O presidente do Sindicato dos Motoristas de Canoinhas e Região – Sintrocan, Ézio João Rodrigues, agendou o uso da Tribuna da Câmara de Mafra para a próxima terça-feira (30), oportunidade em que irá solicitar apoio dos edis para reverter a atual situação pela qual passam os motoristas da Viação Santa Clara Ltda.

Ouvido via telefone por nossa reportagem o presidente disse que o fato de os motoristas da empresa virem acumulando as funções de motorista e cobrador é bastante preocupante por se tratar de um compromisso e uma responsabilidade a mais. “Se a gente analisar, tudo é dito como culpa do motorista, é assim se o ônibus atrasa ou quebra ou qualquer coisa que aconteça”, cita Ézio Rodrigues.

Para o presidente do Sintrocan a função do motorista se resume apenas a dirigir cumprindo as leis de trânsito e o horário pré-estabelecido e, ainda, zelando pela segurança dos passageiros.

Ézio lembra que com a destituição dos cobradores os motoristas vêm acumulando funções, sem qualquer acréscimo de salário e tão somente de responsabilidade. Ele destaca que quando uma pessoa toma um determinado ônibus em quase 100% tem horário para chegar a algum lugar muitas vezes não podendo se atrasar, como no caso de estar se dirigindo à rodoviária, por exemplo. “Com o motorista tendo que efetuar as cobranças o tempo de transcurso tende a aumentar, pois o mesmo não pode sair fazendo cobranças e dirigindo ao mesmo tempo”, enfatiza, dando evidência também ao fato de que além dos riscos de acidentes em caso de o profissional ser bastante pressionado por alguns passageiros que, lembra o presidente, não deixarão de ter razão em casos de atraso. “Isso pode gerar uma tensão no profissional e até mesmo acarretar algum tipo de acidente e no final é ele quem levará a culpa”, diz.

Outro agravante apontado pelo presidente Ézio é o de que o salário até então pagos aos cobradores foram computados no preço da passagem urbana e interurbana e não houve redução de preços com a saída dos mesmos, muito menos aumento salarial para os motoristas. Ressalta também que os motoristas da empresa precisam estar concentrados na entrada e saída de passageiros e principalmente no trânsito. “Se assim não procederem estão sujeitos a sanções, como também no caso de não utilizarem o cinto de segurança”, diz, alardeando que isso pode vir inclusive facilitar a ação de bandidos, como em casos de assaltos já registrados em Riomafra.

Além de todos estes itens que prejudicam o desempenho do trabalho dos motoristas, Ézio João Rodrigues aponta a possível ocorrência de não fechamento no caixa, com o motorista errando involuntariamente em cobranças ou devolução de trocos e, assim, tendo que pagar a diferença para a empresa. “Esses fatos por si só já justificam nossa preocupação com estes profissionais e vamos pedir o apoio dos vereadores para que a situação seja invertida e os motoristas valorizados e reconhecidos”, destaca o presidente do Sindicato, que não tem intenção ainda de ingressar com uma ação contra a empresa e sim antes tentar uma solução amigável. “Queremos contar com a sensibilidade dos vereadores e evitar ter que ingressar com demanda judicial”, concluiu.

Na edição do último dia 10 de abril o jornal Gazeta de Riomafra publicou reportagem sob título “Usuários do transporte coletivo reclamam de atrasos por falta de cobradores”, oportunidade em que o gerente da empresa, José Aparecido Machado afirmou que os cobradores foram relocados em outras funções, justificando que “a retirada da maioria dos cobradores dos coletivos se deu quando da implantação do cartão cidadão, que considera de maior utilidade e segurança para o usuário”, não se caracterizando aí a necessidade de cobrança e devolução de troco, embora admita que a grande maioria dos ônibus coletivos em Riomafra, ainda não tenha adotado o cartão, que somente é carregado na sede da empresa no bairro Vila Nova.

A Viação Santa Clara possui atualmente 110 empregados diretos, mas não nos foi repassado quantos destes atuam como motoristas.