Funcionários do Hospital Bom Jesus recebem. Médicos não

Publicado por Gazeta de Riomafra - 24/02/2013 - 10h11

Com o recebimento de antecipação de valores dos serviços prestados na Unidade Ambulatorial de Emergência à Prefeitura Municipal, no montante de R$ 90 mil, mais o dinheiro que tinha em caixa, a Administração do Hospital Bom Jesus de Rio Negro conseguiu, na última quarta-feira, fazer o depósito referente ao salário do mês de janeiro aos funcionários, que entrou na conta-corrente dos mesmos na quinta-feira. No entanto, não foram pagos os valores referentes ao vale alimentação dos trabalhadores, que soma R$ 17 mil (R$ 200 por servidor).

Os médicos, que normalmente recebiam no dia 25 de cada mês, ainda estão sem previsão de terem seus valores pagos, haja vista que o Hospital não possui recursos para tal. De acordo com o administrador Marlon Witt, aguarda-se o recebimento do repasse de R$ 40 mil da Secretaria de Estado da Saúde e, ainda, nova antecipação de valores deverá ser solicitada ao Executivo, para que se possa efetuar o pagamento destes profissionais, que chega à cifra de R$ 145 mil.

Sobre a folha de pagamento o Hospital Bom Jesus paga, ainda, R$ 10 mil de FGTS, R$ 12 mil de INSS, que descontados de R$ 135 mil, geram R$ 96 mil na folha de pagamento. “Nós já comunicamos os funcionários que o pagamento de fevereiro também irá atrasar e, igualmente, dependerá de antecipação de verbas por parte da Prefeituraâ€, cita o administrador.

O nosocômio sobrevive com a vinda de R$ 40 mil mensais do Estado, R$ 155 mil que a Prefeitura paga pelos serviços do PA, o valor de atendimentos do SUS, em torno de R$ 50 mil/mês (descontados aí R$ 19,6 mil relativo a pagamento de empréstimo para quitação de impostos, que se estende até o próximo ano); e mais os atendimentos particulares e de convênios, que nesse início de ano tem gerado de R$ 10 a R$ 12 mil. “Até o último ano conseguimos manter os pagamentos em dia, face uma transferência voluntária por parte da Prefeitura, na ordem de R$ 400 mil, destinados a compra de medicamentos, materiais e para a folha de pagamentoâ€, relata Marlon, ao afirmar que “o Hospital não tem condições de se manter sozinho e, no próximo mês, novamente teremos que solicitar adiantamento ao Executivoâ€.

Indagado sobre a possibilidade desses adiantamentos se tornarem uma “bola de neve†que em certo tempo não terá mais controle, Witt diz que junto com a diretoria, está procurando outros meios para custear o Hospital. “O Estado é responsável pela Saúde, esse é o nosso primeiro passo. Depois vamos pedir auxílio aos empresários e por fim à populaçãoâ€, diz o administrador, afirmando que reunião com a Associação Comercial e Industrial do Município já está agendada para o dia 28 de março, quando será repassada a situação do hospital aos empresários, solicitando a colaboração dos mesmos.

Nossa reportagem indagou se o presidente do hospital, pastor Ezequiel Ramos e o vice, pastor Adair Tourinho, não poderiam também encetar campanhas junto suas igrejas, no sentido de levantar recursos para auxiliar na manutenção daquela Casa de Saúde, obtendo como resposta de Marlon Witt, que primeiramente se buscará recursos nas três alternativas citadas, para então se buscar outros meios.

No dia da nossa entrevista o Hospital contava com 19 pessoas internadas, sendo um particular, 15 pacientes pelo SUS e três por convênios, dos quais uma paciente particular na Maternidade, uma cirurgia por convênio e o restante dos pacientes um por convênio e o restante pelo SUS.

Dívidas com fornecedores, estão todas sendo mantidas em dia, relata o administrador.

Maternidade

Marlon Witt foi indagado sobre comentários que circulam pela cidade, sobre o provável fechamento da Maternidade, que fica junto ao Hospital. Ele nos respondeu que há necessidade de reestruturar o telhado da mesma e que a Prefeitura cedeu dois engenheiros que fizeram o levantamento das obras necessárias, cujo laudo deverá ser apresentado nos próximos dias. “A Administração e a Diretoria perceberam o risco e, se for necessário, a Maternidade será fechadaâ€.

Lembrado que com o fechamento da Maternidade, os R$ 40 mil recebidos da Secretaria de Estado da Saúde mensalmente, seriam perdidos, o administrador reforçou a necessidade da reforma para a garantia de condições físicas para o trabalho sem risco dos servidores e também segurança aos pacientes.

Não descartou, porém, enquanto da reforma da Maternidade, transferir os serviços da mesma para outra ala do Hospital, o que deve passar pela aprovação dos próprios médicos que atuam no setor.

Necrotério

Com relação ao necrotério – que recentemente teve sua localização alterada para uma sala interna do Hospital, Marcos Witt preferiu se conter nos comentários, dizendo apenas que o mesmo servirá tão somente para uso exclusivo em casos de mortes de pacientes do Hospital e da UAE. “Recentemente emprestamos o necrotério para terceiros, mas tivemos problemas, então agora é só de uso do Hospitalâ€, enfatizou.

Reclamações/denúncias

Pelo menos cinco casos já chamaram a atenção da mídia no corrente ano. O primeiro foi sobre uma criança que nasceu em dezembro e teve detectada a doença genética ICTIOSE, que necessita de cuidados especiais e teria sofrido queimaduras quando após ter um líquido em seu corpo foi colocada na incubadora.

De acordo com a ouvidora do Hospital Bom Jesus, Êdina Tymus, a mãe da menina chegou a registrar queixa para ela, sobre o atendimento do médico (cujo nome não nos foi repassado) e sobre a própria equipe de profissionais do Hospital. “A mãe alega que o líquido passado na menina é que teria piorado seu quadro, mas confirmou que sua outra filha sofre do mesmo problema, só que em menor proporçãoâ€, relatou.

A menina foi encaminhada para o Hospital Pequeno Príncipe e depois retornou ao Hospital Bom Jesus, apresentando quadro inclusive de fome e desidratação e a família contou que, ao invés de um único banho diário conforme recomendado, chegava a dar até quatro banhos na criança.

O caso está sendo investigado por uma equipe de Curitiba e pela Secretaria Municipal de Saúde, para que seja elucidado o que aconteceu com a criança.

Outro fato foi de um recém-nascido com má formação. Como o Hospital não tem aparelhagem ou estrutura para tratar destes casos, buscou-se a transferência da criança, que foi encaminhada para a Maternidade de Porto União.

Caso de uma criança que chegou com febre no Hospital e não teve detectada a Meningite, também é alvo de reclamação. Ela foi atendida posteriormente por outro médico que então descobriu a doença e encaminhou para o tratamento correto. Marlon e Êdina dizem que não tomaram conhecimento de nenhum caso de meningite em Rio Negro, mas sim de dois no Hospital de Mafra.

A situação de uma mãe que passou por cesárea e ficou sem os procedimentos necessários, ou seja, com a “barriga aberta†do período da manhã até a tarde, é outro caso a ser investigado pelo Hospital Bom Jesus. Witt e Êdina disseram não ter conhecimento do caso e acreditam na impossibilidade de o mesmo ter acontecido.

Finalmente, denúncias de que um pastor está internado há mais de trinta dias, pelo SUS, mas em apartamento reservado para internações particulares ou de convênio e de que o Hospital já teria pago, de seu próprio caixa, mais de R$ 03 mil em exames, foi contestada pelo administrador Marlon Witt. De acordo com ele, o pastor sofreu um AVC seguido de infarto, tendo como uma das sequelas inflamação nos músculos. “Os exames que tiveram que ser realizados em Curitiba, foram subsidiados pela própria família do pastor Luiz Carlos, na ordem de R$ 02 milâ€, disse.

Ainda com relação a exames, Witt diz ser uma prática comum, “eles são pagos pelo Hospital e reembolsados pelo SUSâ€, afirma o administrador, ao dizer também que, quando o Sistema Único de Saúde não custeia a totalidade do exame, é conversado com a família para que esta pague a diferença, “como poderá acontecer no caso do pastorâ€.

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7 comentários publicados
  1. Emerson

    Primeiro pergunto se esse gestor tem uma proposta orçamentaria.

    Não tem desculpa deixar o salarios desses servidores atrasar !

    Aquele GMG depositado no patio vai demorar muito para ser instalado , estamos falando em salvar vidas não em beneficio propio.

    Pela matematica do usuário a cima 17000/200=85 exatamente isso conferi ou temos fantasma ai tambem.

    Claro que o salário do gestor está em dia !

    Companheiro o municipio e tem que ter recurso para manter esse hospital em perfeito estado , temos um medico agora na presidencia da camara , se não me engano sua esposa e secretária da saude à ela tem uma grande bagagem na saudeeeeeeeeeeeee seraaaaaaaaaaaaa.

    Em sua entrevista ao Click ele disse não ter poder de mando como se o municipio repassa a verba para o BJ.

    • Analista

      Em Mafra pedem doações pro hospital mas sei que o salário de diretores passa dos R$ 10.000,00 por mês…

  2. Rafa

    Gostaria que o jornal apurasse alguns aspectos:

    Existe salários para os diretores do Hospital?

    Se existe, qual o valor? Seria possível publicar uma planílha com os custos do hospital? Fica complicado querer ajudar se no fim da história aparecer um pastor ganhando 10 conto por mês. Aí não seria justo.

    Por outro lado, se de fato não houver remuneração dos diretores, acho justo o socorro ao hospital

  3. Tolerancia zero

    Fiz as contas por cima, e cheguei a conclusão de que o hospital tem 85 funcionários (17mil divididos por 200)

    Percebi que, ao que parece pela reportagem, até o ano passado a prefeitura pagava 155mil por mes pelo atendimento no PA, mais 400mil por ano (usando uma desculpa qualquer) e que agora, ao que parece, esse valor não será mais repassado.

    Fico me perguntando, se o Exmo. Prefeito, até ano passado Exmo. Vereador que era, não sabia dos repasses (não entendo um vereador não ter conhecimento dos atos do executivo) e portanto, considera-os errados e suspendeu o pagamento, ou se sabia dos fatos (mas não exerceu seu papel de fiscal do povo) e foi conivente com a situação, sendo então corresponsável juntamente com os demais vereadores, de algum ato lesivo aos munícipes, ou então, caso o pagamento seja totalmente aceitável, legal e tudo o mais, suspendeu-o a partir deste ano apenas de PNC pra ver o circo pegando fogo?
    Como que fica?

  4. Antônio Pedro

    E o salário do administrador, está em dia ? Aliás, qual o salário do administrador ? Sei que em Mafra tem administrador ganhando mais de R$ 16.000,00 por mês…

  5. marcia luiza

    Deus do céu!!!!! Achei que tinha melhorado o atendimento desse hospital!!! Há 10 anos atrás meu pai teve um AVC e foi levado a este hospital e acabou ficando das 11:00 horas da manhã até as 17:30 sem atendimento no pronto socorro, graças a Deus um médico conhecido dele chegou ali acompanhando um paciente e solicitou uma ambulância pra Mafra e o hospital de Mafra atendeu prontamente levando meu pai para o Hospital São Vicente de Paula pois em Rio Negro ele ia morrer e ninguém ia fazer nada.!!!!!!! Pra este hospital de Rio Negro não dou nem uma batata podre pra sopa!!!!!! Colaboro com o de Mafra de bom coração porque Rio Negro é uma vergonha o atendimento.

    • Rafa

      Parabéns! Colabore assim, mas lembre-se, se vc for moradora de Rio Negro, e não tiver a sorte de aparecer um médico conhecido na hora do pega pra capar, vc vai ficar esperando sem atendimento.

      Acredito que é hora da população rionegrense se unir para reestruturar o Hospital Bom Jesus, e se organizar para integrar a direção do hospital, com a finalidade de evitar que as coisas fiquem dessa forma.

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