de 77), destaca-se pela sonoridades de guitarras cortesia do eterno “Mutante”, Sérgio Dias Batista, sob uma base nordestina-percussiva. A partir daí, Zé Ramalho sedimenta sua estética sonora baseada numa fusão de rock com o som das violas de repentistas e das sanfonas dos forrós do interior do Nordeste.
A carreira do paraibano se consolidou em 1979, quando ele lançou seu maior clássico, “Admirável Gado Novo”, (tem letra inspirada em viagem de chá de cogumelo consumida por Zé Ramalho na época das suas observações da vida dos “bóia-fria” paulistas), e o grande sucesso “Frevo Mulher”.
No segundo álbum, “A Peleja do Diabo contra o dono do céu”, Zé Ramalho aprofunda sua viagem estética. Ele eletrifica uma antiga tradição da história da cultura nordestina o confronto entre Deus e o Diabo. Ele se utilizou do tradicioinal universo das “pelejas” da literatura de cordel que mantém o costume do desafio entre os repentistas. Como circula uma velha lenda no imaginário nordestino de que os repentistas tem de dar o melhor de si não apenas pela aparência métrica e de rima dos seus versos, mas por receio religioso: o de que um dia o repentista se encontrará, cara-a-cara com o Diabo. E para que não seja levado deste mundo, ele terá de mostrar seu melhor repente. Utilizando-se da forma arcaica de composição poética introduziu a modernidade no sertão e remexeu com antigos mitos e signos da cultura nordestina.
Em 1980, Zé participou do Festival de Música Popular da TV Globo, ficando entre os 20 primeiros colocados. Mudou-se para Fortaleza (CE) e ganhou seu primeiro disco de ouro. Com popularidade crescente, no ano seguinte se destacou com as faixas “A Terceira Lâmina” e “Canção Agalopada”, ganhando outro disco de ouro. Também lançou o livro de poesias Carne de pescoço e os livretos Apocalipse e A peleja de Zé do Caixão com o cantor Zé Ramalho.
O artista viu seu nome envolvido numa grande polêmica em 1982. Tudo porque as letras de seu disco daquele ano se assemelhavam a alguns versos do poeta irlandês William Yeats, o que lhe rendeu um processo por plágio. Ficou tudo resolvido quando a Marvel, editora que publicava O incrível Hulk, admitiu ter dado crédito ao escritor na edição da revista em quadrinhos que inspirou as composições de Zé naquele LP. E ele ganha outro disco de ouro.
E assim ao longo dos anos e décadas Zé Ramalho vem construindo sua obra, inspirada tanto na literatura de cordel e nos ritmos nordestinos quanto no cinema, nas histórias em quadrinhos, nos livros de ficção científica, nos seriados de TV, no rock e na mitologia, alinhavando tudo com seu jeito único de cantar, como se estivesse narrando, e com suas composições que remetem a imagens.
Alguns fatos sobre a Obra e carreira de Zé Ramalho:
- Em 2000 lança o CD duplo “Nação Nordestina”, um retrato da história musical e política do nordeste, com um toque de sonoridade Beatles, e a forma “ramalheana” de tocar e “dizer – cantar” as mensagens.
- Setembro de 2001 – O álbum “Nação Nordestina” foi indicado ao Grammy Latino como melhor álbum de Música Regional.
- Maio de 2001 – lança o CD “Zé Ramalho canta Raul Seixas”, projeto que vinha amadurecendo há tempos, e, apesar de dificuldades enfrentadas com a liberação de obras por parte de parceiros, realizou o projeto, regravando músicas só da autoria de Raul. O disco ganhou uma versão em DVD, do show de lançamento no Canecão, no Rio de Janeiro. Tanto o CD quanto o DVD foram premiados com disco de ouro.
- 20/01/2001 – um sábado ensolarado de janeiro, horário de verão, às 19:30h ainda havia sol quando os primos roqueiros Elba e Zé Ramalho subiram ao palco do Rock in Rio 3, sacudindo a poeira. Aos primeiros acordes de “Eu nasci há dez mil anos atrás” de Raul Seixas, as pessoas vieram correndo de outros palcos e puderam se emocionar com um espetáculo impecável, eletrizante! Clássicos da canção nordestina e brasileira, de Luiz Gonzaga a Zé Ramalho, foram entoados de fio a pavio por um coro uníssono e vibrante de 50.000 pessoas!
- Grava discos que não vendem tanto como os primeiros, mas sua beleza musical será descoberta anos após. Era a experimentação. Zé Ramalho não teve medo de ousar por novos caminhos, de mostrar sua veia roqueira, as influências estrangeiras e chocar público e crítica. Alguns raros compreenderam.Os discos são:
“Pra não dizer que não falei de rock ou por aquelas que foram bem amadas” (1984)
“De Gôsto, de água e de amigos” (1985)
“Opus visionário” (1986)
“Décimas de um cantador” (1987) - 1989 – Deixa definitivamente o hábito da cocaína, dando uma reviravolta em sua vida pessoal e retornando aos discos em 1991
É meus amigos, esse é Zé Ramalho, como sempre friso, aproveite o que o rock e a música tem de melhor a lhe oferecer, não importa a vertente, se é algo bom, de qualidade, que lhe toca, lhe faz bem, aproveite e curta, preconceitos e ficar com um cabresto nas idéias, nos pensamentos, não fazem parte do rockeiro, liberdade sim!!!
Zé Ramalho estará aqui perto de nós, em alguns dias, dia 08 de junho (sexta-feira), Zé Ramalho faz Show Nacional na Joinville Square Garden, para mais informações e compras de ingresso, acessem o site:
http://www.oiingressos.com.br/evento.php?eve_cod=151
Lembrando que você também pode concorrer a 5 ingressos para assistir esse show, através do link de promoções do Click Riomafra, segue o link abaixo, onde você pode se cadastrar:
http://www.clickriomafra.com.br/portal/promocoes/show-com-ze-ramalho-em-joinville
Terminamos esse texto, com alguns vídeos das canções desse grande artista que é Zé Ramalho, uma boa tarde a todos e até a próxima.
Zé Ramalho – Chão de Giz – DVD Ao Vivo Zé Ramalho Lançado em 2005.
Zé Ramalho – Sinônimos – DVD Ao Vivo Zé Ramalho Lançado em 2005.
http://www.youtube.com/watch?v=n14cH97uTS0&feature=related
Zé Ramalho – Avôhai – DVD Ao Vivo Zé Ramalho Lançado em 2005.
http://www.youtube.com/watch?v=fzU5FJl-frE&feature=related
Zé Ramalho – Admirável Gado Novo – DVD Ao Vivo Zé Ramalho Lançado em 2005.
http://www.youtube.com/watch?v=gQ2sQk9q-30&feature=relmfu