Rock e Sociedade.

Publicado por Cris Fagundes - 21/03/2012 - 15h55

Primeiramente uma boa tarde a todos, sou Cris Fagundes um amante do rock/metal e todas as suas vertentes, e estarei aqui nesse espaço, falando sobre esses temas para vocês, bem como a música (Rock) reflete diretamente na sociedade e vice-versa, a linha tênue que os separa e conduz.

Vocês já pararam  para perceber, como a música (o rock em especial e suas vertentes), estão diretamente ligados ao panorama social que vivemos ao longo dos anos??.
Aos olhos mais atentos talvez possa se perceber essa linha tênue que liga rock (música) e sociedade, um reflete diretamente no outro.
Para isso vamos a uma breve análise:
Antes de falarmos de rock, é preciso falar do nascimento do blues, resultado da fusão da música negra e européia.

Nesse período os EUA viviam um regime de segregação racial, e os negros encontravam no blues, uma forma de se expressar, refletindo diretamente como era a sociedade naquela época.

O “rhythm and blues” é a vertente negra do Rock, reprimidos pela sociedade ‘wasp (white, anglo-saxon and protestant)’, a mão-de-obra negra, desde os tempos da escravidão, se refugiava na música (os blues) e na dança para dar vazão, pelo corpo, ao protesto que as vias convencionais não permitiam.

Caracterizado como uma versão mais agressiva do blues, o rhythm and blues se formou a partir da necessidade dos cantores em se fazer ouvir nos bares em que tocavam, já que os sons dos instrumentos elétricos exigiam um canto mais gritado. Ainda assim, para a consolidação da primeira forma do rock – o rock’n’roll – houve também a fusão com a música branca, a chamada country and western (música rural dos EUA).

Chacon (1985) compara esse gênero ao blues, na medida em que representava o sofrimento dos pequenos camponeses, o lamento. Os principais atingidos pela revolução sonora do rock’n’roll foram os jovens, inicialmente nos Estados Unidos e depois no mundo todo. Nos primeiros anos da década de 1950, estes jovens se encontravam em meio a disputas entre o capitalismo e o comunismo (a guerra da Coréia em 1950) e a uma valorização do consumismo, da modernização, fruto do progresso científico gerado no pós-guerra.
Nessa época, a tradicional sociedade norte-americana passou a ser contestada pelos jovens, os quais foram rotulados de rebeldes sem causa. Os filmes de Hollywood representavam a alienação jovem; o personagem de James Dean, no filme Juventude Transviada (1955), representava o comportamento adotado pela juventude: recusar o mundo sem no entanto chegar a uma visão crítica da realidade, divididos entre amor/pacifismo e violência/autodestruição.
No entanto, mais do que o cinema, a música se firmou como o canalizador das idéias contestatórias dos jovens, frente à insatisfação com o sistema cultural, educacional e político. E o rock’n’roll era o ritmo que ditaria esse comportamento.
A vibração negra, sua voz grave e rouca, sua sexualidade transparente e seu som pesado agora alimentado pela guitarra elétrica, tudo isso parecia bem mais atrativo a milhões de jovens, inicialmente americanos mas logo por todo o mundo, que pareciam procurar seu próprio estilo de vida.

O rock’n’roll, afinal, surgiu na América como um movimento da CONTRACULTURA, visto que suas primeiras manifestações eram contrárias aos valores até então veiculados

Vamos deixar uma coisa bem clara: Elvis  não inventou o rock. Antes dele, gente como Chuck Berry e Bill Halley já tocavam rock. Desde o fim dos anos 40, “rock’n’roll” era usado em letras de música como sinônimo de “dançar” ou “fazer amor”. Em 1952, o radialista Alan Freed – que depois viria a reivindicar a criação do termo – batizou seu programa de Moondog’s Rock and Roll Party.

No entanto um dos artistas mais importantes dos primeiros anos do rock’n’roll foi Elvis Presley. Como explica Chacon (1985), “só um símbolo sexual, devidamente municiado pelos melhores autores e ‘cantando e suando como um negro’ poderia transformar aquele modismo numa verdadeira revolução”. A sensualidade presente na voz rouca e na sua maneira de dançar, que transformaram Elvis numa superestrela do rock, tornou-o um exemplo clássico da influência negra sobre a sociedade branca norte-americana.

Como percebemos a história do rock, não poderia começar de outra maneira, com um grito, literalmente,  o grito dos negros, dos excluídos, e marginalizados.

O fato é que nenhuma outra música esteve tão sintonizada com a realidade de seu tempo quanto o rock. Desde os anos 50, ele passou a ser um espelho da sociedade, refletindo a moda, o comportamento e as atitudes dos jovens.

Depois passamos pelo movimento Hippie (Wood Stock),  o surgimento do movimento punk, no Brasil, nos anos 80, surgiram bandas que tinham em suas letras um teor ácido,  questionador, irônico e de muita revolta, contra a ditadura e o panorama social, bandas como, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Aborto Elétrico, Plebe Rude, dentre muitas outras, enquanto nos EUA despontava no final dos anos 80 o grunge, com Nirvana, as letras normalmente traziam muita angústia, sarcasmo, alienação social, desejo de liberdade.

Talvez, o grunge (para muitos), tenha sido o ultimo estilo que possa ser taxado de Rock, que seja digno de entrar para a história do mesmo.

Fica registrado um texto do jornalista Marcos Guinoza, propicio para esse primeiro post, que retrata bem nosso momento atual, de sociedade e rock.

“Em janeiro de 1993, durante apresentação no finado Hollywood Rock, Kurt Cobain, o vocalista do Nirvana, cuspiu na câmera da TV Globo, que transmitia o festival, e simulou se masturbar no palco. Um ano depois, em abril de 1994, o músico se suicidou com um balaço de espingarda na cabeça. Acabava ali o Nirvana e morria o último representante legítimo do rock.
Legítimo porque Cobain simbolizava o que havia de mais instigante e perturbador no rock: atitude, excesso, fragilidade, poesia, raiva, insatisfação, honestidade artística, doideira. Depois dele, quem mais se arrebentou até sangrar?

A rebeldia caducou. E todo “delito de opinião” ou comportamento fora dos padrões estabelecidos é encarado como ofensa, atraso mental, sem-sem-vergonhice. Antigamente, os pirados eram admirados e queridos. Agora quem manda são os “bonzinhos” sem opinião sobre coisa alguma.

Rola muito esse falso moralismo no mundo da música. E ninguém conseguiu ser tão verdadeiro quanto o Kurt. Admiro-o por isso. Ele podia ser extremamente problemático, mas era sincero, pelo menos. Fazia os shows drogado, caía no chão, xingava e chutava quem enchia o saco.

Se você faz isso hoje, vai pro jornal como uma pessoa violenta e mal educada. Não que isso não seja verdade, mas ter atitude é muito mais do que doar alguns milhões de dólares pra uma ONG e ser elogiado por boas ações.”

A melhor boa ação que um músico poderia fazer era trazer significado pra alguém, com suas letras, melodias, seus ideais, princípios e valores Poucos conseguem e são esses que valem a pena!!!

Como já dizia meu avô, “Toda boa ação quando é feita em beneficio próprio, ou para se autopromover, perde seu valor”.

Uma boa tarde a todos e até a próxima.

Como já dizia meu avô, "Toda boa ação quando é utilizada em beneficio próprio ou para se autopromover, perde seu valor".

Brian Johnson (Vocalista do AC/DC)

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01 comentário publicado
  1. iTo

    Muito legal Cris! que bom que temos pessoas como vc, que entende de música e sabe escrever muito bem a respeito!!! (além de ser um ótimo cantor é claro!) Hj em dia os jovens escutam qlquer “coisa” que toca nas rádios e afins e já acham que é música de verdade!

    P.S: Sempre que eu puder estarei por aqui lendo seus textos! Abraços.

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