O glaucoma é uma doença considerada como a maior causa de cegueira irreversível no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). O problema atinge cerca de 65 milhões de pessoas no planeta e é o motivo de 4,5 milhões de casos de perda total de visão, segundo a Associação Mundial do Glaucoma. A doença caracteriza-se pelo aumento da pressão intraocular com danos no nervo óptico.
O glaucoma é uma alteração em que a pressão do líquido que preenche o globo ocular é aumentada de forma anormal acima do que o olho pode tolerar. Quando a pressão intraocular é maior do que o normal, eleva consideravelmente o risco de danos à visão. No olho normal, o líquido interno é produzido no corpo ciliar e drenado para fora a uma taxa constante e balanceada. A relação entre a taxa de formação e drenagem do líquido determina a pressão intraocular que, quando aumentada, compromete os vasos sanguíneos que nutrem as estruturas visuais do fundo do olho. Na falta de irrigação sanguínea adequada, as células do nervo óptico entram, inicialmente, em sofrimento e, se o problema persistir, as células podem morrer, provocando a perda da visão.
No Brasil, existe aproximadamente um milhão de portadores do mal e estima-se que outras 900 mil pessoas possuam o problema, porém sem saber. Especialistas chamam a patologia de doença silenciosa, pois na maioria das vezes os sintomas não são percebidos, fazendo com que as pessoas percam a visão lentamente. O tratamento convencional, feito através de colírios especiais, tem um custo alto e é de difícil adesão. Isso porque o uso do medicamento é preventivo e requer uma terapia de longo prazo.
Diante do alto custo dos colírios e da dificuldade em se manter o uso contínuo dos medicamentos prescritos, o Tratamento Seletivo a Laser (SLT) ganha espaço no mercado. A técnica obteve a aprovação do FDA (Food and Drug Administration) dos EUA após três anos de avaliações em milhares de pacientes. O procedimento a laser, também chamado de Trabeculoplastia Seletiva, funciona através da limpeza do trabeculado, canal por onde é escoado o líquido interno do olho e responsável pela pressão intraocular. Até então, cirurgias ou procedimentos a laser eram adotados somente nos casos tardios, cujo tratamento com os colírios não surtiam mais efeitos. O SLT, entretanto, permite reduzir os riscos de perda da visão numa intervenção considerada rápida e segura.
O tratamento é inofensivo e pode ser feito em praticamente todos os casos de hipertensão ocular e glaucoma de ângulo aberto. A aplicação do laser não leva mais de cinco minutos por olho e o baixo custo da aplicação permite que muitos pacientes possam interromper ou diminuir a quantidade de colírio.
A prevenção é importante, todos devem fazer exames oculares regularmente, ocasião em que, além de outras verificações, o oftalmologista tira a pressão do olho; os grupos de risco, tais como míopes, diabéticos, pacientes que sofrerem algum trauma ocular, pessoas com mais de 40 anos de idade e aqueles que têm histórico de glaucoma na família devem dar atenção redobrada aos olhos.
Lembrando mais uma vez que o diagnóstico correto deve ser realizado pela medida da pressão intraocular, pelo nervo óptico e pela camada de fibras nervosas. Somente o oftalmologista pode realizar os exames de fundo de olho e a medição da pressão. Caso ela seja alta, há fortes indícios de que o paciente possua ou venha a desenvolver o glaucoma.