Atendendo a um pedido dos vereadores, o diretor da empresa Santa Clara esteve na Câmara de Rio Negro para falar sobre as recentes mudanças feitas em algumas linhas de ônibus que fazem o transporte coletivo no município.

Rodrigo Corleto iniciou sua fala mostrando gráficos que demonstram o crescimento populacional nos últimos dez anos, da mesma forma o crescimento da frota de veículos no município, que subiu para 139%. Fez um paralelo entre a facilidade para se adquirir um veículo, o envelhecimento da população e a natalidade, e por consequência um colapso na produtividade, principal indicador do transporte coletivo, que é medido entre passageiro transportado por quilometro e quilometragem rodada (IPK).

Rodrigo destacou que esta produtividade do transporte coletivo em Rio Negro caiu vertiginosamente, levando o déficit de passageiros.

Essa queda foi atribuída pela aquisição de transporte individual (carro), uma parcela que antes usava ônibus, e a gratuidade ou benefícios concedidos pela empresa, incluindo idosos, portadores de necessidades especiais e estudantes. Em Riomafra o índice chega a 17%, de cada 100 pessoas que andam de ônibus, 83 pagam passagem.

Falou também sobre as variáveis no valor das tarifas operadas, bem como o subsídio do governo. Fez um comparativo entre valores de passagens, em São Bento do Sul é R$ 3,00, Rionegrinho R$ 3,15 e Riomafra R$ 2,20.

Corleto falou que no ano de 2013 a empresa veio tendo prejuízos mês a mês na ordem de R$ 36 mil, e em razão disso procurou as Prefeituras dos dois municípios e apresentou estes números, porém segundo ele, nada aconteceu, nenhuma medida foi tomada.

A empresa ciente dos problemas, e diante da realidade, teve que se financiar, por isso as modificações em algumas linhas.

Rodrigo falou sobre a suspensão da linha Intervilas em Rio Negro e Interbairros em Mafra, e alterações em outras linhas. Apresentou números de saídas de Rio Negro para Mafra e vice versa, e ainda relatório de horários e linhas, tudo o que justifica as medidas tomadas.

Com relação às reclamações por superlotação, Rodrigo mostrou dados que comprovam que na data em que teve maior número de passageiros em determinada linha, foram 89 pessoas, sendo que segundo ele, os ônibus foram projetados para receber até 105 passageiros.

Ainda sobre a linha do Intervilas, foi destacado por Corleto que num dia em que foram transportados mais passageiros, o número foi de 23 pessoas. Ressaltou que as linhas do Fronteira e Roseira receberam um incremento.

Falando sobre a linha da Fazendinha, citada e cobrada pelo Legislativo rionegrense, Rodrigo disse que em reunião com o prefeito, soube que tem uma linha de outra empresa que vem da Lapa, passa pelo Centro de Rio Negro, e atende 2ªs, 4ªs, 6ªs, e nos sábados sai pela manhã da Lapa e vem até o meio dia.

O diretor da Santa Clara questionou se essa linha feita por outra empresa, alguém fiscaliza, se tem ou não contrato, quem regula, o motivo da passagem ser R$ 6, e ainda as condições dos ônibus e qualificação dos motoristas. Segundo Rodrigo Corleto a empresa que faz essa linha, quando sai da Lapa sobra um preço, quando entra em Rio Negro cobra R$ 6 e quando chega ao Centro baixa o valor novamente.

Corleto falou também sobre a empresa Jucetur, que vem operando as linhas que a Santa Clara deixou de operar em Mafra. Questionou novamente o motivo de não haver fiscalização e disse que esta empresa não possui endereço, que por sua vez não tem garagem, que não deve ter manutenção preventiva nos ônibus, contas para pagar, INSS para recolher e assim por diante.

Perguntou aos vereadores o motivo de só a Santa Clara ser cobrada, ter que dar explicações e ainda sempre ser taxada de “mal” para as cidades. “Esta empresa tem que parar de piratear, e aí são vocês que tem que tomar providências”, falou Corleto.

Citou ainda que no ano de 2012, um vereador mafrense, chamou-o de “Wittinho”, que fez um Projeto de Lei para baixar a gratuidade de 65 para 60 anos, isso fez com que essa diferença acabasse sendo refletida para os demais passageiros. “Podemos dar gratuidade para todo mundo, mas alguém vai ter que pagar a conta”.

Corleto cobrou a implementação do Consórcio Intermunicipal, já aprovado no Legislativo, mas que até agora não foi colocado em prática.

Disse que o foco da Santa Clara é fazer com que o sistema seja sustentável, tanto do ponto de vista econômico, quanto operacional e social.

“Os dois municípios que parem de dizer que a empresa está ilegal”, falou o diretor da Santa Clara, que lembrou que esta numa disputa judicial com o município de Mafra desde 2010, onde segundo ele, Mafra deve até uma indenização para a empresa, e tem que obedecer ao contrato. “Não seríamos loucos de investir o tanto que investimos aqui se não fosse legal”, frisou Corleto.

Cobranças feitas pelos vereadores

Após sua explanação, foi aberta a palavra aos vereadores, que questionaram o diretor da Santa Clara sobre valores, superlotação, entre outros.

Foi sugerido pelos parlamentares que a empresa faça uma pesquisa prévia com os usuários das linhas a serem cortadas, se eles preferem o corte ou um aumento da passagem. Rodrigo aceitou a sugestão e disse que poderá ser discutida, ressaltando que para tomar tais medidas, a empresa fez um amplo estudo, que começou e dezembro e foi aplicado apenas em maio, ou seja, com bastante tempo de análise.

Corleto também foi questionado pelos vereadores sobre o contrato de concessão com a Prefeitura de Rio Negro, respondeu que venceu em 2003 e foi prorrogado por mais 15 anos.

Os vereadores rionegrenses pediram equilíbrio, mas priorizando o bem estar do usuário, não só com relação às tarifas, mas também a condição dos ônibus.