O cuidado com a saúde do homem, a importância de procurar por atendimento médico de maneira preventiva e a necessidade de romper paradigmas culturais ao ensinar os meninos a estabelecer vínculos com os profissionais da área médica. Essas foram algumas das orientações transmitidas durante a live sobre “Saúde do homem”, realizada nesta semana pela Unimed Chapecó com três médicos urologistas cooperados: Dr. Hardy Goldschmidt, Dr. Juliano Ferneda e Dr. Paulo F. de Oliveira Caldas. A iniciativa integra a campanha “Cuidado Infinito” e marca o Dia Internacional do Homem, celebrado no dia 15 de julho.
Os médicos relataram que historicamente a mulher sempre teve o papel de zelar pela família, enquanto o homem deixava de lado o cuidado com sua saúde. Ferneda enfatizou que o processo do gênero feminino buscar atendimento de maneira preventiva ocorreu naturalmente, enquanto que no universo masculino esse comportamento ainda está em construção. “Campanhas, a exemplo do Novembro Azul, foram criadas para incentivá-los a se preocuparem com sua própria saúde. O que começou timidamente tem evoluído nos últimos anos, atualmente 95% dos homens sabem do que se trata a campanha, 20% afirmam que passaram a frequentar o consultório de um urologista e a grande maioria tem conhecimento sobre a importância de buscar atendimento de saúde”, explicou.
Estudos revelam que o homem sofre mais frequentemente por algumas doenças, justamente por procurar menos o auxílio médico. Depressão, ansiedade, estresse têm acometido o gênero, que culturalmente carrega a visão de “super-herói”, por isso a relevância da atuação dos urologistas que podem auxiliar com orientações sobre os cuidados com sua saúde. “Atualmente, há projetos para trabalhar especificamente com os adolescentes, porque antigamente atendíamos apenas adultos. Os conceitos estão mudando, justamente, para reforçar o cuidado integral da saúde precocemente”, comentou Goldschmidt.
Para Caldas, os homens se sentem constrangidos e associam a consulta com um urologista apenas com cuidados com a saúde sexual. “Muitas vezes o homem tem a impressão de que só deve procurar um médico quando estiver com alguma doença, quando na verdade deve antecipar-se a elas”, reforça. As questões culturais eram reforçadas pela inexistência de políticas públicas específicas para esse público, que era incluído somente em campanhas de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, desprovido portanto, de um programa específico. “A Portaria 19.444, do Ministério da Saúde, é baseada em cinco pilares: acolhimento, capacidade reprodutiva, paternidade, doenças crônicas e prevenção de acidentes”, complementa.
Os médicos ressaltaram a importância de os homens estabeleceram vínculos com um determinado profissional para acompanhar e avaliar a sua saúde. Assim, como ocorre com as meninas que ao terem sua primeira menstruação são acompanhadas por uma ginecologista. “Precisamos romper com essa cultura do fugir do consultório e incentivar para que os meninos se aproximem do seu médico”, argumenta Ferneda. Segundo Goldschmidt, o médico orientará sobre o desenvolvimento sexual e genital, aspectos que podem comprometer a fertilidade, importância de conhecer o próprio corpo e adotar hábitos de vida saudáveis. Caldas complementa que o adolescente precisa ter conhecimentos físicos, anatômicos, psicológicos no desenvolvimento sexual para evitar possíveis traumas. “Pelo autoexame o paciente identifica se tem uma patologia testicular ou peniana, por exemplo. O que nos preocupa é a falta de informação sexual pelo adolescente que gera consequências como ejaculação precoce e disfunção erétil”, expôs.
Os profissionais também explicaram sobre câncer de próstata (prevalência, exame de Antígeno Prostático Específico – PSA, toque retal, tratamentos e novas tecnologias atualmente disponíveis), relevância do tratamento multidisciplinar, do diagnóstico precoce das patologias, rastreabilidade de doenças e estratificação de risco. “Os homens têm a possibilidade de melhorar a qualidade de vida ao se permitirem buscar auxílios e orientações médicas”, finaliza Goldschmidt.