A expressão Invasão Britânica ( Brithsh Invasion) associado ao surpreendente e estrondoso sucesso de bandas britânicas, encabeçadas pelos Beatles, nos EUA entre os anos de 1964 e 1966 costuma ser também utilizado para as sucessivas ondas posteriores de bandas de origem britânica que conseguiram transcender as fronteiras da Grã-Bretanha e conquistar amplamente o público americano. Se ainda nos anos 60 bandas como Rolling Stones, The Who, The Animals, The Kinks, The Dave Clark Five, Gerry & The Pacemakers beneficiaram-se do impacto da “invasão clássica†e da Beatlemania.
Nos anos 70 assistimos uma onda de invasão de grandes proporções comportamentais e culturais assolarem o território americano.
Se por um lado tÃnhamos o hard rock e heavy metal inovador do Led Zeppelin e Black sabbath, do outro tinhamos o verdadeiro furacão punk dos Sex Pistols e The Clash.
Isso para não falar da reminiscência psicodélica personificada pelo estilo único do Pink Floyd e pelo pós punk de bandas como Siouxsie & the Banshees e Joy Division.
Nos anos 80 seria a vez da new have através da explosão de bandas como The Police, Soft Cell, The Pretenders, The Wham ou os alternativos The Smiths, The Stone Roses, The Cure e Echo & the Bunnymen, aos quais se contrapunham em termos estilÃsticos bandas como Iron Maidem, Def Leppard, Saxon e Motörhead.
Chegando finalmente aos anos 90, somos surpreendidos pelo Britpop representado por bandas como Oasis, Blur e Radiohead. Por sua vez contrapostos ao cumulo da pop music das Spice Girls.
Bom, ficando nos anos 90, mas sem querer desmerecer bandas como o Coldplay, Amy Winehouse, Arctic Monkeys, Lily Allen ou Klaxons, cabe observar que ao longo dessas “invasões britânicasâ€, através de estilos e contextos diversos podemos vislumbrar uma musicalidade ou sensibilidade peculiar dos músicos britânicos que a diferencia significativamente do rock americano. Tal especificidade cultural, mesmo que não muito bem definida, é reveladora de algo que, no alem da lógica da industria fonográfica, podemos explicar pelos traços peculiares da própria cultura britânica e seu caráter ao mesmo tempo insular e cosmopolita. Universalista por excelência em decorrência da herança imperialista, o rock em solo britânico pressupôs sincretismos culturais diversos e únicos como, por exemplo, com a musica indiana, através dos Beatles e do The Who nos anos 60, com a musica folk através do Led Zeppelin ou um misto de folk e erudito como no caso do Deep Purble em seu álbum singular The Book of Taliesyn (1968). Evidentemente existem outros exemplos.
- “AS INVASÕES”
De fato, em janeiro de 1964, com o sucesso dos Beatles nos Estados Unidos, teria inicio em solo americano uma verdadeira invasão britânica que definiria a atmosfera de toda uma época, configurando significativamente o imaginário juvenil nas décadas seguintes.
O sucesso dos Beatles abriu as portas do novo mundo a artistas como Billy J. Kramer e The Dakotas, Gerry e The Pacemakes, The Searches, etc.
Havia ainda uma segunda vertente inspirada mais diretamente pelo blues e a música negra americana, sendo representada por bandas como o Rolling Stones, The Animais, The Yardbirds, etc.
Por volta de 1967, surgiria ainda uma terceira vertente através de bandas como o The Who, Spencer Davis Group, Pink Froyd e Cream.
Nos anos 70 a criatividade e originalidade do British Rock sustentar-se-ia com a originalidade impactante de bandas como Led Zepellin, Black Sabbath, Iron Maidem, etc.
Para não falar do surpreendente e explosivo niilismo agressivo do Punk que redefiniria para sempre a linguagem do rock através da simplicidade selvagem da musica de três acordes e seu anti esteticismo, de bandas como Sex Pistols e The Clash.
O que me faz lembrar aqui muito sucintamente esta fascinante aventura musical é uma interrogação elementar:
O que define a moderna musicalidade britânica e seu inquestionável poder de encantamento e criatividade? O que perpassa todas as bandas aqui citadas a ponto de enlaça-las sob um mesmo rótulo?
Absolutamente nada a não ser sua origem comum… Mas cada uma delas é por demais singular em suas apropriações e reinvenções deste “estranho” estilo chamado rock and roll.
Muitas, como os Beatles, Rollling Stones, Black Sabbath e Led Zeppelin, converteram-se em sÃmbolos vivos de novas formas de sentir e perceber o mundo despertadas pelo encantamento da música, personificaram a vitalidade e primitivismo dourado do prazer da vida em seus gostos, cores e energias mais radicais.
Coisa que tornou-se possÃvel, diga-se de passagem, justamente pela singularidade e originalidade da identidade musical de cada uma delas, tanto quanto pelas personalidades marcantes de alguns de seus integrantes facilmente mitificados pelo público que os consagra.
Seja por que razão, foi justamente o British Rock a mais perfeita definição desta evasão, desta busca de Ãcaro que por muitos caminhos perpetua-se e renova-se até os dias de hoje no peculiar sincretismo e pluralidade de estilos, ritmos e experimentações que definem a musicalidade britânica e o prazer descontraÃdo de inabalável vocação libertária que caracteriza esse exótico e tão peculiar estilo musical originário do novo mundo…
O panorama atual da musica no Reino Unido, dada a massiva presença de imigrantes, é ainda mais rico em ritmos, tons e diferentes estilos até a fusão máxima e desconcertante de tudo. Certamente, podemos esperar ainda por muitas invasões britânicas…
Uma ótima tarde a todos e até a próxima.
Massa cara, tomara q as tuas colunas continuem rolando por um longo tempo! Rock forever! Flw