Neurocientista apresenta métodos de alfabetização letra por letra

Publicado por Gazeta de Riomafra - 15/07/2012 - 19h13

Estudos indicam que o método fônico é o mais eficiente e que qualquer criança pode ser alfabetizada em português em menos de um ano. Estas foram algumas das principais conclusões apresentadas pelo neurocientista francês Stanislas Dehaene nesta sexta-feira, 13, em seminário na Secretaria Estadual de Educação de Santa Catarina (SED) nesta sexta-feira, 13. O evento, promovido pela parceria da SED com o Instituto Alfa e Beto (IAB) foi teletransmitido ao vivo para as 36 Gerências Regionais de Educação do Estado e acompanhado por mais de 2 mil diretores, supervisores e outros educadores da rede estadual.

“Embora desagrade a muitos, não se aprende a ler de cem maneiras diferentes. Cada criança é única, mas, quando se trata de alfabetização, todas têm basicamente o mesmo cérebro que impõe a mesma sequência de aprendizagem. Quanto mais respeitarmos sua lógica, mais rápida e eficaz será a alfabetização”, garantiu o neurocientista.

Dehaene frisa que é essencial ensinar explicitamente às crianças a relação entre fonemas (sons) e grafemas (letras) porque é dessa forma que elas ativam os circuitos decisivos para ler, ganhando velocidade e autonomia para lerem palavras novas, de forma muito mais rápida. “Meus filhos fizeram na escola muitos exercícios de observar a forma global das palavras, mas as imagens do cérebro mostram que isso não ativa os circuitos que importam para a leitura”, acrescentou.

Ele garantiu que a ineficácia do método global ou construtivista está provada não só em laboratório, mas em centenas de experimentos realizados em inúmeros países e que esses conhecimentos científicos vêm reorientando as políticas públicas de vários governos. Dehaene admite que o construtivismo e o método global nasceram da ideia generosa de evitar o adestramento acrítico de fazer as crianças repetirem sílabas sem sentido, da preocupação com fazê-las prestar atenção no significado.

“O problema é que o cérebro precisa decodificar para ler, só consegue prestar atenção no significado quando a leitura ganha certa velocidade e que conseguimos isso muito mais rápido com o método fônico”. Dehaebe conta que, na França, testes que compararam crianças de mesmo nível socioeconômico no final da escolarização mostraram que os alunos que haviam sido alfabetizados pelo método global não só liam mais lentamente, como tinham mais dificuldade para compreender textos do que os que haviam aprendido pelo método grafo-fonológico.

Segundo o cientista, com a metodologia adequada, em português, uma criança leva poucos meses, no máximo um ano, para aprender a ler e escrever. No Brasil, como na maioria dos países, a alfabetização tem início aos seis anos, mas, a despeito das evidências científicas, o Ministério da Educação admite que se estenda até os oito, de acordo com portaria publicada no último dia 5.

De acordo com o secretário de Estado da Educação, Eduardo Deschamps, Santa Catarina vai trabalhar forte para que a alfabetização ocorra aos seis anos, diferente do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) do MEC, que firma o compromisso de alfabetizar as crianças até no máximo aos oito anos de idade. “Na reunião realizada pelo Consed, nesta semana, Santa Catarina foi destaque com a ideia de reduzir a idade máxima de alfabetização de nossas crianças. Temos um longo caminho a percorrer, mas temos a certeza que estamos dando um importante passo para a educação catarinense”, conclui Deschamps.

O cientista aproveitou para apontar as implicações destas descobertas para a prática em sala de aula. “A escola precisa ser organizada para a aprendizagem. Um ambiente atrativo facilita o processo da leitura. O docente tem que observar em que nível de progressão a criança se encontra e uma avaliação permanente, por parte do professor e a autoavaliação do aluno” finaliza.

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