Boa tarde galera, depois de termos terminado nossa analise afundo sobre o Black Metal, hoje falaremos sobre outro gênero do Metal, sem mais delongas, vamos aos trabalhos.
Dando continuidade aos posts sobre Metal, decidi não seguir ordem cronológica entre o aparecimento dos sub-gêneros, acho que assim fica mais agradável e melhor de ser escrito. Hoje falaremos sobre o Folk Metal, estilo capaz de utilizar-se de várias culturas diferentes para sua composição. O Folk Metal surgiu no ínicio dos anos 90, com o álbum “The Wayward Sons of Mother Earth” da banda Skyclad (o nome da banda já os direciona a antigas tradições: Skyclad é o nome de um ritual pagão de nudez, em que os participantes estariam apenas “vestidos” – clad, em inglês – pelo céu).
O folk metal une várias culturas, pois, como o próprio nome demonstra, as bandas que se atém a esse gênero utilizam temas e instrumentos tradicionais de vários povos diferentes em suas músicas. E, ao menos para mim, esse é o ponto alto do folk. Junto aos ingleses do Skyclad, podemos citar duas bandas nos anos 90 que ajudariam a propagar essas ideias musicais, que são o Cruachan (Irlanda), e Subway to Sally (Alemanha), mas o efeito só apareceria na década seguinte, com algum destaque à Finlândia. Neste singelo país europeu foi que boa parte do folk metal rapidamente se desenvolveu, a partir de bandas como Finntroll, Korpiklaani, Ensiferum e Turisas.
Excetuando-se o Korpiklaani, essas outras utilizam de alguns aspectos também do metal extremo, e ultimamente o Finntroll tem se voltado muito ao black metal, creio que esta pequena – porém importante – mudança no direcionamento de sua música se deva à entrada de um novo vocalista “Vreth” (Mathias Lillmåns), mas também vale ressaltar o uso da sonoridade da humppa, uma espécie de polka finlandesa. Outro fato a se salientar sobre o Finntroll é que mesmo sendo uma banda finlandesa, as letras da banda são em Sueco, por causa do primeiro vocalista Katla que mantinha suas raízes suecas (o sueco é também um idioma oficial finlandês ao lado do próprio idioma finlandês). Enquanto isso, o Korpiklaani se afunda (no bom sentido, se é que isso é possível) na bebida e nos mostra uma temática bastante etílica. Músicas como “Vodka” e “Beer Beer” ilustram bem esse fato, e também a última tour mundial da banda foi chamada de “Vodka Revolution Tour”. Preciso dizer mais algo? O som dos caras é bem animado, e por diversas vezes também utilizam o finlandês para escrever suas músicas. Dentro do folk metal podemos separar as bandas pelas suas origens musicais, sendo bastante comum as que falam dos celtas, e há também várias com características eslavas.
“Celtic folk metal” – essa variação do folk metal tem como marco inicial o álbum “Tuatha na Gael“, lançado em 1995 pelo Cruachan. É uma excêntrica mistura do black metal com a cultura irlandesa e celta no geral. Outra banda nesta mesma linha é o Primordial, que lançou também em 1995 seu primeiro álbum: “Imrama”. O ano de 1998 vê o primeiro full length do Wayfarer, denominado “Reawakening Pride Once Lost”. Nos anos 2000 a cena se expandiu muito, inclusive no Brasil. Por aqui tivemos bandas como Tuatha de Danann e Ashtar, ao passo que no velho continente, durante o inverno de 2002, foi fundada um dos grandes nomes atuais do folk metal celta: Eluveitie.
Na pequena Suíça, o Eluveitie apareceu com uma mudança visível ao folk metal, a partir da mistura do já consagrado melodic death metal de Goteburgo (Suécia) e da cultura gaulesa. Tanto que várias faixas tem suas letras escritas unicamente no idioma gaulês, o que de certa forma é assustador, já que é uma língua que não é falada oficialmente por uma nação há cerca de 1600 anos. Os documentos sobre esta língua são escassos, mas isso não foi de maneira alguma um empecilho a eles. O Eluveitie usa também instrumentos tradicionais, como o hurdy-gurdy , o Tin Whistle, a Mandola, entre outros. Vale ressaltar o terceiro álbum de estúdio dos suíços: “Evocation I – The Arcane Dominion” é um trabalho majoritariamente acústico, com grande destaque às origens gaulesas da banda. Uma obra prima. Recomendo a quem gosta, ou passar a gostar e se interessar pelo estilo, ouvir todos os CD’s dessa banda, que são seis ao todo.
No lado eslavo do folk metal, o país de maior expoente é a Rússia, com bandas como Arkona, Beer Bear, e Alkonost. Perto destes, há também os bálticos – Metsatöll, Skyforger e Raund-Ants.
É um pouco difícil falar especificamente das influências eslavas no folk como falei das influências celtas, mas devo dizer que são bandas com grande expressão no cenário do metal mundial, devido à qualidade, principalmente.
Voltando ao geral, existe um projeto muito interessante que merece destaque: Folkearth, é uma banda “internacional”, que juntou músicos de vários ramos diferentes dentro do folk metal, e também de vários países da Europa. O primeiro álbum, “By the Sword of My Father” lançado em 2006 reuniu cerca de 31(!!!!!) músicos para sua composição, o que é uma grande marca dentro das produções do metal como um todo.
- Musicalmente e tecnicamente falando:
A presença de instrumentos musicais folclóricos (gaita-de-fole, violino, flauta, harpa, etc.), ou apenas o som destes feito por um teclado ou sintetizador.
Ritmos e melodias feitos com os instrumentos usuais do Metal, cuja sonoridade remete à música folclórica.
Linhas vocais típicas da música folclórica.
Basta qualquer um destes elementos para uma banda poder ser considerada folk metal. Toda esta variedade torna-o a vertente mais hetereogênea do metal. O Cruachan, banda irlandesa, mesclava black metal com música celta da Irlanda por meio desses três elementos nos seus dois primeiros álbuns. Depois, Keith Fay seguiu para um estilo mais único, sem deixar de lado as raízes musicais celtas.
Já o Finntroll, provindo da Finlândia, mistura polca com guitarras e leves influências de black metal, utilizando-se de teclados para simular acordeões. Ambas possuem influências diferentes do In Extremo, banda alemã, que pratica heavy metal com a presença de instrumentos típicos da música medieval popular germânica (gaitas-de-fole, harpa etc.).
Terminamos nosso post de hoje com vídeos de diferentes bandas dentro do gênero. Aproveitem:
Eluveitie – Thousandfold.
Eluveitie – Dessumiis Luge – (Do – “Evocation I – The Arcane Dominion” – um trabalho majoritariamente acústico, com grande destaque às origens gaulesas da banda.
Korpiklaani – Wooden Pints.
Cruachan – Pagan.
Skyclad – The Parliament of Fools.
Arkona – Liki Bessmertnykh Bogov.
Tenham todos uma ótima tarde e até a próxima.