Morar em um lugar há muitos anos e não ter a certeza de que poderá permanecer lá e de que seu lar não lhe pertence. Essa é a situação de quase todos os moradores da Vila Solidariedade, loteamento de quase 26 alqueires localizado em Mafra. Em 1983 Mafra teve umas das piores enchentes da história da cidade. Os moradores da Vila Argentina, próximos a ponte, foram realocados em uma região que mais tarde recebeu o nome de Vila Solidariedade em alusão a se solidarizar com as famílias que ficaram sem moradia. Até aí tudo bem, as famílias tiveram suas casas, porém até hoje quase 30 anos depois eles ainda não possuem uma escritura do imóvel.

Algumas famílias como a do senhor Ademir Pereira, morador do loteamento desde 1994, possuem somente um documento de compra e venda do terreno. “Não tem escritura, mas tem imposto pra pagar água e luz também”, conta o conhecido comerciante do bairro. Após a reportagem da GAZETA procurar as autoridades competentes e cobrar delas o descaso que já dura cerca de 30 anos, enfim nos prometeram que algumas casas da vila irão ser transferidas para o loteamento Ouro Verde, ao lado do Andaluzia, onde várias famílias já foram transferidas. Prometeram também que nesta segunda-feira (18/02) será feito o chamamento público para 230 unidades de moradias para as pessoas que residiam na Vila Solidariedade. Segundo outro morador que reside há mais de 40 anos na região e não quis publicar seu nome, a situação é precária. “Minha filha mora aqui, mas não tem documento nenhum da casa, qualquer hora podem nos mandar ir embora e ficar não sei como”. Ele também conta que algumas casas são trocadas por animais e objetos.

Conversamos com Teresinha Wisniewski secretária de habitação da gestão anterior e ela nos contou que vários projetos foram feitos durante sua gestão, inclusive com recursos do Ministério das Cidades. “Inclusive já tem uma área adquirida pela COHAB para relocação destas famílias. Agora no final de março, as máquinas vão trabalhar num novo loteamento com 143 casas que foi deixado prontinho”, explica Teresinha.  O atual secretário de habitação, Marco Antônio Colono, conta que eles têm vários planos para resolver a situação: “Temos um plano que está sendo seguido que é o da legalização fundiária, onde serão legalizados os terrenos que podem ser regularizados que não fazem parte daquela área de risco. Os moradores da Vila Argentina onde a situação é crítica, serão reconduzidos para uma área no Jardim América”, conta Marquinho Colono, dizendo ainda que esse projeto já foi para a licitação e que serão construídas 101 casas através da COHAB/Caixa. A empresa já está vindo para avaliar o terreno. Segundo o secretário depois que as pessoas desocuparem as áreas de risco da Vila Solidariedade, um projeto de urbanização será inserido na área.

A Gazeta espera também que o legislativo cobre e fiscalize esta situação, para que tais promessas não perdurem por mais 30 anos o sofrimento e angústia destas pessoas.