Mesmo com a conclusão da ponte crianças seguem sem ir à escola

Publicado por Gazeta de Itaiópolis - 18/05/2012 - 16h07

Segundo moradores a ponte foi concluída, mas pela falta de cascalho na estrada o transporte escolar não está circulando

Depois de um mês, a Gazeta de Itaiópolis retornou a convite de moradores na localidade de Rio do Bispo, que fica distante há cerca de 10 quilômetros do Distrito de Moema. Nos últimos meses os moradores do vilarejo enfrentavam sérios problemas com a falta de uma ponte sobre o Rio Caíva. A ponte faz a ligação da Moema – Rio do Bispo – com comunidades importantes como o Rio da Prata, Baia do Itajaí, municípios de Santa Terezinha e Victor Meirelles.

Hoje a situação é diferente. A ponte foi construída, mas mesmo assim os moradores, especialmente crianças estão sem ir à escola pela falta do transporte escolar. Hoje a travessia sobre o Rio Caíva com a conclusão da nova ponte é possível, mas, entretanto, apenas para veículos pequenos e em dias de tempo bom.

Em dias de chuva, tudo muda e é impossível trafegar pela estrada municipal do Rio do Bispo. Não existe cascalho no leito da via, de chão batido e terra avermelhada. Devido à região estar localizada em áreas íngremes, é perigoso trafegar de veículo pela estrada, estando suscetível ao deslize penhasco abaixo.

Mesmo com a conclusão da ponte, os filhos do agricultor Acir Gerônimo Chimchek, de 47 anos, que mora há 24 anos em Rio do Bispo, continuam sem ir a escola, pois o transporte escolar não está vindo. Segundo o agricultor, o transporte escolar não passa mais pela sua casa, pois o acesso é precário. Faltam patrolamento e cascalhamento nas vielas que cortam o Rio do Bispo. Faz três anos que a “perua†escolar não vem apanhar os alunos.

“Saiu a tão esperada ponte, mas agora falta pedra na estradaâ€, disse Acir. Uma jazida de cascalho está localizada a pouco mais de três quilômetros dos locais que precisam ser empedrados, mas as obras não são executadas. A Secretaria da Educação do Município garantiu que o transporte escolar apanharia os estudantes na tarde da última terça-feira (15), mas isso não ocorreu. Na manhã de quarta-feira, 16 de maio, a “perua†também não passou para levar os alunos.

Segundo o líder voluntário Nilton Lemos, que tem acompanhado o cotidiano e o sofrimento dos moradores de Rio do Bispo, a Prefeitura está descumprindo o artigo 158 da Lei Orgânica Municipal, especialmente o parágrafo 2º que diz: “o não oferecimento do ensino obrigatório, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridadeâ€.

Segundo Lemos e o agricultor Acir, o que falta, agora, é o encascalhamento da estrada, principalmente para garantir o direito Constitucional de “ir e virâ€, em especial para o fluxo do transporte escolar.

Sobre a nova ponte, Nilton Lemos agradeceu aos moradores e também a imprensa pelo apoio e engajamento na luta para assegurar os direitos mínimos aos humildes moradores de Rio do Bispo. “Agradeço também ao poder Executivo que contribuiu com uma parcela mínima do orçamento de Obras para a construção da ponteâ€, disse.

Na opinião do líder voluntário, ainda falta o pleno engajamento do poder Legislativo, que deveria acompanhar de perto o sofrimento de longa data dos moradores, principalmente com a falta de cascalho nas vias públicas e a falta da ponte, até então. “Se o Departamento de Obras da Prefeitura realizar o empedramento da estrada a Secretaria da Educação garantiu o retorno imediato do transporte escolar em Rio do Bispoâ€, explicou Lemos.

A escola mais próxima da comunidade de Rio do Bispo está localizada na Baia do Itajaí, que fica há 10 quilômetros da casa da família de Acir Chimchek. Nilton Lemos já levou o caso da falta do transporte escolar ao conhecimento do Conselho Tutelar de Itaiópolis, que deve elaborar um relatório apontando os problemas e encaminhar ao Ministério Público, para promoção da justiça. “Se esse problema não for resolvido com brevidade nós em parceria com os moradores vamos tomar outras providênciasâ€, afirmou Nilton.

Ainda, segundo moradores, o serviço de enchimento das cabeceiras da ponte foi mal executado, pois a equipe de obras utilizou terra e resíduos dos próprios barrancos nas proximidades da ponte. “Pedimos às autoridades que compareçam no local para fiscalizar a obra e tirar as próprias conclusõesâ€, disse Acir.

Segundo Nilton Lemos, é preciso fazer o preenchimento das cabeceiras da ponte com pedras da jazida, pois vai aumentar o tempo de conservação da obra. “Em minha opinião, a ponte, mesmo depois de estar pronta para o transito foi executada em local inadequado, pois não dá condições de passagem para veículos maioresâ€, comentou Lemos.

Algumas crianças de Rio do Bispo ainda não foram à escola em 2012.

- Publicidade -

ENVIE UM COMENTÁRIO

IMPORTANTE: O Click Riomafra não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários publicados pelos seus usuários. Todos os comentários que estão de acordo com a política de privacidade do site são publicados após uma moderação.