Os dados do Ministério da Saúde são preocupantes. Cerca de 22% dos partos contabilizados em um ano são de adolescentes. E isso é muito em tempos que a informação corre em velocidade alarmante e as campanhas preventivas são frequentes. Os preservativos podem ser conseguidos nos postos de saúde administrados pelas prefeituras e pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Grávida sem estar física e emocionalmente preparada, o sofrimento da adolescente é grande, a começar pelos riscos à sua saúde. A menina nesta situação pode contrair hipertensão, anemia e infecção urinária; a desproporção entre a cabeça da criança e a pelves da mãe impede o parto normal, e ainda pode ocorrer parto prematuro, aborto, morte no parto, sendo que isto é a sexta causa de morte entre adolescentes, além do suicídio.
Estudos mostram a extrema dificuldade em adaptar-se à nova condição, gerando muita ansiedade, depressão e hostilidade.
E juntamente com isso, existem as outras consequências que marcam a vida da adolescente. Geralmente ela abandona a escola e seus projetos profissionais, afastando-se dos amigos, e ainda terá dificuldades sexuais no futuro. Sem o devido preparo, acaba sendo excluída do mercado de trabalho. Assim, os prejuízos emocionais e sociais na vida da adolescente merecem um capítulo à parte e certamente afetarão a vida da criança também.
E o bebê que está sendo gerado? Muitas vezes, o exame pré-natal começa a ser feito tardiamente porque a gravidez é escondida da família o máximo possível, quando não chega ao parto sem nunca ter feito qualquer exame.
Devido às condições da mãe, o bebê pode nascer abaixo do peso e com doenças respiratórias, além de muitas vezes sofrer rejeição e até maus tratos. Esta é uma realidade dura e frequente. Infelizmente, a história da maioria das adolescentes que engravidam é essa. Claro, que uma parcela delas pode contar com o apoio da família, não abandona a escola e tenta seguir com seus planos iniciais, mas isso é a minoria.
O pai adolescente, quando assume a sua responsabilidade, também tem a sua vida modificada e o que acontece geralmente é ele abandonar a escola e seus projetos profissionais, uma vez que precisa trabalhar (e muito!) no que for possível, pois tem uma família para sustentar.
Nunca se divulgou tanto como evitar a gravidez não planejada. No entanto, continua alto o índice de gravidez na adolescência. A principal razão, apontam os especialistas, é que é comum o adolescente comportar-se de maneira inconsciente, imprevisível ou irracional. E ainda outros fatores, a cada década a primeira menstruação (menarca) tem vindo quatro meses mais cedo, aumentando o tempo de exposição da adolescente ao risco de gravidez, a irregularidade dos ciclos menstruais dificultam o planejamento; filhas de mães que iniciaram vida sexual precocemente ou engravidaram ainda adolescentes tendem a repetir a experiência; desagregação familiar, permissividade, falta de limites, de diálogo e confiança entre pais e filhos; irmãos mais velhos com vida sexual ativa.
Sem contar os fatores complicadores, como o exagero da erotização pelos meios de comunicação, especialmente a televisão; maior aceitação social do sexo antes do casamento e na adolescência; baixa escolaridade e desinformação de pais e adolescentes sobre reprodução humana e o uso correto dos métodos contraceptivos.
O grupo de amigos pressiona para iniciar a vida sexual e ainda a baixa autoestima e falta de afeto da família faz a adolescente concluir que engravidando ela teria o afeto que tanto precisa, e ainda tem aquelas que buscam solidificar o relacionamento com o parceiro e falta de perspectivas profissionais acabam fazendo com a adolescente conclua que a sua tarefa é ser mãe.
Triste realidade de muitas meninas por este Brasil afora.