Mulher de 38 anos morre dentro do PA após o filho passar por cirurgia no hospital em Mafra

Publicado por Gazeta de Riomafra - 08/08/2015 - 17h50

Carmen Lúcia Herzer de 38 anos faleceu de infarto fulminante no Hospital São Vicente de Paulo em Mafra, noite da última terça-feira (04), segundo dados do atestado de óbito.

Segundo familiares relataram a nossa reportagem, Carmen havia levado o filho mais novo de 10 anos para realizar uma cirurgia de apêndice, pois há dois dias reclamava de dores abdominais e após realizar exames, foi constatado que era preciso operar. Carmen havia passado pelo mesmo procedimento no final de fevereiro deste ano, a cirurgia havia sido complicada e a recuperação levou três meses.

A cirurgia do filho ocorrida às 16h da terça-feira foi um sucesso, segundo relata a sua irmã, mas ao voltar para o quarto, o garoto teve alguns momentos de delírio devido à anestesia. Nesse período, Carmen começou a passar mal, reclamar de dores nas costas e no peito, tirou a blusa e sentou em um sofá da ala infantil. Duas enfermeiras que estavam no local e presenciaram o fato teriam alegado a irmã de Carmen, que não poderiam fazer nada naquela ala, nem mesmo aferir a pressão que Teresa havia pedido, pois “o procedimento não poderia ser feitoâ€. Após a negativa das funcionárias, Teresa colocou a irmã em uma cadeira de rodas e a levou ao pronto atendimento, tendo que descer um longo caminho, cerca de quatro rampas até chegar ao PA. No local as irmãs foram abordadas por uma enfermeira que com o celular na mão apenas mandou que fossem para a sala de espera, pois não poderiam ficar ali, houve uma discussão pela demora ao atendimento sendo realizado a triagem, onde Carmen teria ficado ainda um bom tempo na sala de espera para começar o atendimento.

Após esperar, a pressão e pulsação foram aferidas, porém nada foi dito quanto ao resultado. Carmen foi levada para o quarto e segundo a médica que atestou o óbito, um remédio calmante foi dado, pois Carmen passava por uma crise de nervos e sua pressão estava normal. Teresa reclama que nos trinta minutos em que ficou com a irmã nenhum dos dois médicos presentes no PA apareceu no quarto, segundo ela, as mãos da irmã haviam ficado “tortas†após sentir as dores.  Segundo familiares, uma enfermeira foi ver o estado de Carmen e apenas disse que ela “precisava melhorar e se acalmar, porque isso é só dos nervosâ€, e que depois ela precisaria cuidar do filho operado. A irmã foi retirada do quarto, pois Carmen não precisava de acompanhamento familiar por conta de sua idade.

Segundo o marido de Carmen, ele chegou ao local e não foi autorizado a ver a esposa, teve que esperar, pois ela estava em observação e era preciso aguardar. Após dez minutos de espera, as enfermeiras informaram ao marido que Carmen estava com dois médicos na área de emergência e pediram para esperar novamente. Às 19h50min foi atestada a morte de Carmen por infarto agudo do miocárdio, tabagismo e ansiedade.

“Isso não existe. Mãe entra para deixar o filho fazer cirurgia e sai em óbitoâ€, desabafa. Carmen deixou três filhos, um de 19 anos, outro de 12 e o de 10 anos, o qual havia sido operado no mesmo dia da morte da mãe. O filho mais novo foi amamentado até os quatro anos de idade e tinha uma ligação muito forte com a mãe, relatam os familiares.

Morte precoce causou estranheza na família e amigos

A morte repentina da mulher de 38 anos causou estranheza na família e amigos, que no enterro não acreditavam que a causa da morte seria por infarto. Casados há cinco anos, o marido conta que sua mulher tinha pressão baixa e, apesar de ter fumado a vida inteira, nos últimos três meses estava fazendo tratamento para parar de fumar.

Em conversa entre familiares com a médica na manhã de segunda-feira (11), foi dito ao marido que para tentar salvar a vida de Carmen os médicos passaram do protocolo, pois são de trinta a quarenta minutos para reanimar a pessoa e segundo a responsável pelo atestado de óbito, foram cinquenta minutos na tentativa de salvar Carmen, mas em nenhum momento ela deu sinais de que reagiria. “A médica disse que foi dado o choque com o desfibrilador e feita massagem cardíaca. Ela foi medicada e a pressão estava boa, mas quando foram ver já estava com sintomas de infartoâ€. A doutora explicou ainda que existem vários tipos de infarto e que, apesar de Carmen ter feito eletrocardiograma recentemente, o exame é muito simples e não poderia ter mostrado um possível problema no coração da vítima. Segundo a doutora, as chances dela ter um problema não diagnosticado era grande, pois existem vários exames que podem atestar problema no coração, apenas uma eletrocardiograma não mostraria.

A irmã acredita que Carmen passou mal por ter feito a mesma cirurgia e sofrido muito com a recuperação na época, o desabafo sobre a morte repentina da irmã não vai trazê-la de volta, mas que sirva de alerta. “É uma dor muito grande. Só não quero que isso aconteça com outras pessoas. Não sabemos se ela poderia estar aqui, o revoltante é saber que poderiam ter feito com mais agilidade e muito mais por elaâ€, finaliza.

Hospital acredita que óbito foi normal

A morte de Carmen Lúcia Herzer parece não ter criado grandes alardes dentro do Hospital São Vicente de Paulo. Em entrevista a nossa reportagem, o diretor da instituição, Dário Clair Staczuk, comentou que a princípio tudo foi dentro da normalidade e que não havia recebido nenhuma reclamação até o momento dos familiares, sendo que não poderia se manifestar sobre o assunto sem saber o teor da história. Dário disse que estava sabendo do caso neste momento através da nossa reportagem. “Aguardo a família para analisar os fatos junto a toda a equipe para ver o que realmente aconteceuâ€, argumenta. Segundo o diretor, existe uma comissão de óbitos que se reúne mensalmente para expor os casos. Sobre a suposta demora no atendimento por parte das enfermeiras e dos médicos, Dário explica que os atendimentos são feitos “o mais rápido possível†após informações da gravidade do caso. O diretor afirma que se a família fizer uma reclamação oficial vai propor soluções, caso tenha havido alguma falha por parte do hospital e que a instituição nunca esteve tão bem aparelhada para atender as pessoas, além de ressaltar que diariamente são disponibilizados dois médicos no Ponto Atendimento. “A informação nos surpreendeâ€, conclui.

Secretaria de Saúde não se pronunciou

A reportagem tentou durante toda a terça-feira contato com a secretária de Saúde, Jaqueline de Fátima Previatti Veiga, na tentativa de ouvir a versão dos fatos da parte do PA, porém a secretária explicou que estava em reunião durante grande parte do dia com o Conselho de Saúde do município. Jaqueline alegou que no momento da entrevista não tinha acesso ao prontuário médico para fornecer as informações da morte de Carmen Lúcia Herzer e que não estava no Pronto Atendimento naquele instante, porém se prontificou a conceder entrevista posteriormente e pessoalmente, pois acredita que o assunto deve ser discutido pessoalmente por tratar-se de um óbito. A reportagem da Gazeta se prontificou então, a ouvir sua versão dos fatos no decorrer da semana.

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8 comentários publicados
  1. Anderson

    Esses tempos atraz a minha esposa chegou a desmaiar aguardando atendimento e ai Médico revê a cara de pau de dizer que se eu fosse particular iria demorar o mesmo tempo para ser atendida. Se eu tivesse dinheiro na quela hora eu teria esfregando na cara dele!!!!

  2. Marcos

    Vergonha para Mafra, mesmo o hospital sendo bem aparelhado, como disse seu diretor o que ele deve buscar é saber se tem material humano adequado, pois como pode uma enfermeira, se o for, pois a maioria é auxiliar, só de olhar para alguém dar um diagnóstico? Além de tudo são videntes? Preguiça? Falta de compromisso com a vida humana? Despreparo? Falta de profissionalismo? Parece que tudo junto.

  3. Marli

    Dias atrás conversei pessoalmente com jacqueline Secretaria da Saúde de uma fato semelhante. meu marido estava acompanhando nossa filha e la dentro do PA ele desmaio caindo no chão batendo a cabeça e nem sequer teve ajuda para levantar do chão e nem raio x foi feito. Tivemos que leva-lo por conta própria para fazer uma tomografia pois graças a Deus foi só hematomas esternos poderia ter sido grave devido a gravidade do tombo. Pedi para ela fazer reunião para que não se repetisse mais tal episódio com outras pessoas, pelo jeito continua assim ainda???????????????????? até quando??????

  4. mafrense

    Que horror :O
    conhecia ela e o filho, mas não imaginava que poderia chegar aonde chegou.
    Aparentava estar bem até 2 ou 3 semanas atrás quando a vi pela última vez.
    Chocante.

  5. Julio

    Isso a 5 anos aconteceu em minha família. Minha mãe entrou infantada as 18:00 e somente as 23:00 foi diagnosticada. Infelizmente ou é virose ou precisa se acalmar. Muito triste.

  6. Carlos

    Será que o atual Prefeito irá tomar medidas cabiveis quanto a isso, ou continuará em seu castelo de conforto? E os vereadores qual a posição? Isso não cabe cassação, já que é o vocês sabem fazer.
    E o vice prefeito, o mesmo do nepotismo e saco preto, não é médico? Fale você quanto a isso, pois o prefeito terá que pedir autorização para os vereadores para falar.

  7. Indignado

    Queria que o fato ocorresse com alguém da família do “diretor”, quem sabe ele tb acharia tudo dentro da “normalidade”. … Deveria pedir demissão, se tivesse um pouco de humanidade!

  8. camila

    Mas é claro que a família deve oficializar a reclamação.

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