A atividade da avicultura, produção de aves para o corte, tem sido uma alternativa de boa renda para dezenas de agricultores de Itaiópolis. O ramo de negócio se fortaleceu com a instalação do frigorífico Avita, hoje, pertencente ao grupo Americano Tyson Foods Inc. O trabalho na lavoura é insalubre e desgastante, principalmente no cultivo do tabaco, principal fonte de renda para mais de 2 mil famílias de pequenos produtores locais. Pouca terra e lucros favoráveis. É essa a combinação de fatores que faz os pequenos ingressarem na produção do tabaco. Mas a atividade é insalubre e causa, diretamente, e em longo prazo danos a saúde, pois a carga de insumos e agrotóxicos nas lavoras de tabaco é alta. No entanto, os produtores recebem orientações das empresas integradas, sobre boas maneiras no cultivo do fumo.
Com esses fatores que expõem diretamente a saúde da família, que tira o sustento das lavouras de tabaco, fez alguns produtores optarem no advento da produção de aves para corte. É o caso de Geraldo Dolinski, 44 anos, que vive com a família na localidade de Campina, a dois quilômetros da rodovia SC-477 e a pouco mais de 20 do centro de Itaiópolis. O agricultor e a família produziam tabaco a pelo menos 10 anos. Quando a Gazeta de Itaiópolis visitou a propriedade de Geraldo, na última semana, já deu para observar o novo negócio em plena ascensão. Trata-se de uma granja de 120 por 14 metros, que foi construída bem próxima a casa da família. Ao indagar Geraldo para saber quais os motivos que o levaram a investir numa granja o pequeno agricultor foi incisivo na resposta: “menos riscos a saúde, ambiente de trabalho sem umidade, emprego de menos mão-de-obra; uma vez que a lavoura exige mais trabalhadores, principalmente no período de colheita da produção do fumo”, explica.
Segundo o agricultor, o aviário é totalmente financiado. A obra de construção da granja iniciou há um mês. Ele explicou que não teve dificuldades em contrair o financiamento, com exceção de uma nascente de água, que estava a menos de 50 metros do local onde seria edificada a granja. Ainda, alguns paióis estavam nesse raio, nas proximidades das nascentes e tiveram que ser removidos, segundo Geraldo. O investimento no aviário chega a R$ 250.000,00. O valor total financiado deve ser quitado em até oito anos. O aviário tem capacidade para alojar 23 mil aves. O produtor está integrado com a Tyson de Itaiópolis e disse que teve todo o apoio da empresa para iniciar no novo negócio.
As dificuldades
Todo o processo de implantação do aviário, segundo Geraldo Dolinski, correu dentro da normalidade, desde a liberação de financiamento até as questões ligadas ao meio ambiente. Mas, por outro lado, o principal desafio do produtor é garantir condições de tráfego até o aviário. Pelo menos um trecho de um quilômetro precisa ser encascalhado. Isso é claro, sem contar no pátio do entorno da granja, que também necessita de empedramento. Para sair da casa da família e chegar até a SC-477 são apenas dois quilômetros de estrada de saibro.
A preocupação do produtor é possibilitar o acesso seguro de caminhões que vão transportar pintinhos, rações e as aves terminadas, após 45 dias de confinamento. O agricultor disse que falou diretamente com o prefeito de Itaiópolis por duas vezes, pedindo encascalhamento do trecho. Ele foi à Prefeitura pelo menos cinco vezes, sem contar que recorreu a outros responsáveis pela malha rodoviária do município. “Todos prometeram empedrar, mas até o momento nada foi feito”, disse Geraldo. Até para Secretaria de Agricultura o produtor recorreu. Há poucos incentivos da pasta em estimular a implantação de novos aviários em Itaiópolis.
Outro fato inusitado e muito estranho, contado pelo próprio agricultor, é com relação ao nivelamento do solo, para a construção do aviário. Segundo Geraldo, para nivelar o chão da granja teve que pagar o óleo consumido por uma máquina da Prefeitura e uma gratificação de R$ 140,00, arbitrada pelo próprio operador da máquina, que alegou para Geraldo que se tratava de um domingo e que esse dia é de folga ao funcionalismo público municipal. O vereador Paulo Mirek (PSDB) visitou a família e disse que vai levar o caso ao conhecimento dos responsáveis pela Secretaria de Obras do município e também ao conhecimento do parlamento municipal.
Geraldo Dolinski estima que na primeira quinzena de dezembro já receba o primeiro lote de aves, para serem alojadas. Concluindo a entrevista, o produtor disse que não tem esperança de que o trecho seja encascalhado. A solução será pagar pelas cargas de pedra que forem colocadas na estrada. “Em dias de chuva, se alguém aqui de casa ficar doente vai morrer, pois não temos como sair da nossa própria casa”, lamenta a esposa de Geraldo Dolinski.